As leituras deste domingo convidam-nos a refletir o tema da
hospitalidade e do acolhimento. Sugerem, sobretudo, que a existência cristã é o
acolhimento de Deus e das suas propostas; e que a ação (ainda que em favor dos
irmãos) tem de partir de um verdadeiro encontro com Jesus e da escuta da
Palavra de Jesus. É isso que permite encontrar o sentido da nossa ação e da
nossa missão.
A primeira leitura propõe-nos a figura patriarcal de Abraão. Nessa
figura apresenta-se o modelo do homem que está atento a quem passa, que
partilha tudo o que tem com o irmão que se atravessa no seu caminho e que
encontra no hóspede que entra na sua tenda a figura do próprio Deus. Sugere-se,
em consequência, que Deus não pode deixar de recompensar quem assim procede.
No Evangelho, apresenta-se um outro quadro de hospitalidade e de
acolhimento de Deus. Mas sugere-se que, para o cristão, acolher Deus na sua
casa não é tanto embarcar num ativismo desenfreado, mas sentar-se aos pés de
Jesus, escutar as propostas que, n’Ele, o Pai nos faz e acolher a sua Palavra.
A segunda leitura apresenta-nos a figura de um apóstolo (Paulo), para
quem Cristo, as suas palavras e as suas propostas são a referência fundamental,
o universo à volta do qual se constrói toda a vida. Para Paulo, o que é
necessário é “acolher Cristo” e construir toda a vida à volta dos seus valores.
É isso que é preponderante na experiência cristã.
1ª leitura: Gn. 18,1-10ª - AMBIENTE
Os capítulos 12-36 do Livro do Gênesis são um conjunto de textos sem
grande unidade e sem caráter de documento histórico ou de reportagem
jornalística de acontecimentos. Fundamentalmente, estamos diante de uma mistura
de “mitos de origem” (que narravam a chegada de um “fundador” a um determinado
local e a tomada de posse daquela terra), de “lendas cultuais” (que relatavam
como um deus qualquer apareceu em determinado local a um desses “fundadores” e
como esse lugar se tornou um local de culto) e de relatos onde se expressa a
realidade da vida nômade durante o segundo milênio antes de Cristo.
Na origem do texto que hoje nos é proposto como primeira leitura está,
provavelmente, uma antiga “lenda cultual” que narrava como três figuras divinas
tinham aparecido a um cananeu anônimo junto do carvalho sagrado de Mambré
(perto de Hebron), como esse cananeu os tinha acolhido na sua tenda e como
tinha sido recompensado com um filho pelos deuses (Mambré é um famoso santuário
cananeu, já no terceiro milênio a.C., muito antes de Abraão aí ter chegado).
Mais tarde, quando Abraão se estabeleceu nesse lugar, a antiga lenda cananaica
foi-lhe aplicada e ele passou a ser o herói desse encontro com as figuras
divinas. No séc. X a.C. (reinado de Salomão), os autores jahwistas recuperaram
essa velha lenda para apresentar a sua catequese.
MENSAGEM
Qual é, então, a proposta catequética que os autores jahwistas querem
fazer passar, servindo-se dessa velha “lenda cultual”?
No estado atual do texto, a personagem central é Abraão. É esta figura
que os catequistas jahwistas vão apresentar aos israelitas da época de Salomão,
como um modelo de vida e de fé.
O texto apresenta-nos Abraão “sentado à entrada da sua tenda, na hora de
maior calor do dia” (v. 1). De repente, aparecem três homens diante de Abraão
(v. 2). Abraão convida-os a entrar; não se limita a trazer-lhes água para lavar
os pés, mas improvisa um banquete com pão recentemente cozido, com um vitelo
“tenro e bom” do rebanho, com manteiga e leite; depois, fica de pé junto deles,
na atitude do servo sempre vigilante para que nada falte aos convidados (vs.
