quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O ESPÍRITO SANTO, MISTÉRIO DE FORÇA E TERNURA.

 
Leitura: Gn 1, 1-2; 2, 7
1. “VEM, ESPÍRITO SANTO” é uma aclamação que fazemos continuamente. Quando clamamos pelo Espírito, estamos falando da Terceira Pessoa da Trindade, mas chamá-la de Espírito é uma tradução do nome. O nome original do Espírito, aquele pelo qual o conheceram os primeiros destinatários da revelação, é Ruah.

Em hebraico, Ruah significa o espaço atmosférico entre o céu e a terra, que pode ser calmo ou agitado, onde se percebe mais facilmente o sopro do vento; por extensão, o espaço vital no qual o homem se move e respira. No sentido comum da Bíblia esta palavra significa duas coisas estritamente ligadas entre si: o vento e a respiração. Foram estes dois os sentidos físicos fundamentais de Ruah, dos quais Deus se serviu para nos revelar a realidade do seu Espírito: o do vento e o do sopro ou respiração.

No princípio do Gênesis se fala do “Espírito de Deus” que soprava com força sobre as águas (cf. Gn 1, 2). Aqui a proximidade entre Espírito e vento é tamanha, que os tradutores modernos muitas vezes ficaram na incerteza se traduziam a expressão por “Espírito de Deus” ou “vento de Deus”, ou “vento impetuoso”; escolhendo ora uma, ora outra tradução. Depois lemos: “Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida” (Gn 2, 7).

Por diversas vezes a Bíblia nos narra a imagem do vento impetuoso e do turbilhão, expressando o poder, a liberdade e a transcendência do Espírito, uma força arrasadora e indomável, capaz de “dilacerar os montes e despedaçar os rochedos” (I Rs 19, 11), de “levantar as ondas até o céu e fazê-las descer aos abismos (Sl 107, 25-26).

Quanto às imagens de respiração, do sopro ou da brisa suave, servem para exprimir a bondade, a delicadeza, a quietude, a presença do Espírito divino. A respiração é aquilo que há de mais “íntimo”, mais vital e pessoal no ser humano. O Espírito Santo personifica, com evidência, o mistério de Deus que é, ao mesmo tempo, poder absoluto e ternura sem limites.

2. O ESPÍRITO SANTO VEM EM AUXÍLIO DA NOSSA FRAQUEZA: O Espírito é mistério de poder e transcendência. É a única força verdadeira, o único poder real que sustenta a Igreja! Assim como o cristão individualmente, a Igreja não vive da própria força. A força da Igreja não está nos “sábios raciocínios”, inteligência, diplomacia, filosofia, direito canônico, organização.

Dizia Paulo: “Nosso Evangelho vos foi pregado não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção” (I Ts 1, 5). É do Espírito Santo, portanto, que a Igreja e todo evangelizador recebem o poder de convencer e converter, de penetrar o coração de uma cultura, induzindo os povos à obediência da fé. Por conseguinte, o Espírito Santo é a fonte e o segredo da coragem e da audácia do fiel cristão. Todas as coisas na Igreja e em nós cristãos, ou ganham a força do Espírito Santo, ou são impotentes.

3. O ESPÍRITO ENCHE A NOSSA SOLIDÃO: O Espírito é mistério da bondade e da suavidade, da familiaridade com Deus e também da quietude. É Ele quem cria a “intimidade com Deus”: Deus em nós e nós em Deus, e tudo graças à presença do Espírito Santo. Não é o local que cria intimidade, mas o amor, e o amor vem do Espírito Santo. O Espírito Santo foi para Jesus, em sua vida terrena, o companheiro inseparável e quer sê-lo também para nós. Se a fraqueza nos levar à experiência da força do Espírito, a solidão pode dar estímulo a que se faça a experiência deste doce hóspede.
Andar ou remar contra o vento: como cansa! Fazê-lo com o vento a favor: quanto prazer! Fazer as coisas sem o Espírito Santo: como pesa! Fazer com Ele: como tudo é mais leve!

Oremos: Vem, Espírito Santo! Vem, força de Deus e doçura o Senhor! Vem, Tu que és ao mesmo tempo movimento e repouso! Renova a nossa coragem, dá à nossa igreja um novo vigor, cria em nós a intimidade com Deus! Não dizemos mais como o profeta: vem dos quatro cantos, como se ainda não soubéssemos de onde vens. Mas dizemos: Vem, Espírito, do lado transpassado de Cristo crucificado! Vem dos lábios do Ressuscitado!

Para refletir:

1. Você se deixa guiar pelo Espírito na sua fraqueza ou acaba desistindo das coisas por não se sentir capaz?

2. Como você tem experimentado essa intimidade com Deus? Tem obedecido ao que o Espírito lhe revela da vontade de Jesus ou faz tudo do seu jeito?





Pe. Juarez Dalan –

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