Diz-se que o amor «tudo desculpa».
Implica
limitar o juízo, conter a inclinação para se emitir uma condenação dura e
implacável: «Não condeneis e não sereis condenados» (Lc 6,37).
A
Palavra de Deus mostra-se tão dura com a língua, dizendo que «é um mundo
de iniquidade [que] contamina todo o corpo» (Tg 3,6), «um mal
incontrolável, carregado de veneno mortal» (Tg 3,8).
Se «com ela
amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus» (Tg 3,9), o amor
faz o contrário, defendendo a imagem dos outros e com uma delicadeza tal
que leva mesmo a preservar a boa fama dos inimigos.
Os
esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram
mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros.
Em
todo o caso, guardam silêncio para não danificar a sua imagem.
Assim é
possível aceitar, com simplicidade, que todos somos uma complexa
combinação de luzes e sombras.
O outro não é apenas aquilo que me incomoda; é muito mais do que
isso.
E, pela mesma razão, não lhe exijo que seja perfeito o seu amor
para o apreciar: ama-me como é e como pode, com os seus limites, mas o
fato de o seu amor ser imperfeito não significa que seja falso ou que
não seja real.
É real, mas limitado e terreno. Por isso, se eu lhe
exigir demais, de alguma maneira mo fará saber, pois não poderá nem
aceitará desempenhar o papel dum ser divino nem estar ao serviço de
todas as minhas necessidades.
O amor convive com a imperfeição,
desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado.
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Pe Emilio Carlos
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