3-8): é a lendária hospitalidade nômade no seu melhor.
Abraão é, assim, apresentado, como o modelo do homem íntegro, humano,
bondoso, misericordioso, atento a quem passa e disposto a repartir com ele, de
forma gratuita, aquilo que tem de melhor.
Terminada a refeição, é anunciada a Abraão a próxima realização dos seus
anseios mais profundos: a chegada de um filho, o herdeiro da sua casa, o
continuador da sua descendência (vs. 9-10). Aparentemente, o dom do filho é a
resposta de Deus à ação de Abraão: o catequista jahwista pretende dizer que
Deus não deixa passar em claro, mas recompensa uma tal atitude de bondade, de
gratuidade, de amor.
O texto apresenta, complementarmente, a atitude do verdadeiro crente
face a Deus. Ao longo do relato – sem que fique expresso se Abraão tem ou não
consciência de que está diante de Deus – transparece a serena submissão, o
respeito, a confiança total (num desenvolvimento que, contudo, não aparece na
leitura que nos é proposta, Sara ri diante da “promessa”; mas Abraão
conserva-se em silêncio digno, sem manifestar qualquer dúvida – vs. 10b-15):
tais são as atitudes que o crente israelita é convidado a assumir diante desse
Deus que vem ao encontro do homem.
Atente-se, também, na sugestiva imagem de um Deus que irrompe
repentinamente na vida do homem, que aceita entrar na sua tenda e sentar-Se à
sua mesa, constituindo-Se em comunidade com ele. Por detrás desta imagem, está
o significado do comer em conjunto: criar comunhão, estabelecer laços de
família, partilhar vida. O jahwista apresenta, assim, um Deus dialogante, que
quer estabelecer laços familiares com o homem e estabelecer com ele uma
história de amor e de comunhão.
O catequista jahwista aproveitou a velha “lenda cultual” e a figura
inspirativa de Abraão para apresentar aos homens do seu tempo o modelo do
crente: ele é aquele a quem Deus vem visitar, que o acolhe na sua casa e na sua
vida de forma exemplar, que coloca tudo o que possui nas mãos de Deus e que
manifesta, com o seu comportamento, a sua bondade, a sua humanidade, a sua
confiança e a sua fé; ele é aquele que partilha o que tem com quem passa e
cumpre em grau extremo o sagrado dever da hospitalidade. A realização dos
anseios mais profundos do homem é a recompensa de Deus para quem age como
Abraão.
ATUALIZAÇÃO
• Cada vez mais, o sagrado sacramento da hospitalidade está em
crise, pelo menos na nossa civilização ocidental. O egoísmo, o fechamento, o
“salve-se quem puder”, o “cada um que se meta na sua vida”… parecem marcar cada
vez mais a nossa realidade. No entanto, são cada vez mais as pessoas perdidas,
não acolhidas, que têm por teto os buracos das nossas cidades… De África, do
Leste da Europa, da Ásia, da América Latina, chegam todos os dias à fronteira
da “fortaleza Europa” bandos de deserdados, que procuram conquistar, com
sangue, suor e lágrimas, o direito a uma vida minimamente humana. Que fazer por
eles? Como os acolhemos: com indiferença e agressividade, ou com a atitude
humana e misericordiosa de Abraão? Temos consciência de que, em cada irmão
deserdado, é Deus que vem ao nosso encontro?
• É com atenção, com bondade, com respeito, que as pessoas são
acolhidas na nossa família, na nossa comunidade cristã, nas nossas repartições
públicas, nas urgências dos nossos hospitais, nas recepções das nossas igrejas,
nas portarias das nossas comunidades religiosas?
• A atitude de Abraão face a Deus é, também, questionante, numa
época em que muita gente vê em Deus um concorrente ou um rival do homem… Abraão
é o crente que acolhe Deus na sua vida, que aceita viver em comunhão com Ele,
que aceita pôr tudo o que tem nas mãos de Deus e que se coloca diante de Deus
numa atitude de respeito, de submissão, de total confiança. Qual é a atitude
que marca, dia a dia, a nossa relação com Deus?
