A
visita do Papa Francisco a Assis começou cedo, antes do horário
previsto, com um encontro comovente com os doentes e as crianças com
deficiência na igreja do Instituto Seráfico.
O
Pontífice saudou todos os presentes, um a um, com palavras e gestos de
carinho e afeto. A seguir, improvisou um discurso sobre as chagas de
Jesus – chagas que precisam ser ouvidas e reconhecidas.
“Aqui,
Jesus está escondido nesses jovens, nessas crianças, nessas pessoas. No
altar, adoramos a Carne de Jesus. Neles, encontramos as chagas de
Cristo – que precisam ser ouvidas talvez não tanto nos jornais, como
notícias... Esta é uma escuta que dura um, dois, três dias. Devem ser
ouvidas por aqueles que se dizem cristãos. O cristão adora e busca
Jesus, e sabe reconhecer as suas chagas. A Carne de Jesus são as suas
chagas nessas pessoas.”
O
Instituto foi fundado em 1871 pelo frade franciscano Beato Ludovico de
Casória. Hoje, é um ponto de referência nacional para a reabilitação de
pessoas com graves deficiências físicas e mentais.
Da
igreja do Instituto Seráfico, Francisco rezou no Santuário de S. Damião,
onde foi acolhido pelo Ministro-geral da Ordem Franciscana dos Frades
Menores, Fr. Michael Perry, e pela comunidade do Convento.
A sede
episcopal foi a etapa sucessiva, onde se realizou uma visita histórica –
a primeira de um Pontífice em 800 anos. No Bispado, se encontra a Sala
da Espoliação, onde São Francisco renunciou aos bens paternos para
consagrar-se a Deus. Nesta Sala, o Papa se encontrou com um grupo de
pessoas assistidas pelas oito Caritas diocesanas.
E foi
sobre este termo, espoliação, que Francisco deixou de lado seu discurso
escrito, para falar aos pobres, entre os quais muitos estrangeiros.
“Esta é
uma boa ocasião para fazer um convite à Igreja para se espoliar”, disse
o Papa, recordando que todos somos Igreja, não só os sacerdotes e as
freiras, e todos devemos ir pela estrada de Jesus, pela estrada de
espoliação que ele mesmo percorreu. “Se quisermos ser cristãos, não há
outro caminho. Sem a cruz, sem Jesus, sem espoliação, seremos cristãos
de ‘confeitaria’”, ou seja, belos, mas não verdadeiros.
Francisco
advertiu que a Igreja deve se espoliar hoje de um grave perigo,
representado pelo mundano. “O cristão não pode conviver com o espírito
do mundo, que nos leva à vaidade, à prepotência, ao orgulho. Isso é um
ídolo, não é Deus. A idolatria é o pecado mais grave. É muito triste
encontrar um cristão mundano, certo da segurança que o mundo lhe dá.”
Deus é único, recordou o Pontífice, e o espírito do mundo não tem lugar
na vida cristã.
“Muitos
de vocês foram espoliados deste mundo selvagem, que não dá emprego, que
não ajuda, ao qual não importa se existem crianças que morrem de fome
no mundo, não importa se muitas famílias não têm o que comer, não têm a
dignidade de levar o pão para casa, se tantas pessoas têm que fugir da
escravidão, da fome e fugir em busca de liberdade. E quanta dor quando
vemos que encontram a morte, como aconteceu ontem em Lampedusa. Hoje, é
um dia de lágrimas. É o espírito do mundo que faz essas coisas”,
explicou o Papa, que usou palavras fortes para quem se deixar levar por
este espírito:
“É
realmente ridículo que um cristão verdadeiro, que um padre, um freira,
um bispo, um cardeal, um papa, queiram percorrer esta estrada do
mundano, que é uma atitude homicida. O mundano mata, mata a alma, as
pessoas, mata a Igreja. Hoje, aqui, peçamos a graça para todos os
cristãos de que o Senhor nos dê a coragem de nos espoliar do espírito do
mundo, que é a lepra e o câncer da sociedade, é o câncer da revelação
de Deus. O espírito do mundo é o inimigo de Jesus.”
Fonte: Rádio Vaticano
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segunda-feira, 7 de outubro de 2013
"O ESPIRITO DO MUNDO É A LEPRA E O CÂNCER DA IGREJA E DA SOCIEDADE", DIZ O PAPA EM ASSIS.
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