terça-feira, 6 de outubro de 2015

O BOM SAMARITANO

 
«Este é o meu amado; este é o meu amigo, mulheres de Jerusalém» (Ct 5,16). 

A Esposa do Cântico mostra aquele que procurava, dizendo: «Eis quem eu procuro, Aquele que, para Se tornar nosso irmão, veio de Judá.

Tornou-Se amigo daquele que caiu nas mãos dos salteadores; curou as suas feridas com azeite, vinho e ligaduras; içou-o para a sua própria montada; levou-o para uma estalagem; deu duas moedas de prata para que cuidassem dele; e prometeu pagar, quando regressasse, o que tivessem gastado no cumprimento das suas ordens». 

Cada um destes detalhes tem um significado bem evidente.
O doutor da Lei tentou o Senhor e quis mostrar a sua superioridade em relação aos outros, dizendo: «E quem é o meu próximo?»
O Verbo expõe-lhe então, sob a forma de uma narrativa, toda a história sagrada da misericórdia: conta a queda do homem, a emboscada dos salteadores, o roubo da veste incorruptível, as feridas do pecado, a invasão causada pela morte em metade da nossa natureza (uma vez que a nossa alma permanece imortal), a passagem inútil da Lei (uma vez que nem o sacerdote nem o Levita trataram das feridas daquele que tinha caído nas mãos dos salteadores).

«Era, na verdade, impossível que o sangue dos touros e dos carneiros apagasse o pecado» (Heb 10,4): só o podia fazer Aquele que revestiu toda a natureza humana: a dos judeus, dos samaritanos, dos gregos, numa palavra, de toda a humanidade.

Com o seu corpo, que é a montada, Ele veio ao encontro da miséria do homem. Curou as suas feridas, fê-lo repousar na sua própria montada, fez da sua misericórdia uma estalagem, onde todos os que penam e se vergam sob o seu fardo encontram repouso (cf Mt 11,28).

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