2ª leitura: Cl. 1,24-28 - AMBIENTE
Continuamos com a leitura dessa carta aos Colossenses que já vimos no
passado domingo. Recordemos que é uma carta escrita por Paulo da prisão (em
Roma), convidando os habitantes da cidade de Colossos (Ásia Menor) a não darem
ouvidos a esses doutores para quem a fé em Cristo devia ser complementada com o
culto dos anjos, com rituais legalistas, com práticas ascéticas rigoristas e
com a observância de certas festas… Para Paulo, o único necessário é Cristo: a
sua vida, o seu testemunho, a sua cruz (o dom da vida por amor) e a sua
ressurreição. Estamos por volta dos anos 61/63.
O texto que nos é proposto inicia a parte polêmica da carta. Nele, Paulo
apresenta o seu próprio exemplo, para que ele sirva de estímulo aos
Colossenses.
MENSAGEM
Qual é, então, o exemplo que o apóstolo quer propor aos cristãos de
Colossos? É um exemplo de alguém que, a partir da sua conversão, se alheou de
tudo o resto, fez de Cristo a referência fundamental e se preocupou apenas em
pôr a sua vida ao serviço de Cristo.
Ao longo do seu caminho de missionário, Paulo sofreu muito para levar a
proposta de salvação a todos os homens, sem exceção (cf. 2Cor. 11,23-29).
Inclusive, no momento em que escreve, Paulo está prisioneiro por causa do
anúncio do Evangelho. No entanto, o apóstolo sente-se feliz pois sabe que esses
sofrimentos não foram em vão, mas deram frutos e levaram muita gente a
descobrir Jesus Cristo e a sua proposta de libertação.
Mais ainda: os sofrimentos de Paulo completam “o que falta à paixão de Cristo, em favor do seu corpo que é a Igreja”. Que significa isto? Para uns, Paulo refere-se à união da Igreja/corpo com o Cristo/cabeça: uma vez que a cabeça (Cristo) sofreu, os membros devem sofrer também para partilhar a sorte que a cabeça suportou. Esta explicação põe em relevo a união dos cristãos com Cristo e dos cristãos entre si.
Mais ainda: os sofrimentos de Paulo completam “o que falta à paixão de Cristo, em favor do seu corpo que é a Igreja”. Que significa isto? Para uns, Paulo refere-se à união da Igreja/corpo com o Cristo/cabeça: uma vez que a cabeça (Cristo) sofreu, os membros devem sofrer também para partilhar a sorte que a cabeça suportou. Esta explicação põe em relevo a união dos cristãos com Cristo e dos cristãos entre si.
Para outros, Paulo refere-se à ação redentora de Jesus: para Jesus, a
redenção significou a cruz e o dom da vida; se os apóstolos aceitam ser
testemunhas da redenção, isso implica, também para eles, o dom da vida (que
passa pela perseguição e pelo sofrimento). Esta explicação põe em relevo a
unidade do ministério de Cristo e dos apóstolos e a necessidade do testemunho
apostólico. Esta explicação – que aparece já nos Padres Gregos – é a que está
mais de acordo com o contexto.
De resto, Paulo tem consciência de que foi chamado por Cristo a anunciar
o “mistério” (“mystêrion” – v. 26). Esta palavra (que a “Lumen Gentium”
retomará para definir a Igreja e a sua missão no mundo – cf. LG 1) designa, em
Paulo, o plano salvador de Deus, escondido aos homens durante séculos, revelado
plenamente na vida, na ação e nas palavras de Jesus Cristo e continuado pelos
discípulos de Jesus (Igreja) na história. O esforço de Paulo (e dos cristãos em
geral) deve ir no sentido de continuar a apresentação desse projeto de
salvação/libertação que traz a vida em plenitude aos homens de toda a terra.
