A vida do homem sobre a Terra é
marcada por dificuldades. Com os cristãos não é diferente. A cruz do dia
a dia parece, às vezes, ser muito pesada e, para não ser esmagado por
ela, é preciso mudar a perspectiva em relação à própria vida. É preciso ter uma visão sobrenatural da própria existência.
Na vida espiritual não é incomum ocorrer uma certa ondulação, ou
seja, alternar períodos de grandes consolações com períodos de aridez
espiritual. O problema se dá quando as alterações são muito bruscas,
elas denotam uma visão carnal da vida. É preciso, então, olhar para a
própria vida com o olhar de Deus. Perceber, nas mais diferentes
situações da vida, mesmo aquelas injustas, inesperadas, dolorosas, a
ação de Deus ou uma oportunidade de oferecer o sofrimento a Ele.
A perspectiva da salvação das almas, da eternidade muda completamente
o modo de avaliar os acontecimentos. Uma injustiça que esteja
acontecendo pode ser encarada de duas maneiras por aqueles que possuem a
visão transcendente: se existe solução, por meio da luta, a ação; mas,
se não existe, a aceitação, a resignação, fazendo uma leitura
espiritual, enxergando tudo a partir de Deus.
Viktor Frankl, médico psiquiatra judeu, fundador da Logoterapia,
enxergou uma realidade que a Igreja Católica conhece há muitos séculos:
quando uma pessoa é visitada pelo sofrimento e infere a ele um sentido,
torna-se mais fácil suportá-lo.
Dar um sentido sobrenatural às situações adversas torna-as
aceitáveis, pois retira delas o absurdo. É o que diz Santo Agostinho: "Deus
onipotente, sendo sumamente bom, não deixaria mal algum em sua obra, se
não fosse tão poderoso e bom que pudesse tirar até do mal o bem..." (conf. Enchir. 11,3).
Assim, de cada cruz que visita o homem advém uma ressurreição.
Depende apenas do modo como percebemos as situações. O transcendente faz
com que não se enxergue apenas o prejuízo de uma realidade adversa.
Quando se olha para os fatos da vida sob a perspectiva divina, tudo se
inverte, tudo muda e, assim, de vítima, o homem se torna vencedor, como
experimentou São Paulo quando afirmou: "em Cristo somos mais que vencedores." (conf. Rm 8, 37)
Pe Paulo Ricardo
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