sexta-feira, 31 de julho de 2015

SANTO INÁCIO DE LOYOLA.


Santo Inácio de Loyola
1491-1566
Fundou a ordem
da Companhia de Jesus
"Padres Jesuítas"

Iñigo Lopez de Loyola — este era o seu nome de batismo — nasceu numa família cristã, nobre e muito rica, na cidade de Azpeitia, da província basca de Guipuzcoa, Espanha, em 1491. Mais novo de 13 filhos, foi educado, com todos os cuidados para tornar-se um perfeito fidalgo. Cresceu apreciando os luxos da corte, praticando esportes, principalmente os equestres, seus preferidos.

Em 1506, a família Lopez de Loyola estava a serviço de João Velásquez de Cuellar, tesoureiro do reino de Castela, do qual era aparentada. No ano seguinte, Iñigo tornou-se pagem e cortesão no castelo desse senhor. Lá, aprimorou sua cultura, fez-se um exímio cavaleiro e tomou gosto pelas aventuras militares. Era um homem que valorizava mais o orgulho do que a luxúria.

Dez anos depois, em 1517, optou pela carreira militar. Por isso foi prestar serviços a um outro parente, não menos importante, o duque de Najera e vice-rei de Navarra, o qual defendeu em várias batalhas, militares e diplomáticas.

Mas, em 20 de maio de 1521, uma bala de canhão mudou sua vida. Ferido por ela na tíbia da perna esquerda, durante a defesa da cidade de Pamplona, ficou um longo tempo em convalescença. Neste período, talvez por acaso, trocou a leitura dos romances de infantaria e guerra por livros sobre a vida dos santos e a Paixão de Cristo. E assim foi tocado pela graça. Incentivado por uma de suas irmãs, que dele cuidava, não voltou mais aos livros que antes adorava, passando a ler somente livros religiosos. Já curado, trocou a vida de militar pela dedicação a Deus. Foi, então, à capela do santuário de Nossa Senhora de Montserrat, pendurou sua espada no altar e deu as costas ao mundo da corte e das pompas.

Durante um ano, entre 1522 e 1523, viveu retirado numa caverna em Manresa, como eremita e mendigo, o tempo todo em penitência, na solidão e passando as mais duras necessidades. Lá, durante esse período, preparou a base do seu livro mais importante: "Exercícios espirituais". Sua vida mudou tanto que, do campo de batalhas, passou a transitar no campo das ideias, indo estudar Filosofia e Teologia em Paris e Veneza.

Em Paris, em 15 de agosto de 1534, junto com mais seis companheiros, fundaram a Companhia de Jesus. Entre eles estava Francisco Xavier, que se tornou um dos maiores missionários da Ordem e também santo da Igreja. Mas todos só se ordenaram sacerdotes em 1537, quando concluíram os estudos, ocasião em que Iñigo tomou o nome de Inácio. Três anos depois, o papa Paulo III aprovou a nova Ordem, para a qual Inácio de Loyola foi escolhido superior-geral.

Ele preparou e enviou os missionários jesuítas ao mundo todo, para espalhar o cristianismo, especialmente entre os nativos pagãos das terras do novo mundo. Entretanto, desde que esteve no cargo de geral da Ordem, Inácio nunca gozou de boa saúde. Muito debilitado, morreu no dia 31 de julho de 1556, em Roma, na Itália.

A sua contribuição para a Igreja e para a humanidade foi a sua visão do catolicismo, que veio de sua incessante busca interior e que resultou em definições e obras cada vez mais atuais e presentes nos nossos dias. Foi canonizado pelo papa Gregório XV em 1622. Na data de sua morte, sua festa é celebrada nos quatro cantos do planeta onde os jesuítas atuam. Santo Inácio de Loyola foi declarado Padroeiro de Todos os Retiros Espirituais pelo papa Pio XI em 1922. 










Conteúdo publicado em Comece o Dia Feliz. http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=338#ixzz3hMEoOQjA

O DEMÔNIO ESTÁ NO ESPELHO.

Poucas coisas representam tão bem o perigo do amor próprio desordenado quanto um espelho.