Paulo convida, pois, os Colossenses a construir a sua vida à volta de
Jesus e do seu projeto (mesmo que isso implique sofrimento e perseguição); com
o seu exemplo, Paulo estimula-os a uma comunhão cada vez mais perfeita com
Cristo, pois é em Cristo (e não nos anjos, ou nas prática legalistas, ou nas
práticas ascéticas) que os crentes encontrarão a salvação e a vida em
plenitude.
ATUALIZAÇÃO
• Paulo é, para os crentes, uma das figuras mais questionantes da
história do cristianismo. É o cristão de “vistas largas”, que não se deixa
amarrar pelas coisas secundárias, mas sabe discernir o essencial e lutar por
aquilo que é importante… Mas, sobretudo, é o exemplo do apóstolo por
excelência, do apóstolo para quem Cristo é tudo e que põe cada batida do seu
coração ao serviço do Evangelho e da libertação dos homens. É com o mesmo
empenho de Paulo que eu “agarro” a missão que Cristo me confiou? Como é que a
nossa comunidade trata e considera esses irmãos que, tantas vezes escondidos
atrás da sua simplicidade e humildade, dão a vida à causa do Evangelho e da
libertação dos outros?
• A centralidade que Cristo assume na experiência religiosa de
Paulo leva-o à conclusão de que Cristo basta e que tudo o resto assume um valor
relativo (quando não serve, até, para “desviar” os crentes do essencial). Que
valor ocupa Cristo na minha experiência de fé? Ele é a prioridade fundamental,
ou há outras imagens ou ritos que chegam a ocupar o lugar central que só pode
pertencer a Cristo?
Evangelho: Lc. 10,38-42 - AMBIENTE
Este episódio situa-nos numa aldeia não identificada, em casa de duas
irmãs (Marta e Maria). Estas duas irmãs são, provavelmente, as mesmas Marta e
Maria, irmãs de Lázaro, referidas em Jo 11,1-40 e Jo 12,1-3. Se assim for, a
acção passa-se em Betânia, uma pequena aldeia situada na encosta oriental do
Monte das Oliveiras, a cerca de 3 quilômetros de Jerusalém. Continuamos, de
qualquer forma, a percorrer esse “caminho de Jerusalém”, durante o qual Jesus
vai revelando aos seus discípulos os projetos do Pai e os vai preparando para o
testemunho do Reino.
MENSAGEM
Estamos no contexto de um banquete. Não se diz se havia muitos ou poucos
convidados; o que se diz é que uma das irmãs (Marta) andava atarefada “com
muito serviço” (v. 40), enquanto a outra (Maria) “sentada aos pés de Jesus,
ouvia a sua Palavra” (v. 39). Marta, naturalmente, não se conformou com a
situação e queixou-se a Jesus pela indiferença da irmã. A resposta de Jesus
(vs. 41-42) constitui o centro do relato e dá-nos o sentido da catequese que,
com este episódio, Lucas nos quer apresentar: a Palavra de Jesus deve estar
acima de qualquer outro interesse.
Há, neste texto, um pormenor que é preciso pôr em relevo. Diz respeito à
“posição” de Maria: “sentada aos pés de Jesus”. É a posição típica de um
discípulo diante do seu mestre (cf. Lc. 8,35; At. 22,3). É uma situação
surpreendente, num contexto sociológico em que as mulheres tinham um estatuto
de subalternidade e viam limitados alguns dos seus direitos religiosos e
sociais; por isso, nenhum “rabbi” da época se dignava aceitar uma mulher no
grupo dos discípulos que se sentavam aos seus pés para escutar as suas lições.
Lucas (que, na sua obra, procura dizer que Jesus veio libertar e salvar os que
eram oprimidos e escravizados, nomeadamente as mulheres) mostra, neste
episódio, que Jesus não faz qualquer discriminação: o fato decisivo para ser
seu discípulo é estar disposto a escutar a sua Palavra.
