segunda-feira, 5 de outubro de 2015

CARÊNCIA AFETIVA.

Um campo importante da nossa personalidade é a afetividade. 
Costumo dizer que a nossa personalidade é formada por quatro pilares, como as quatro pernas de uma mesa: o campo espiritual, o campo humano, o campo profissional e o campo afetivo.
Se qualquer uma dessas pernas estiver num tamanho menor ou maior do que as outras, a mesa, nossa personalidade, ficará necessariamente desequilibrada.
O campo afetivo pode ser entendido como o campo do amor: amar e ser amado. E nesse campo podemos ter carência de “amar” e carência de “ser amados”. Normalmente, quando falamos de carência afetiva, costumamos falar desse segundo aspecto. E é sobre esse aspecto que vamos refletir.
A carência afetiva, no segundo aspecto, surge quando sentimos falta de “ser amados” por pessoas importantes em nossa vida: pelo nosso pai, pela nossa mãe, pelos nossos parentes e amigos e, quando atingimos certa idade, por um rapaz ou uma moça etc.
Vamos pensar em duas situações que costumam ocorrer: a carência afetiva normal e a excessiva.

a) a carência afetiva normal
Nada mais compreensivo do que tê-la quando objetivamente não somos amados por pessoas importantes de nossa vida.
O que devemos fazer nessa situação?
Em primeiro lugar, pensar que somos amados pela pessoa mais importante que existe: Deus. Viemos à existência marcados pelo amor. Entre milhões de pessoas possíveis de ser criadas, Deus olhou para nós, apaixonou-se e nos trouxe à existência. Quantas pessoas há na mente de Deus que Ele nunca criará! No entanto, movido pelo amor, nos trouxe à existência.
E Deus é a pessoa mais maravilhosa que existe: sumamente encantador, amável, gentil, delicado, compreensivo, inteligente, simpático, alegre etc. Seu amor é infinito e é fidelíssimo. Que mais queremos?
Quem compreende essa verdade terá um grande estofo para as suas carências afetivas, lembrando aquilo que dizia Santa Teresa: “Quem a Deus tem nada lhe falta, só Deus basta!”. Mas, é lógico, como somos humanos, sempre sentiremos falta de ser amados por amores humanos.
Em segundo lugar, se a carência se refere a um familiar, um parente, devemos entregar nas mãos de Deus. Depois, nunca desistir de dar amor a essa pessoa, pois é amando que facilitamos o caminho para as pessoas nos amarem, se elas têm alguma dificuldade.
Se o que nos está faltando é o amor de um rapaz, de uma moça, começar por rezar e entregar nas mãos de Deus. Depois, lançar mão dos meios razoáveis para conhecer boas pessoas.

b) carência afetiva excessiva
A carência excessiva ocorre quando somos muito inseguros, quando temos uma personalidade muito voltada para nós mesmos.
O que temos de fazer portanto é sanar de alguma maneira essas deficiências. Com relação à insegurança: crescer na fé, na confiança em Deus e, se necessário, fazer uma terapia com um bom profissional se possível alguém cristão. É preciso descobrir a raiz dessa insegurança.
Com relação a estarmos muito voltados para nós mesmos, é sinal de que estamos padecendo de outro mal: a carência “de amar”. Para isso, nada melhor do que dar mais tempo a nossos amigos ou fazer um trabalho social.
 Creio que poucos podem dizer que nunca sentiram carência afetiva. Sentir falta de um abraço, uma palavra de carinho, um apoio do chefe faz parte da condição humana. O sofrimento surge quando não percebemos a possibilidade desse contato caloroso com outras pessoas. Este é o momento de questionar-se: Será que você não tem pessoas calorosas por perto ou será que elas até estão por perto, mas você as está afastando?

O que caracteriza o imaturo e o carente é a necessidade de receber amor. Eles buscam, procuram, pedem, mendigam, reclamam, querem comprar, exigem amor, amor e mais amor. São sedentos constantes de amor. Famintos de amor. Por vezes, a fome e a sede de amor crescem na medida em que passam os anos e não o recebem suficientemente.
O que caracteriza o “maduro afetivo” é a vontade alegre, a naturalidade e até a necessidade de dar, de oferecer, de transbordar amor, de forma gratuita, feliz.
Todo ser humano passa – deveria passar – pelas duas fases da formação do coração afetivo. Passar pela fase receptiva, e desta para a fase oblativa. Receptiva é a fase etária de receber amor efetivo e afetivo. Oblativa é a fase de oferecer, dar amor efetivo e afetivo.
 
 
 
 
 
 
Pe.Emílio Carlos

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