 
Poucas coisas representam tão bem o perigo do amor próprio desordenado quanto um espelho. Os cômodos de nossas casas sempre têm algum e as nossas ruas estão todas repletas deles – e não há quem passe em frente a uma vitrine sem admirar um pouco a si mesmo. Nas academias – não as de ciências, mas as de ginástica –, onde reina a exaltação do próprio ego, os espelhos são indispensáveis: praticamente nenhum canto foge ao alcance de suas vistas. Em uma sociedade em que praticamente todos se olham tanto e com tanta frequência, no entanto, nunca o conhecimento de si mesmo foi tão desprezado e negligenciado. É que as pessoas estão excessivamente preocupadas com a "imagem" que os outros têm de si, mais que com aquilo que realmente são.
Sêneca e outros filósofos antigos diziam que os espelhos – facilmente encontrados na superfície de uma pedra ou de um rio límpido – foram estabelecidos pela própria natureza como "mãe e mestra dos bons costumes". Uma fábula de Esopo conta que dois irmãos – um menino, de bela aparência, e uma menina, extraordinariamente feia – encontraram, um dia, enquanto brincavam, um espelho. Vendo sua imagem refletida, o rapaz começou a gabar-se, pois era muito bonito; sua irmã, por outro lado, ficou aborrecida e foi reclamar da atitude do irmão para o pai. Este, abraçando os dois, disse-lhes: "Eu quero que vocês dois olhem para o espelho todos os dias: você, meu filho, para não estragar a sua beleza com uma má conduta; e você, minha filha, para compensar a sua falta de beleza com uma vida de virtudes" [1]. Na lição dos antigos, o espelho seria uma esplêndida oportunidade para colocar em prática o imperativo socrático: "Conhece-te a ti mesmo".
O que pode servir para a própria edificação também se pode tornar, todavia, um grande instrumento de vaidade. Por isso, o padre António Vieira, em seu Sermão sobre o Demônio Mudo, compara o espelho ao próprio diabo: "Desde sua mesma origem não há duas coisas que Deus criasse mais parecidas e semelhantes que o demônio e o espelho. O demônio primeiro foi anjo, e depois demônio; o espelho primeiro foi instrumento do conhecimento próprio, e depois do amor-próprio, que é a raiz de todos os vícios" [2].
O orador sacro conta que o Papa Inocêncio X escolheu um religioso de grande virtude e prudência para visitar os conventos femininos, a fim de examinar e tirar de suas celas – não pelo uso da força, mas por meio de conselhos e exortações – coisas que fossem indignas ou inapropriadas a uma religiosa. Tendo inspecionado tudo com muito zelo, o visitador voltou, depois de alguns meses, dizendo ao Santo Padre que "vinha muito edificado do que achara, mas não de todo contente". De fato, em sua averiguação, o religioso tinha encontrado muitas penitências, disciplinas, orações e devoções. Algumas alfaias ou peças de maior valor – cuja posse não era permitida pelo voto de pobreza que tinham feito – ele conseguira fazer que elas abandonassem ou usassem para outros fins. Uma coisa, no entanto, ele não conseguira tirar dessas religiosas: o seu espelho. Diante da surpresa do Papa com a sua resposta, o piedoso homem explicou: "Tenho alcançado por larga experiência, que enquanto uma religiosa se quer ver ao espelho, não tem acabado de entregar todo o coração ao Esposo do céu, e ainda lhe ficam nele alguns ressábios do amor e vaidade do mundo" [3].
Embora as palavras do religioso se refiram mais claramente às pessoas de vida consagrada, o seu sentido profundo pode – e deve – ser aproveitado por todos os cristãos, seja qual for o seu estado de vida. Para seguir a Cristo, não é preciso que ninguém destrua os espelhos que possui – assim como não é preciso, literalmente, que se mutile o próprio olho ou a própria mão (cf. Mt 5, 29-30). Todos, no entanto, estão incluídos na exortação de Nosso Senhor: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo (...) e siga-me" (Lc 9, 23).
Renuncie a si mesmo, ensina Nosso Senhor. O que prefere a vaidade humana, ao contrário? Como renuncia a si mesmo o que não suporta estar nem duas horas sem se ver no espelho? Ou outros tantos, que "gastam as horas e perdem os dias inteiros em se estar vendo, revendo e contemplando no espelho", como se não tivessem nem esperassem outra glória? Ou quem se preocupa mais em se enfeitar e embelezar aos olhos do mundo – mas esquece de ornar a alma para Deus, a quem não importa a aparência, mas o coração (cf. 1 Sm 16, 7)?
Por isso, São Bernardo contrapõe aos espelhos humanos o que ele intitulou de Speculum Monachorum – o Espelho dos Monges [4]: que as pessoas que querem servir a Deus conheçam a si mesmas, mas que o façam examinando, sobretudo, os seus pensamentos, as suas palavras e as suas obras, para conformá-las em tudo à semelhança de Deus. Esse é o verdadeiro amor a si mesmo e o autêntico cultivo da beleza, pois cuida não da formosura frágil do corpo, mas do brilho perene da alma, que não pode ser apagado nem com as enfermidades físicas nem com as vicissitudes do tempo.
O padre António Vieira conclui o seu sermão com estas duras palavras: " Que coisa é a formosura, senão uma caveira bem vestida, a que a menor enfermidade tira a cor, e antes de a morte a despir de todo, os anos lhe vão mortificando a graça daquela exterior e aparente superfície, de tal sorte que, se os olhos pudessem penetrar o interior dela, o não poderiam ver sem horror?" [5].
"Que coisa é a formosura, senão uma caveira bem vestida"? Que, ao olhar para o espelho, sejamos capazes de enxergar a "caveira bem vestida" que é cada um de nós, lembrando que somos pó, e ao pó, um dia, tornaremos (cf. Gn 3, 19). Assim poderemos dar valor ao que é realmente necessário: amar a Deus, até o desprezo de nós mesmos [6]. 












Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Recomendações

  • DE. 1: A dificuldade de amar
  • Qual deve ser a medida do amor próprio?

Referências

  1. Aesop, The Brother and the Sister. In: Aesop's Fables, Section 3.
  2. Padre António Vieira, Sermão do Demônio Mudo (1651), § IV. In: Literatura Brasileira, UFSC.
  3. Ibidem, § III.
  4. Cf. PL 184, 1175-1178.
  5. Padre António Vieira, Sermão do Demônio Mudo (1651), § XI. In: Literatura Brasileira, UFSC.
  6. Cf. Santo Agostinho, De Civitate Dei, XIV, 28 (PL 41, 436).

LITURGIA DIÁRIA - NÃO É ELE O FILHO DO CARPINTEIRO?

Primeira Leitura (Lv 23,1.4-11.15-16.27.34b-37)