Muitas vezes, este episódio foi lido à luz da oposição entre ação e
contemplação; no entanto, não é bem isso que aqui está em causa… Lucas não
está, nesta catequese, a explicar que a vida contemplativa é superior à vida
ativa; está é a dizer que a escuta da Palavra de Jesus é o mais importante para
a vida do crente, pois é o ponto de partida da caminhada da fé. Isto não
significa que o “fazer coisas”, que o “servir os irmãos” não seja importante;
mas significa que tudo deve partir da escuta da Palavra, pois é a escuta da
Palavra que nos projeta para os outros e nos faz perceber o que Deus espera de
nós.
ATUALIZAÇÃO
• O nosso tempo vive-se a uma velocidade estonteante… Para ganhar uns
minutos, arriscamos a vida porque “tempo é dinheiro” e perder um segundo é
ficar para trás ou deixar acumular trabalho que depois não conseguimos
“digerir”. Mudamos de fila no trânsito da manhã vezes incontáveis para ganhar
uns metros, passamos semáforos vermelhos, comemos de pé ao lado de pessoas para
quem nem olhamos, chegamos a casa derreados, enervados, vencidos pelo cansaço e
pelo stress, sem tempo e sem vontade de brincar com os filhos ou de lhes ler
uma história e dormimos algumas horas com a consciência de que amanhã tudo vai
ser igual… Claro que estas são as exigências da vida moderna; mas, como é
possível, neste ritmo, guardar tempo para as coisas essenciais? Como é possível
encontrar espaço para nos sentarmos aos pés de Jesus e escutarmos o que Ele tem
para nos propor?
• Nas nossas comunidades cristãs e religiosas, encontramos pessoas
que fazem muitas coisas, que se dão completamente à missão e ao serviço dos
irmãos, que não param um instante… É ótimo que exista esta capacidade de
doação, de entrega, de serviço; mas não nos podemos esquecer que o ativismo
desenfreado nos aliena, nos massacra e asfixia. É preciso encontrar tempo para escutar
Jesus, para acolher e “ruminar” a Palavra, para nos encontrarmos com Deus e
conosco próprios, para perceber os desafios que Deus nos lança. Sem isso,
facilmente perdemos o sentido das coisas e o sentido da missão que nos é
proposta; sem isso, facilmente passamos a agir por nossa conta, passando ao
lado do que Deus quer de nós.
• Esta época do ano – tempo de férias, de evasão, de descanso – é um
tempo privilegiado para invertermos a marcha alienante que nos massacra. Que
este tempo não seja mais uma corrida desenfreada para lugar nenhum, mas um
tempo de reencontro conosco, com a nossa família, com os nossos amigos, com
Deus e com as nossas prioridades. A oração e a escuta da Palavra podem
ajudar-nos a recentrar a nossa vida e a redescobrir o sentido da nossa
existência.
• Qual é a nossa perspectiva da hospitalidade e do acolhimento?
Esta leitura sugere que o verdadeiro acolhimento não se limita a abrir a porta,
a sentar a pessoa no sofá, a ligar a televisão para que ela se entretenha
sozinha, e a correr para a cozinha para lhe preparar um banquete opíparo; mas o
verdadeiro acolhimento passa por dar atenção àquele que veio ao nosso encontro,
escutá-lo, partilhar com ele, a fazê-lo sentir o quanto nos preocupamos com
aquilo que ele sente…
• A atitude de Jesus – que, contra os costumes da época, aceita
Maria como discípula – faz-nos, mais uma vez, pensar nas discriminações que, na
Igreja e fora dela, existem, nomeadamente em relação às mulheres. Fará algum
sentido qualquer tipo de discriminação, à luz das atitudes que Jesus sempre
tomou?
P.
Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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