Pentecostes : festa do acolhimento na comunhão do amor de Deus .
A igreja cristã é, ao mesmo
tempo, comunhão “de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7.9) e
comunhão na “unidade do Espírito” (Ef 4.3). No Pentecostes, são
reconciliados os povos e as línguas separados em Babel (At 2.4,5; Gn 11.9).
Em Babel, houve desencontro e dispersão (Gn 11.7-9). No Pentecostes,
houve reconciliação e reunião: “ouvimos falar em nossas próprias línguas as
grandezas de Deus” (At 2.11). Em Babel, surgiram as nações e as línguas –
mas também a inimizade e a guerra entre as nações. No Pentecostes, o
evangelho de Cristo foi pregado nas línguas das nações. Todos ouviram,
cada um em sua própria língua, a palavra da reconciliação: “Aquele que tem sede
venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Ap 22.17).
O Pentecostes é a festa da
reconciliação e do reencontro de todos os que, no evangelho da graça de Deus em
Cristo, são “chamados numa só esperança” e reunidos no “vínculo da
paz”. O Pentecostes é a festa da igreja que, na “unidade do
Espírito”, confessa “um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai
de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef
4.3-6).
A igreja é a reunião de muitos
(diversidade) na comunhão com Cristo (unidade). Paulo descreve essa
diversidade na unidade ao corpo, feito de muitos membros, mas unido na cabeça,
que é Cristo (Ef 4.15). Jesus descreveu a igreja como os ramos unidos à
Videira Verdadeira (Jo 15.1) ou como ovelhas que seguem a voz do Bom Pastor (Jo
10.14). Pedro descreve a igreja como templo feito de pedras vivas cujo
fundamento ou Pedra Angular é Cristo (1 Pe 2.4-7).
Na vinda de Cristo, a igreja será
essa grande reunião de pessoas de todos os povos, tribos, línguas, etnias e
nações unidas no mesmo Espírito. A igreja, até o último dia,
continuará a missão que lhe foi confiada: “Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura” (Mc 16.15); “fazei discípulos de todas as nações”
(Mt 28.19). À igreja foi confiado o “ministério da reconciliação”, para
anunciar a todos os povos do mundo que “Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo” (2 Co 5.18,19). As promessas do Antigo Testamento foram
cumpridas e, agora, as boas novas da salvação são anunciadas em todas as
línguas, a todos os povos, sem distinção.
O Pentecostes é a festa do acolhimento e da integração dos que, antes, eram estranhos, mas agora, pela pregação do evangelho de Cristo, foram recebidos como filhos de Deus (Ef 2.19; 1 Pe 2.10; Gl 2.28). Na Carta aos Efésios, Paulo resume o significado do Pentecostes como acolhimento na comunhão com Deus: “por ele [o Filho de Deus, Jesus Cristo], ambos [judeus e gregos] temos acesso ao Pai em um Espírito” (Ef 2.18). Da mesma forma, o Apóstolo escreve, na Carta aos Romanos: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (…) porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Rm 5.1,5).
Não há melhor descrição do
Pentecostes do que esta: o dia em que o amor de Deus foi derramado nos corações
para nos reconciliar com Deus e uns com os outros. A pregação do
evangelho em todas as línguas e a todos os povos anuncia o amor de Deus a cada
um de nós, pois a morte de Cristo na cruz é a vitória do amor de Deus: “Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
A igreja, que prega o evangelho do
amor de Deus em Cristo, é a comunhão dos que foram acolhidos no amor de Deus,
“na unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4.3). Deus enviou seu
Filho ao mundo para que nos acolher em seu amor: “a todos quantos o receberam, deu-lhes
o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12). Somos acolhidos no
amor de Deus, quando em comunhão com o Filho, Jesus, recebemos “o Espírito de
adoção”, e oramos, com Cristo, “Aba, Pai” (Rm 8.15). Quando ouvimos o
evangelho do amor de Deus, o Espírito Santo gera em nós a fé, gerando-nos como
filhos de Deus, acolhendo-nos na comunhão de amor que une o Pai Celestial e seu
Filho Unigênito, Jesus Cristo: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso
coração o Espírito do seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl 4.6).
Essa comunhão de amor do Pai e do seu Filho Unigênito, na unidade do
Espírito Santo, é indestrutível. A morte não pode roubar de Cristo o
amor do Pai e, assim, também, nada “poderá separar-nos do amor de Deus,
que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.39).
Pentecostes é o acolhimento, no amor de Deus, para a vida eterna: “Eis
que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor,
dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também venci e me
sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito
diz às igrejas” (Ap 3.20-22).
Pe Emilio Carlos
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