Leitura do Livro do Levítico.
1O Senhor falou a Moisés, dizendo: 4“São estas as solenidades do Senhor em que convocareis santas assembleias no devido tempo: 5No dia catorze do primeiro mês, ao entardecer, é a Páscoa do Senhor. 6No dia quinze do mesmo mês é a festa dos Ázimos, em honra do Senhor. Durante sete dias comereis pães ázimos. 7No primeiro dia tereis uma santa assembleia, não fareis nenhum trabalho servil; 8oferecereis ao Senhor sacrifícios pelo fogo durante sete dias. No sétimo dia haverá uma santa assembleia e não fareis também nenhum trabalho servil”.
9O Senhor falou a Moisés, dizendo: 10“Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando tiverdes entrado na terra que vos darei, e tiverdes feito a colheita, levareis ao sacerdote um feixe de espigas como primeiros frutos da vossa colheita. 11O sacerdote elevará este feixe de espigas diante do Senhor, para que ele vos seja favorável: e fará isto no dia seguinte ao sábado.
15A partir do dia seguinte ao sábado, desde o dia em que tiverdes trazido o feixe de espigas para ser apresentado, contareis sete semanas completas. 16Contareis cinquenta dias até ao dia seguinte ao sétimo sábado, e apresentareis ao Senhor uma nova oferta.
27O décimo dia do sétimo mês é o dia da Expiação. Nele tereis uma santa assembleia, jejuareis e oferecereis ao Senhor um sacrifício pelo fogo.
34bNo dia quinze deste sétimo mês, começa a festa das Tendas, que dura sete dias, em honra do Senhor. 35No primeiro dia haverá uma santa assembleia e não fareis nenhum trabalho servil. 36Durante sete dias oferecereis ao Senhor sacrifícios pelo fogo. No oitavo dia tereis uma santa assembleia, e oferecereis ao Senhor um sacrifício pelo fogo. É dia de reunião festiva: não fareis nenhum trabalho servil.
37Estas são as solenidades do Senhor, nas quais convocareis santas assembleias para oferecer ao Senhor sacrifícios pelo fogo, holocaustos e oblações, vítimas e libações, cada qual no dia prescrito.

Responsório (Sl 80)

— Exultai no Senhor, nossa força.
— Exultai no Senhor, nossa força.

— Cantai salmos, tocai tamborim, harpa e lira suaves tocai! Na lua nova soai a trombeta, na lua cheia, na festa solene!
— Porque isto é costume em Jacó, um preceito do Deus de Israel; uma lei que foi dada a José, quando o povo saiu do Egito.
— Em teu meio não exista um deus estranho nem adores a um deus desconhecido! Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor, que da terra do Egito te arranquei.
 
Evangelho (Mt 13,54-58)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 54dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? 55Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas irmãs não moram conosco? Então de onde lhe vem tudo isso?” 57E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!” 58E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.

 Reflexão

Este Evangelho narra que Jesus não foi bem recebido na sua terra, Nazaré. E isso por um motivo totalmente inválido: ele era de lá, pertencia a uma família simples (pai carpinteiro) e não cursou faculdade.
Mas o motivo verdadeiro é porque ele pisava no calo; falava coisas que as pessoas não queriam ouvir, porque tocava na ferida delas, isto é, chegava ao seu pecado, que elas não queriam abandonar.
O profeta fala a palavra certa, na hora certa, do jeito certo e para a pessoa certa, sem estar preocupado em agradar os ouvintes. Isso é difícil de engolir, a não ser que a pessoa queira realmente se converter.
E o nosso pecado nos leva a transferir para os outros, problemas que são nossos. Em vez de aceitar seu erro, criticavam a Jesus. Quando nos simpatizamos com uma pessoa, aprovamos tudo o que ela fala ou faz. Mas uma pessoa que nos é antipática fala ou faz a mesma coisa, nós reprovamos. Como que os nossos julgamentos são subjetivos!
Tudo é motivo para condenar um profeta, até este: eu conheço a sua família e sei que ele não estudou. E a perseguição ao profeta é, às vezes, covarde. Criticamos porque ele ou ela tem o cabelo comprido ou curto, porque usa essa ou aquela roupa, porque reza ou porque não reza, porque é alegre ou porque é sério etc.
“E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.” A fé é condição necessária para se receber uma graça de Deus. E o motivo principal da recusa a um profeta é a nossa falta de fé.
Os profetas, isto é, os líderes cristãos que são nossos vizinhos, e cujas famílias nós conhecemos, por si são melhores do que os desconhecidos, porque eles ou elas nos conhecem e podem dar o remédio certo, pois conhecem as nossas falhas. Também porque, sendo da nossa cidade ou bairro, fica mais fácil a continuidade do trabalho evangelizador.
Os fariseus colocavam sua segurança na Lei. Os saduceus colocavam sua segurança no dinheiro; eram todos latifundiários. E os sacerdotes colocavam a sua segurança no culto. Assim, nenhum deles precisava de Deus! Eram pessoas cheias de si mesmo e que se julgavam donas do próprio destino. O certo é nos esvaziarmos de tudo. “Esse povo me procura só de palavra, honra-me apenas com a boca, enquanto o coração está longe de mim. Seu temor para comigo é feito de obrigações tradicionais e rotineiras” (Is 29,13). “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mt 15,8). “Na sua boca, tu (Senhor) estás presente, mas longe do coração” (Jr 12,2).
Deus nos fala de muitas maneiras: pelos profetas, pela Sagrada Escritura, por outros livros ou programas bons... Que estejamos abertos.
Hoje nós celebramos a festa de Santo Inácio de Loyola, o fundador da Ordem dos Jesuítas. Ele era espanhol e viveu no Séc. XVI. Toda a vida de Inácio foi maravilhosa. Mas nos chamam a atenção dois fatos:
Como jovem ele levava uma vida devassa, envolvido com bebidas, mulheres, jogo, boemia... Como era soldado, um dia foi gravemente ferido. Na hora da cirurgia, para mostrar a sua bravura, dispensou a anestesia. Após a cirurgia, teve de ficar muitos dias internado. Ele pedia romances de cavalaria para ler. Mas, ao invés disso, as Irmãs do hospital lhe davam vidas de santos. Inácio lia aqueles gestos heróicos dos santos e pensava: se eles puderam, por que não eu? As Irmãs deram para ele ler um livro intitulado: A lenda dourada, que narrava a vida de Jesus Cristo. Foi esse livro que mudou a vida de Inácio. Ao lê-lo, ele começou a comparar a sua vida fútil e vazia, com o grande ideal de Cristo, a serviço de Reino de Deus. Assim, aos poucos, ele foi redescobrindo aquele Jesus que conhecera quando criança, no catecismo da primeira comunhão. Tomou a firme resolução de trocar de carreira: em vez de defender reinos humanos, tornar-se soldado de Cristo, lutando pelo Reino de Deus. Logo que recebeu alta, foi ao santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat e depositou sua espada aos pés da Virgem Maria. Depois, retirou-se para o meio do mato, num lugar solitário, e ali se entregou totalmente à oração, à leitura da Bíblia e à prática de penitências.
Maria Santíssima é a Rainha dos profetas. Ela testemunhou corajosamente a verdade, com atitudes e com palavras, por exemplo, no hino Magnificat. E o principal: ela nos deu o maior profeta de todos os tempos: Jesus Cristo. Rainha dos profetas, e Santo Inácio, rogai por nós.









