Quando chegarmos à maturidade
espiritual de dar o perdão aos inimigos, então estaremos perto da
perfeição cristã. E uma prova de fogo!
Um dos mais profundos ensinamentos que Jesus nos deixou no Sermão da Montanha (Mateus, capítulos 5,6 e 7), foi sobre a perfeição cristã, que se revela no perdão e na misericórdia.
Quando Jesus ensinou: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,45), Ele revelou que a perfeição cristã deve levar-nos ao extremo do amor isto é, “amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem”(Mt 5,44). Em seguida, Jesus completa:
“Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 5,45).
E, como se não bastassem essas palavras para nos convencer da necessidade da misericórdia para com os “maus”, Jesus vai mais fundo ainda e pede mais:
“Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?” (Mt 5,47).
Essas palavras nos ensinam que não há mérito em amarmos os amigos e irmãos, e não haverá recompensa por isso; mas que o mérito, a perfeição cristã, a novidade de vida, está em amarmos e respeitarmos também os maus, os inimigos, aqueles que nos ofenderam.
É impressionante como Jesus exige de nós, radicalmente, a vivência do perdão:
“Tendes ouvido o que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente. ‘Eu, porém, vos digo: ‘Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra’ ” (Mt 5,38-39).
Jesus nos proíbe qualquer tipo de vingança, represália ou violência, como resposta às ofensas recebidas. A razão é simples: somos todos filhos do mesmo Pai; assim, Deus não suporta que um dos Seus filhos negue o perdão a um dos irmãos.
Quando chegarmos à maturidade espiritual de dar o perdão aos inimigos, então estaremos perto da perfeição cristã. E uma prova de fogo!
E claro que não é fácil perdoar; se fosse, não teríamos mérito algum. Por nossas próprias forças não conseguiremos perdoar; necessitamos da graça e da ajuda de Deus. As vezes, precisamos olhar fixo para Cristo sangrando na cruz e invocar o Seu preciosíssimo Sangue, a fim de termos força para perdoar.
Não nos esqueçamos de que foi na paixão e na cruz que o Senhor nos deu a maior prova de como perdoar aos inimigos: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34a). Ninguém perdoou tanto como Jesus. Na cruz, Ele provou com atos o que ensinou no Sermão da Montanha com palavras.
A única exigência que Deus faz para perdoar todos os nossos pecados, quaisquer que sejam, é que, além de arrependidos dos mesmos, tenhamos perdoado aos que nos ofenderam. Disse Jesus:
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará ” (Mt 6,14).
Essas palavras são claras demais, dispensam qualquer explicação. E Jesus vai mais longe ainda e garante que Deus não aceita a oferta daquele filho que negar o perdão ao irmão:
“Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do aliar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti’ deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então, vem fazer a tua oferta” (Mt 5,23-24).
Também no “Pai Nosso”, a oração que saiu do coração de Jesus, Ele exige: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam” (Mt 6,12)
Fico impressionado com o número de vezes que Jesus fala da necessidade do perdão. Quando Pedro lhe perguntou:
“Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes ? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete’ ” (Mt 18,21b-22).
A resposta de Jesus a Pedro é clara: perdoar sempre, porque Deus está pronto a perdoar sempre. Para ser mais claro ainda, para que Pedro e os discípulos entendessem bem a necessidade do perdão, Jesus contou aquela parábola do empregado a quem o patrão tinha perdoado uma dívida de “dez mil talentos” de ouro (cada talento eqüivalia a 36 quilos!). Uma dívida impagável! E, no entanto, aquele empregado, cuja dívida impagável fora perdoada, não perdoou a um devedor que lhe devia apenas cem denários (salário de cem dias de um trabalhador simples). Então, o patrão entregou aquele “servo mau” aos algozes até que pagasse toda a dívida. E, concluindo a parábola, Jesus adverte:
“Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração” (Mt 18, 35).
Precisamos perdoar ao irmão de todo o coração – é a exigência de Jesus. Deixemos a justiça e a vingança para Deus; Ele fará cumprir toda a justiça. Não podemos querer executá-la com as nossas próprias mãos; elas também ficariam sujas de sangue.
Ensinando sobre isso aos cristãos de Roma, São Paulo disse-lhes:
“Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os e não os praguejeis (…). Não pagueis a ninguém o mal com o mal (…) Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque está escrito: ‘A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor ” (Rm 12,14.17a.19).
Fonte: ALETEIA
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