A Igreja celebra neste 7 de outubro a festa de Nossa Senhora do Rosário, recordando a vitória dos cristãos na batalha de Lepanto
Foram várias as ocasiões, ao longo da história da Igreja, em que a
assistência providencial da Virgem Maria fez com que os cristãos
travassem o bom combate (cf. 2 Tm 4, 7) e guardassem intacto o "precioso
depósito" da fé católica (2 Tm 1, 14).
Não se contentando em deixar aos homens o seu digno exemplo de mãe e
discípula de Jesus, o Senhor presenteou a Sua Igreja com o dom
inestimável do Santo Rosário. No final do século XII, para vencer a
influente heresia dos albigenses (de matriz gnóstica, esta heresia
chegava a negar a ressurreição de Jesus), São Domingos de Gusmão
recorreu ao auxílio de Nossa Senhora. "Insigne pela integridade da
doutrina, por exemplos de virtude e pelos seus labores apostólicos",
escreve o Papa Leão XIII, Domingos confiou "não na força das armas, mas
sobretudo na daquela oração que ele, por primeiro, introduziu sob o nome
do santo Rosário, e que, ou diretamente ou por meio dos seus
discípulos, depois divulgou por toda parte"01.
A grandeza desta devoção, já profundamente enraizada no espírito dos
católicos de todo o mundo, reside especialmente em sua simplicidade.
Nesta "escola de oração" – como a chamou o Papa Francisco, no Angelus
deste domingo02
–, os cristãos são chamados a configurar-se de modo mais perfeito a
Jesus Cristo, meditando os mistérios de sua vida e haurindo deles a
força para perseverar dia a dia na fé.
Era assim que o bem-aventurado João XXIII – cuja canonização se
avizinha – ensinava os católicos a rezarem o Santo Terço: "Na oração do
rosário, aquilo que conta é o movimento dos lábios em sintonia com a
devota meditação de cada mistério"03. Mais do que simplesmente recitar Pai Nossos, Ave Marias e Glórias em uma "monótona sucessão das três orações"04 – o que, em tempos de materialismo e irreligiosidade, já é louvável –, é
importante que os cristãos façam sempre alguns momentos de silêncio, a
fim de realizar a oração mental, sem a qual é impossível se santificar.
A partir destas lições, não é difícil entender por que os
neoprotestantes dentro da Igreja estão totalmente equivocados quando
dizem que o Rosário é uma oração excessivamente mariana – ou, no seu
dizer, "mariocêntrica". É claro que as suas críticas são preocupações
escrupulosas de quem teme ofender a Jesus honrando Sua santíssima Mãe.
No entanto, nem isto justifica que se acoime o Santo Terço de "esquecer"
ou "desprezar" Jesus. Basta rezar com o mínimo de diligência o Santo
Rosário para perceber que o centro de toda a oração está na contemplação
dos mistérios da vida de Jesus, desde a Sua encarnação no seio da
Virgem até a Sua gloriosa ascensão aos céus. As Ave Marias são,
sobretudo, coroas de rosas que se oferecem a Nossa Senhora, a fim de
ornar com a sublimidade da saudação angélica os pilares fundamentais de
nossa salvação.
A memória de Nossa Senhora do Rosário, instituída no século XVI pelo
Papa São Pio V, é um retrato particularmente notável da força desta
simples oração.
Foi em Lepanto, no dia 7 de outubro de 1571, que os fiéis combatentes
católicos, com a bênção do Santo Padre e a proteção da Virgem das
Vitórias, venceram os turcos muçulmanos, que estendiam seu domínio por
grande parte da Europa. A vitória rápida se deveu à grande confusão dos
otomanos, que ficaram aterrorizados ao vislumbrar, acima dos
mastros da esquadria católica, a imagem de uma Senhora de aspecto
grandioso e ameaçador.
Assim como triunfou na batalha de Lepanto, a Igreja militante é
chamada a recorrer continuamente à Mãe do Rosário, para vencer a guerra
mais importante de todas – a que diz respeito à salvação das almas. E,
assim, no Céu, todos entoarão a famosa frase que representou aquele
grande combate marítimo: Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos fecit – Nem as tropas, nem as armas, nem os combatentes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
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