Pe Queiroz


quinta-feira, 30 de julho de 2015

ORAÇÃO PARA LIBERTAR-SE DA ANSIEDADE.


 

“Senhor, só tu conheces o meu coração, por isso, com fé e humildade, peço-te a graça de aprender a lan­çar sobre ti as minhas ansiedades e preocupações. Quero me abandonar em teus braços, confiar e aguardar serenamente a tua ação em minha vida! Guarda meus pensamentos, sentimentos e meus sentidos para que eu não tenha tanta preocupação. Ajuda-me a manter minha mente centrada no que é bom para mim e para o teu Reino.
Santifica-me, para que eu possa ser uma pessoa cheia do Espírito Santo, irradiando serenidade, calma e paz! Dá-me forças para que eu possa manter minhas emoções e pensamentos firmes na confiança em Deus. Senhor, agradeço porque sei que estás cuidando de mim. Vou procurar seguir cada passo que me mostrares ser necessário para que teu plano se cumpra na minha vida.
Confio em ti e em tua Palavra. Entrego-te todas as minhas ansiedades e preocupações. Cura-me de toda preocupação excessiva!
Confio e espero em ti.
Amém”.

UMA ESTÁTUA PARA SATANÁS.

O valor supremo da modernidade é o “Estado laico” e, para defendê-lo, até cultuar o demônio está valendo.


O que significa a estátua de Satã recém-inaugurada na cidade de Detroit, nos Estados Unidos?
De acordo com O Globo, a imagem de bronze, com quase 3 metros e mais de 900 quilos, "seria inaugurada inicialmente em Oklahoma, em protesto contra uma escultura sobre os Dez Mandamentos no Capitólio estadual". Ainda segundo a reportagem, "o Satanic Temple defende a separação entre Estado e religião".
Não que se esperasse uma palavra de condenação da mídia à estátua de Bafomet – uma represália assim poderia "ofender" os adoradores de Satanás –, mas, não fosse trágico, seria cômico o modo como eles colocam as coisas: a imagem de Bafomet, na crônica do dia, não passaria de uma defesa da "separação entre Estado e religião", um "protesto" contra uma escultura dos Dez Mandamentos em lugar público. Quem lê a reportagem é tentado a achar que o grande problema não é nem a estátua de Satã, mas sim aquele monumento judaico-cristão no Capitólio de Oklahoma. O valor supremo da modernidade, agora, é o "Estado laico" e, para defendê-lo, até cultuar o demônio está valendo.
Pena que não faltarão pessoas confirmando a frase em negrito. Para alguns, realmente, o Decálogo no Capitólio – e, com ele, os crucifixos nos tribunais, o sinal da cruz nos estádios de futebol, a palavra "Jesus" na cabeça do Neymar – são realmente piores que uma imagem satânica, contanto que ela esteja em um ambiente privado.
Quando as coisas atingem esse ponto, é preciso fazer uma pausa e reajustar a bússola da humanidade – ou, pelo menos, tentar entender desde quando a verdade foi tão negligenciada assim, a ponto de a entidade perversa por excelência ser cultuada no lugar do próprio Deus.
A resposta está em um longo e tortuoso caminho de desprezo por Jesus Cristo e pela religião que Ele fundou – a Igreja Católica. Sobre esse assunto específico, há um famoso discurso do Papa Pio XII a respeito do qual já escrevemos várias postagens aqui. Quanto à rejeição do reinado de Deus pelas próprias sociedades civis, cabe dizer algumas breves palavras, principalmente a partir de uma lição valiosíssima, dada pelo Papa Leão XIII em sua encíclica Immortale Dei. Ele escreve:
"Se a natureza e a razão impõem a cada um a obrigação de honrar a Deus com um culto santo e sagrado, (...) unidos pelos laços de uma sociedade comum, os homens não dependem menos de Deus do que tomados isoladamente; tanto, pelo menos, quanto o indivíduo, deve a sociedade dar graças a Deus, de quem recebe a existência, a conservação e a multidão incontável dos seus bens. É por isso que, do mesmo modo que a ninguém é lícito descurar seus deveres para com Deus, (...) assim também as sociedades não podem sem crime comportar-se como se Deus absolutamente não existisse." [1]
A convicção de que os Estados civis não devem ser indiferentes à autoridade divina parte de uma visão antropológica perfeitamente racional: o homem é um ser essencialmente religioso e, assim como não se pode mutilar o ser humano, ignorando essa dimensão intrínseca de seu ser, não é possível construir uma sociedade prescindindo de Deus. Se Ele realmente "pode ser conhecido pela luz natural da razão humana", como assegura o Concílio Vaticano I [2], negar-Lhe a obediência e o devido lugar na vida social é, não só uma afronta ao direito divino, como também um atentado à própria inteligência.
O fato é que, ao decretar a morte de Deus com sua indiferença, o Estado terminou matando o próprio homem: é o que se vê nas legislações de todo o mundo, marcadas pelo aborto, pela eutanásia, pela manipulação indiscriminada da vida humana, pela destruição das famílias et caterva. É cada vez mais forte no mundo o sistema do pecado institucionalizado e, de aplaudir o pecado para cultuar o seu autor, de fato, não são precisos grandes esforços.
Por isso, diz o Papa Francisco, "quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio" [3]. O ser humano não consegue viver sem Deus: se não adora o verdadeiro, ele mesmo ajusta para si outros deuses. Nessa busca por uma nova religião, poucas frases soam tão agradáveis como a máxima "Faz o que quiseres", a qual parece ser o principal "mandamento" do satanismo – e também o grande imperativo da modernidade ateia, liberal e avessa a Nosso Senhor. 

