quinta-feira, 22 de outubro de 2015

CREIO NO ESPÍRITO SANTO, FONTE DA VIDA.

 
Nós professamos: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos Profetas”.
Tudo o que falamos de Deus, da verdade sobre o homem, da salvação, nós somente podemos fazê-lo pela ação e inspiração do Espírito Santo. Nossa capacidade é reduzida por causa da condição de pecadores, sujeita ao orgulho e à vaidade, e o Espírito vem em nosso socorro.
O mistério de Jesus Cristo, Deus e homem, morto e ressuscitado é conhecido pelas Escrituras, mas somente experimentado como Senhor e verdade transformadora por ação do Espírito, “que nos ensina toda a verdade” (cf. João 14, 26). Ele, Senhor que dá a vida, é a alma da Igreja: sem alma, um corpo é cadáver, sem alma, a Igreja é apenas ONG ou estrutura devocional. Talvez seja pela pouca aceitação da força e luz do Espírito que nós confundamos liturgia com cerimônia, ministério com poder, tradição com tradicionalismo, Bíblia com livro de auto-ajuda. Porque, com o Espírito Santo, a liturgia é a celebração do mistério pascal, a Igreja é povo de Deus e Corpo de Cristo, o ministério é serviço, a Bíblia é palavra de Deus, tradição é a permanência fiel na fé que nos foi transmitida desde o início.

O Espírito da vida e da coragem

Ainda no tempo apostólico, o apóstolo Filipe encontrou o eunuco da Rainha de Candace lendo a Bíblia sem nada entender. Movido pelo Espírito, Filipe lhe explicou o texto e ele creu no Senhor (cf. Atos, 8, 26-27). Encontrando alguns que se diziam cristãos, Paulo perguntou-lhes se tinham recebido o Espírito Santo, e responderam que nem sabiam de que se tratava (cf. Atos 19, 1-7). Paulo impôs-lhes as mãos e se transformaram.
Falando aos bispos da Coréia do Sul (14-08-2014) Papa Francisco pediu que não caiamos na tentação da lógica do mercado, dos números, do sucesso: “Em muitas circunstâncias os agentes de pastoral são tentados a adotar não só modelos eficazes de ação, programação e organização tirados do mundo dos negócios,  mas também um estilo de vida e uma mentalidade guiados mais pelos critérios mundanos de sucesso e até de poder do que pelos critérios enunciados por Jesus no Evangelho”.
Jesus é o nosso Intercessor junto ao Pai, o Espírito Santo é o nosso Advogado junto ao Pai (Paráclito): se Satanás é o acusador, o Espírito e o Senhor nos defendem, cobrem nossas fraquezas, e nos enchem de coragem. Não ter medo de viver a fé, de proclamar a vida nova em Cristo é o fruto maduro da ação do Espírito em nós. Não seremos grupos barulhentos, dados a esquisitices, mas seremos membros de comunidades vivas onde frutifica o amor cristão.

O Espírito luz, fogo, vento

É verdade que no dia de Pentecostes o Espírito se manifestou sob a forma de línguas de fogo, de vento impetuoso, mas também é verdade que se manifestou como mansa pombinha, brisa da tarde, fogo que aquece o coração e nos impele a conhecer e amar a Jesus. O fogo do Espírito queimou a ignorância dos Apóstolos, e como vento impetuoso desmonta nossas seguranças humanas e as substitui pela segurança humilde da fé, da esperança e da caridade.
Em nosso orgulho, nos achamos os crentes verdadeiros, exemplares, mas o Espírito geme dentro de nós revelando nossa condição frágil, iluminando nossa consciência, não para nos humilhar, mas para que busquemos a graça que salva e torna fértil o chão de nossa existência.
Mergulhado na água do batismo, o Espírito lava nossas impurezas e nos reveste de Cristo, arranca nossas máscaras e nos dá um novo rosto, humano; transmitido pelo óleo consagrado, unge um povo de sacerdotes, alivia os sofrimentos dos enfermos; comunicado pela imposição das mãos oferece à Igreja bispos, sacerdotes e diáconos; unindo o casal de noivos, faz deles marido e mulher com a graça da fidelidade, do amor fecundo. Santificando, pela ação do Pai, o pão e o vinho, coloca em nossa mesa fraterna o Pão da Vida eterna e rejunta nossos ossos com carne rediviva. Ele falou pelos Profetas, ele quer nos falar e falar por nós. E, obra prima da criação, deu-nos Maria, a Virgem Mãe, causa de nossa alegria, anúncio de um Reino que é justiça, paz e alegria no Espírito Santo  (cf. Rm 14, 17).





Pe. José Artulino Besen

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