Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias que Francisco seria "o Papa da ruptura". Nunca ele esteve tão enganado.
Ao final de sua homilia na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o
Papa Francisco citou uma frase de Bento XVI. Não foi a primeira e nem
será a última vez que um Pontífice fará referência a seus predecessores.
Afinal, ao mesmo tempo em que é visível no Papa o poder de São Pedro,
dado pelo próprio Cristo (cf. Mt 16, 19), deve ficar nítida também a
dimensão do serviço. O Papa não é o autor da verdade, mas seu
servidor fiel; é sucessor de São Pedro e, por isto, tem consciência do
imenso número de homens que o antecederam, ajudando a conservar e zelar
pelo patrimônio imemorial que é a nossa fé.
Os meios de comunicação foram tomados por um grande "entusiasmo" com a
visita de Francisco. Não é para menos. Sua Santidade conquistou com
muita facilidade o coração dos brasileiros, com seu sorriso e simpatia
cativantes.
No entanto, o que se percebe, muitas vezes, nos comentários de
jornalistas e analistas religiosos, é aquele entusiasmo enganoso, que
vislumbra uma Igreja que ande de mãos dadas com o aborto, com o
"casamento" homossexual, com a eutanásia e um monte de outros temas da
agenda progressista.
Infelizmente, o cenário é também consequência da falta de compromisso
de muitos de nossos supostos católicos. Certamente você já ouviu
palavras do tipo: "Eu sou católico, mas...". Em seguida, prepare-se para ouvir qualquer tipo de barbaridade. É-se católico, ma non troppo.
A pessoa se diz cristã e em comunhão com a Igreja, mas se recusa a
aceitar sua doutrina moral, coloca em xeque os ensinamentos dos
legítimos pastores em comunhão com o Papa, pisoteia o Catecismo e cai na
ilusão de um catolicismo self-service – segundo este, seria possível
escolher, na doutrina de Cristo, aquilo que lhe agrada e aquilo que lhe
incomoda.
Em discurso aos jovens argentinos hoje, o Papa Francisco recordou que a fé "no se licua". O dicionário não ajuda a explicar metáforas, mas "licuar"
significa bater no liquidificador, desintegrar algo que é sólido em
líquido. É o que se faz quando se tenta transformar a fé em uma
substância palatável ou meramente agradável aos ouvidos. Contra esta
tentativa de se reduzir a verdadeira fé a uma fábula, o Papa Paulo VI
dizia: "Não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas".
Aquilo que o Espírito Santo ditou para a Igreja há dois mil anos também
vale para hoje, também se encaixa em nosso tempo! A verdade de Cristo
não muda, permanece sempre una. E indivisível.
Não é a primeira vez que Francisco declara a importância de se
conservar a integridade da fé da Igreja. Certa vez, durante um diálogo,
transcrito e publicado antes de ser eleito Papa, Bergoglio foi taxativo:
"Para mim também a essência do que se conserva está no testemunho dos pais. Em nosso caso, o dos apóstolos. Nos séculos III e IV formularam-se teologicamente as verdades de fé reveladas e transmitidas, que são inegociáveis, a herança. (...) Certas coisas são opináveis, mas – repito – a herança não se negocia. O conteúdo de uma fé religiosa é passível de ser aprofundado pelo pensamento humano, mas, quando esse aprofundamento colide com a herança, é heresia." [01]
Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias que este seria "o Papa da ruptura".
Nunca ele esteve tão enganado. Francisco pode ter um estilo bem
diferente e um comportamento bem peculiar, mas ao essencial – é ele
mesmo quem o diz – não dá para renunciar. Afinal, Francisco é sucessor de São Pedro, e não de Judas.
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
- FRANCISCO, Papa. Sobre o céu e a terra. 1. ed. São Paulo: Paralela, 2013.
- http://www1.folha.uol.com.br/dw/1314660-este-e-o-papa-da-ruptura...
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