Eis os frutos de uma civilização que colocou a sua liberdade acima da própria verdade das coisas. Todavia – advertiu certa vez São João Paulo II –, "a liberdade não se realiza nas opções contra Deus". "Na verdade – perguntava o Papa –, como poderia ser considerado um uso autêntico da liberdade, a recusa de se abrir àquilo que permite a realização de si mesmo?" [4]. Nessa perspectiva, é preciso dizer que o satanismo não é só um tremendo escárnio à fé cristã e uma grande blasfêmia, mas representa, no fim das contas, a demolição do próprio ser humano. Da aparente liberdade que os filhos das trevas têm nesta vida segue-se uma eternidade de escravidão no inferno.
No Capitólio ou não, só os Mandamentos da Lei de Deus podem verdadeiramente alegrar e libertar o ser humano. 







Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. Papa Leão XIII, Carta Encíclica Immortale Dei (1º de novembro de 1885), n. 11.
  2. Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática Dei Filius, 2: DS 3004.
  3. Homilia durante Santa Missa com os Cardeais (14 de março de 2013).
  4. Papa João Paulo II, Carta Encíclica Fides et Ratio (14 de setembro de 1998), n. 13.

LITURGIA DIÁRIA - RECOLHEM OS PEIXES BONS EM CESTOS ...

Primeira Leitura (Êx 40,16-21.34-38)

Leitura do Livro do Êxodo.
Naqueles dias, 16Moisés fez tudo o que o Senhor lhe havia ordenado. 17No primeiro mês do segundo ano, no primeiro dia do mês, o santuário foi levantado. 18Moisés levantou o santuário, colocou as bases e as tábuas, assentou as vigas e ergueu as colunas. 19Estendeu a tenda sobre o santuário, pondo em cima a cobertura da tenda, como o Senhor lhe havia mandado. 20Depois, tomando o documento da aliança, depositou-o dentro da arca e colocou sobre ela o propiciatório. 21E, introduzindo a arca no santuário, pendurou diante dela o véu de proteção, como o Senhor tinha prescrito a Moisés.
34Então a nuvem cobriu a Tenda da Reunião e a glória do Senhor encheu o santuário. 35Moisés não podia entrar na Tenda da Reunião, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor tomava todo o santuário.
36Em todas as etapas da viagem, sempre que a nuvem se elevava de cima do santuário, os filhos de Israel punham-se a caminho; 37e nunca partiam antes que a nuvem se levantasse. 38Pois, de dia, a nuvem do Senhor repousava sobre o santuário, e de noite aparecia sobre ela um fogo, que todos os filhos de Israel viam, em todas as suas etapas.

Responsório (Sl 83)

— Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!
— Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!

— Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria no Deus vivo!
— Mesmo o pardal encontra abrigo em vossa casa, e a andorinha ali prepara o seu ninho, para nele seus filhotes colocar; vossos altares, ó Senhor Deus do universo! Vossos altares, ó meu Rei e meu Senhor!
— Felizes os que habitam em vossa casa; para sempre haverão de vos louvar! Felizes os que em vós têm sua força, caminharão com um ardor sempre crescente.
— Na verdade, um só dia em vosso templo vale mais do que milhares fora dele! Prefiro estar no limiar de vossa casa, a hospedar-me na mansão dos pecadores!
 
Evangelho (Mt 13,47-53)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 47“O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam.
49Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, 50e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. 51Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”.
52Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. 53Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali.

Reflexão

Este Evangelho nos traz a parábola da rede lançada ao mar. A rede é a Santa Igreja que, em seu trabalho missionário, atrai milhares de pessoas ao santo batismo. Entretanto, muitos não obedecem aos mandamentos de Deus, por isso não pertencem ao Reino de Deus e vão, aos poucos, abandonando a vida em Comunidade. São os peixes que não prestam que Deus Pai joga fora.
“Recolhem os peixes bons em cestos.” Para que sejamos peixes bons, precisamos ler ou ouvir a Palavra de Deus com o coração aberto, colocando em prática, com generosidade, aquilo que aprendemos. A oração é prática fundamental para sermos bons filhos e filhas de Deus.
Nós temos esperança de sermos peixes bons, e assim não sermos “jogados fora”. Temos esperança, não certeza. No mundo, estamos misturados, maus e bons. Precisamos, além do esforço contínuo de conversão, ser sal, luz e fermento na massa, inclusive dentro da nossa família e da nossa Comunidade cristã.
“Todo mestre da Lei, que se torna discípulo..., é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Os mestres da Lei correspondem aos nossos catequistas. Eles tinham toda uma bagagem de sabedoria e de experiências colhidas do Antigo Testamento. Aqueles que se tornavam discípulos de Jesus ajuntavam as coisas novas que aprendiam de Jesus com as coisas velhas que já sabiam e faziam uma síntese, o que os tornava verdadeiros sábios.
Também nós vamos somar as nossas experiências do passado com as de hoje, visando a nossa santificação. Precisamos estar sempre abertos ao novo, mas sem jogar fora a sabedoria antiga. A nossa fé é viva e dinâmica; estamos sempre revendo, abandonando o que ficou caduco e dando um passo à frente. Dos mais velhos, nós aprendemos a riqueza da sabedoria acumulada por seus longos anos de vida; e dos mais novos, aprendemos as novas conquistas do mundo moderno.
“Os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançando os maus na fornalha de fogo.” Aqui na terra, os maus e os bons estão misturados, mas não lá no céu. Haverá uma seleção rigorosa, que chamamos de juízo final. Nós pedimos a Deus que, nessa seleção, nós fiquemos do lado dos justos.
Havia, certa vez, um senhor que todos os dias, quando voltava do trabalho à tarde, antes de entrar na sua casa dirigia-se a uma árvore que havia na frente da casa e tocava nela com as duas mãos. Depois entrava. Um dia, ele veio com um amigo, que era colega de serviço, e, quase sem perceber, fez aquele gesto. Foi até a árvore, encostou as duas mãos nela, ficou um tempinho em silêncio, depois voltou e os dois entraram na casa. No dia seguinte, o amigo lhe perguntou por que ele havia feito aquilo. Ele explicou: “É que, no serviço, eu fico nervoso, tenso e não quero passar isso para a minha esposa e meus filhos. Com esse gesto, eu descarrego minhas tensões na árvore e entro em casa bem calmo”.
Na verdade, o que aquele homem fazia era uma auto-sugestão. Mas é válida. Nós não podemos descarregar nervosismos em quem não tem nada a ver com isso. Entretanto, muito mais eficaz que tocar numa árvore é recorrer a Deus pela oração. E uma boa dica é pedir o auxílio de Maria Santíssima. Se queremos ser peixes bons na rede do Senhor, um jeito fácil e copiar de Maria o seu jeito de ser discípula fiel do Senhor.
Maria Santíssima é a Mãe e modelo da Igreja, a Rainha do Céu e da terra. Que ela nos ajude a sermos peixes bons, a fim de que os anjos não nos excluam.







Pe Queiroz

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A TRINDADE NOS EVANGELHOS.

Em inúmeras passagens dos Evangelhos, Cristo nos revelou o mistério da Santíssima Trindade, inacessível à mente humana, e mesmo à angélica.
Adão nunca poderia imaginar que o Messias anunciado para reparar seu pecado seria o próprio Filho do Altíssimo. Entretanto, assim foi: “Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gal 4,4). Numa minúscula casa de Nazaré, uma jovem humilde e pura medita sobre a antiga promessa do Criador, de enviar o Messias para resgatar o povo de seus pecados e instaurar uma nova ordem de coisas. Podemos imaginá-La lendo alguma passagem da Escritura, por exemplo, esta: “Eis que uma virgem conceberá”... (Is 7,14). 

Enquanto Ela tece em sua mente elevadas conjecturas sobre como seria a pessoa do Messias, uma suave luz ilumina seu quarto, e um Anjo, transido de admiração, Lhe dirige esta saudação: “Ave cheia de graça”! (Lc 1,28). Faz em seguida o mais inesperado dos anúncios: será Ela a Mãe do Messias, a quem tanto desejava conhecer: “O Espírito Santo descerá sobre Ti, e a força do Altíssimo Te envolverá com a sua sombra. Por isso o Menino que nascer de Ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35).
Realizou-se, dessa forma, o misericordioso desígnio do Altíssimo: o Filho de Deus, “tornando-Se participante de nossa mortalidade, nos fez participantes de sua divindade”. E os homens, para os quais o pecado fechara as portas do Paraíso Terrestre, tinham agora abertas diante de si as portas do Paraíso Celeste!
 
Esse relato evangélico contém a revelação dos dois maiores mistérios da Fé. Um deles, a Encarnação do Verbo, se realizava naquele instante; o outro, a existência da Santíssima Trindade, não tem princípio. Foi esse o primeiro presente concedido ao gênero humano pelo Filho do Altíssimo. Por intermédio do celeste mensageiro, confiou-o à Virgem eleita desde toda a eternidade para ser sua Mãe. Nesse episódio São Gabriel manifesta-Lhe que tudo quanto se seguirá estará marcado pela Trindade Santíssima.
Provavelmente, a narração bíblica registra apenas o resumo de um longo diálogo entre Maria e o Anjo. Nele, entretanto, o Espírito Santo fez constar a primeira alusão ao mistério trinitário. Com efeito, vê-se nas palavras do Arcanjo clara referência a cada uma das Pessoas Divinas. Começa por mencionar a Terceira Pessoa: “o Espírito Santo virá sobre Ti”. Em seguida, afirma: “a força do Altíssimo Te envolverá com sua sombra”, referência mais discreta à Pessoa do Pai, a qual ficará evidente na continuação da promessa: “o Menino que nascer de Ti será chamado Filho de Deus”. Se há um Filho, tem de haver também um Pai, é a conclusão lógica.
Temos, então, nesta passagem das Escrituras a primeira revelação do mistério da vida íntima de Deus. E é altamente simbólico o fato de ter sido feita Àquela na qual o Verbo Se encarnaria para operar a Redenção.
Batismo de Jesus: primeira manifestação pública do mistério trinitário
Mas, quem em Israel, ou mesmo na pequena Nazaré, teve conhecimento dessa realidade sublime, a não ser Nossa Senhora e São José? Tornava-se necessária uma manifestação pública de Cristo! Esta nos veio através de João Batista, o qual brilhou aos olhos de Israel como um facho de luz nas trevas da noite. “No meio de vós está quem vós não conheceis. Esse é quem vem depois de mim; e não sou digno de Lhe desatar a correia do calçado. Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 26.29) - declarou aos sacerdotes e levitas enviados de Jerusalém para interrogá-lo.
E quando o Mestre apresentou-Se no Jordão para ser batizado por ele, exclamou o Batista, ao vê-Lo: “Eu devo ser batizado por Ti e Tu vens a mim! Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa” (Mt 3, 14-15). Cena incompreensível para quem desconhecia tratar-se do Messias. Porém, não tardou a explicação: quando Jesus saía da água, “João viu os Céus abertos e descer o Espírito em forma de pomba sobre Ele. E ouviu-se dos Céus uma voz: Tu és o meu Filho muito amado; em Ti ponho minha afeição” (Mc 1,10-11). Daí, João não hesitar em proclamar: “Eu O vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus” (Jo 1,34).
Aqui nos mostra o Evangelho Deus Pai manifestando Jesus aos homens como seu dileto Filho e o Messias de Israel, e pairando sobre Ele o Espírito Santo, o qual é “Deus uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza”.
 
Na Transfiguração apareceu toda a Trindade
Também no relato evangélico da Transfiguração podemos observar as características de glória e beleza da Santíssima Trindade. Fato ocorrido “numa alta montanha” (Mt 17,1): o Monte Tabor, segundo uma tradição do século IV. Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, aos quais manifestou “a clareza de sua Alma e de seu Corpo”, com um objetivo claro e imediato: “Era fundamental haver algumas testemunhas da glória de Jesus para sustentarem, na prova da Paixão, os Apóstolos em suas tentações”.
Como narra São Mateus, “seu rosto brilhou como o Sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura” (Mt 17,2). Revelou-lhes, pois, algo que se encontrava além da figura visível de seu Corpo padecente. Embora em nada tenham participado da visão beatífica, inacessível aos olhos humanos, os três Apóstolos puderam, por assim dizer, contemplar uma centelha da glória e da divindade de Jesus transparecendo em sua santa humanidade.
 
Mais adiante, na descrição do Evangelista, “uma nuvem luminosa os envolveu” (Mt 17,4). Como se sabe, certos fenômenos naturais significavam para os israelitas a própria presença de Deus, o qual Se manifestava por meio de símbolos como o fogo, o vento e a nuvem. Assim, a Moisés Ele Se apresentou “na obscuridade de uma nuvem” (Ex 19,9). Fato mais expressivo deu-se na dedicação do Templo de Salomão: “A nuvem encheu o Templo do Senhor, de modo tal que os sacerdotes não puderam ali ficar para exercer as funções de seu ministério, porque a glória do Senhor enchia o Templo” (I Rs 8,10-11).
Portanto, sem dúvida, a “nuvem luminosa” do Tabor evidenciou para os três Apóstolos a presença divina entre eles. O Doutor Angélico no-la indica como uma figura da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. “Na Transfiguração, [...] apareceu toda a Trindade: o Pai na voz, o Filho no Homem, o Espírito na nuvem luminosa”. Ensinamento acolhido no Catecismo da Igreja Católica (n.555).
Por fim, do interior dessa nuvem fez-se ouvir uma voz: “Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha afeição; ouvi-O” (Mt 17,5). Jesus é, pois, o Filho Unigênito, o Messias prometido, consubstancial ao Pai e participante de seu Ser e de suas obras. Com essa declaração do Pai, o esplendor divino do Filho e a manifestação do Espírito Santo numa nuvem, a Santíssima Trindade Se revela de modo claro.
O que terão entendido dessa manifestação os três Apóstolos? Terão feito perguntas ao Mestre? Quais terão sido as respostas? Infelizmente, a sintética narração bíblica nada registra sobre tais detalhes. Mas ela contém o suficiente para não deixar dúvida a respeito de um ponto: aos católicos de todos os tempos, a cena da Transfiguração apresenta Jesus como o Filho Único de Deus a Quem todos devem escutar.
Por ocasião do Batismo no Jordão, a voz do Pai dirige-se a Jesus, para instituí-Lo em sua missão redentora: “Tu és o meu Filho muito amado; em Ti ponho minha afeição” (Mc 1,11). No Tabor, dirige-se aos Apóstolos, dando-lhes a categórica ordem de prestar ouvidos à palavra de Cristo: “Ouvi-O”.
 
Jesus, Filho de Deus
Em diversas ocasiões Jesus chama a Deus de Pai. Na parábola dos agricultores assassinos (cf. Lc 20,9-19), manifesta com clareza como tinha noção de sua filiação divina. Com efeito, o proprietário da vinha, símbolo do próprio Deus, enviou um após outro seus servos, os profetas, com a incumbência de receber a parte da colheita devida ao arrendador. Os agricultores desprezaram, espancaram e maltrataram todos os enviados. O senhor da vinha tomou então esta decisão extrema: “Mandarei meu Filho amado, talvez o respeitem” (Lc 20,13). E eles o mataram! O tema desta parábola servia ao Divino Mestre para levar seus ouvintes a compreenderem o mau comportamento dos israelitas em relação aos mensageiros enviados por Deus, os profetas. Atitude levada ao último extremo pelos sumos sacerdotes, com o deicídio.
Também quando expulsa do Templo os vendilhões, Jesus fala como Filho do Senhor do Templo: “Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes” (Jo 2,16). E com um chicote trançado por suas próprias mãos põe em fuga a multidão de comerciantes!
Mas esse Jesus que castigava com tanta energia, sabia compadecer-Se dos sofredores. Tendo subido a Jerusalém por ocasião de uma festa judaica, passou perto da piscina de Betesda, em cujos pórticos se encontravam muitos enfermos à espera da chegada de um Anjo do Senhor que de tempos em tempos descia e movimentava a água. Ansiosa expectativa, pois o primeiro a tocar a água em movimento logo ficava curado de sua enfermidade. Jesus viu deitado ali um homem que estava paralítico havia 38 anos e, num gesto de carinho e compaixão, disse-lhe: “Levanta-te, pega tua cama e anda” (Jo 5,8). Grande foi a surpresa de todos quantos assistiram à cena e comprovaram a alegria do miraculado.
Os fariseus, porém, acusaram o Mestre de estar violando a Lei, por ter curado em dia de sábado. Deram-Lhe, assim, excelente ocasião de manifestar sua filiação divina. Para refutar a argumentação farisaica, respondeu-lhes Ele: “As obras que meu Pai Me deu para executar - essas mesmas obras que faço - testemunham a meu respeito que o Pai Me enviou. E o Pai que Me enviou, Ele mesmo deu testemunho de Mim” (Jo 5,36-37). Mais uma vez, Jesus Se revela a todos como Filho de Deus. “Nessa relação de Deus Pai com o Filho, São João O destaca com a denominação ‘Filho Unigênito’ (monogenê, Jo 1,14.18; 3,16.18; IJo 4,9). Isto indica pelo menos três coisas: Jesus é gerado pelo Pai, é Filho Único e é igual ao Pai, pois, por meio de Jesus, Deus Se revelou como Pai”.
 
“Quem Me viu, viu o Pai”
Diante dos Apóstolos, entretanto, essa revelação desvenda um aspecto novo. Quando Filipe pede a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai” (Jo 14,8), Ele o repreende suavemente: “Há tanto tempo estou convosco e não Me conheces? Quem Me viu, viu o Pai. Como, pois, dizes ‘Mostra-nos o Pai’... Não credes que estou no Pai, e o Pai está em Mim? As palavras que vos digo, não as digo de Mim mesmo; mas o Pai, que permanece em Mim, é que realiza as suas próprias obras. Crede-Me: estou no Pai, e o Pai em Mim” (Jo 14,9-11). Ou seja, Ele e o Pai têm a mesma natureza divina e são inseparáveis.
Não pode ser esquecido o modo, pervadido de ternura e confiança, de Jesus tratar a Deus Pai, dando-Lhe o apelativo familiar de “Aba” (“Papai”, em aramaico), no pungente episódio do Getsêmani, marco inicial de sua Paixão: “Adiantando-Se alguns passos, prostrou-Se com a face por terra e orava que, se fosse possível, passasse d’Ele aquela hora. Aba! (Pai!), suplicava Ele. Tudo Te é possível; afasta de Mim este cálice! Contudo, não se faça o que Eu quero, senão o que Tu queres” (Mc 14,35-36).
Não deixa de ser curioso, ademais, que, quando Se reza a Deus, Jesus nunca O chama de Deus, mas sim de Pai. Usa o termo Deus quando fala d’Ele diante dos outros, mas não em sua oração pessoal. Só o faz na Cruz: ‘Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?” (Mc 15,34). Mas aqui, como sabemos, está recitando o salmo 21.
Ao declarar-Se Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo Se identifica plenamente com a divindade. Não se trata de uma filiação simbólica ou adotiva, como a dos outros homens por Ele justificados. De tal forma está convicto de sua divindade, que chega a condicionar a salvação à fé em sua Pessoa: “Quem crê no Filho tem a vida eterna. Quem, porém, recusa crer no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele” (Jo 3,36). Dessa forma, Jesus vai revelando a sua relação filial com Deus Pai. Mostra sua dignidade de Filho Unigênito, como Ele mesmo declara na conversa noturna com Nicodemos: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho Único” (Jo 3,16).
 
O Espírito Santo, o Consolador
São numerosas no Antigo Testamento as referências ao “Espírito de Deus” e ao “Espírito do Senhor”. Por exemplo, no primeiro dia da Criação, “o espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2). No cimo do Monte Fagor, o Espírito de Deus desceu sobre Balaão e o fez abençoar Israel (cf. Nm 24,2). Em suas últimas palavras, proclama o Rei Davi: “O Espírito do Senhor fala por mim, sua palavra está na minha língua” (IISm 23,2). E o Livro da Sabedoria canta: “O Espírito do Senhor enche o universo” (Sb 1,7). Todavia, estas duas expressões não significam, na Antiga Aliança, uma Pessoa distinta no seio da divindade. Nosso Senhor Jesus Cristo é Quem nos revelará a personalidade divina do Paráclito, cuja manifestação pública se patenteará com o maior esplendor na descida sobre Maria Santíssima e os Apóstolos, em Pentecostes.
Na Última Ceia, pouco antes de dirigir-Se ao Horto para iniciar a Paixão, Jesus deu-lhes uma garantia: “O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14,26).
Vendo como a tristeza enchia o coração dos Apóstolos ante a perspectiva dos iminentes acontecimentos por Ele anunciados, explicou-lhes o Mestre: “Convém a vós que Eu vá! Porque, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, vo-Lo enviarei” (Jo 16,7). E acrescentou pouco adiante: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,13).
No dia de sua Ascensão aos Céus, Cristo prometeu comunicar aos Apóstolos um espírito de fortaleza: “Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do Alto” (Lc 24,49). Proclama, assim, a estreita participação do Espírito Santo em sua missão redentora, conferindo, por um movimento interior e vivificador nas almas, os meios sobrenaturais necessários para os homens atingirem os gloriosos fins da Redenção.
 
Pentecostes, luz sobre o mistério trinitário
Entretanto, todas as afirmações do Divino Mestre antes da Paixão não foram suficientes para iluminar a mente dos Apóstolos. Arraigados às tradições de seus antepassados, era-lhes difícil admitir a existência de Três Pessoas em um Deus único.
Em sua aparição aos Onze Apóstolos na montanha da Galileia, algum tempo após a Ressurreição, o Divino Mestre referiu-Se de modo claro e inequívoco à Trindade: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Mas só mesmo com a descida do Paráclito, em Pentecostes, tornaram-se claras para eles estas palavras do Salvador. Contém elas a mais explícita formulação do mistério da Trindade, pois o próprio Jesus, quando manda batizar “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, afirma a existência de um Deus em três Pessoas: distintas entre Si, mas constituindo uma só unidade substancial.
Diante desse belo e misterioso panorama revelado por Nosso Senhor, cabe-nos aspirar ao convívio eterno com a Trindade no Céu, cantando a sua glória, como Santo Agostinho em sua oração: “Quando, pois, estivermos em vossa presença, cessarão ‘estas palavras que repetimos sem entender’, e sereis para sempre tudo em todos (cf. ICor 15,28). E Vos louvaremos por toda a eternidade, cantando numa só voz, unidos todos em Vós”.