O
sentir comum de um povo, as bases do seu pensamento e da sua
criatividade, os princípios fundamentais da sua vida, os critérios de
juízo sobre as prioridades, sobre as normas de ação, assentam e crescem
numa visão integral da pessoa humana. Esta visão do homem e da vida, tal como a fez própria o povo brasileiro,
muito recebeu da seiva do Evangelho através da Igreja Católica:
primeiramente a fé em Jesus Cristo, no amor de Deus e a fraternidade com
o próximo. Mas a riqueza desta seiva deve ser plenamente valorizada. Ela pode fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e construtor de um futuro melhor para todos.
[...]
A
liderança sabe escolher a mais justa entre as opções, após tê-las
considerado, partindo da própria responsabilidade e do interesse pelo
bem comum; esta é a forma para chegar ao centro dos males de uma
sociedade para vencê-los com a ousadia de ações corajosas e livres. No
exercício da nossa responsabilidade, sempre limitada, é importante
abarcar o todo da realidade, observando, medindo, avaliando, para tomar
decisões na hora presente, mas estendendo o olhar para o futuro,
refletindo sobre as consequências de tais decisões. Quem atua responsavelmente submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece hoje como um desafio histórico sem precedentes.Temos que inseri-lo na sociedade. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária.
[... ]
Para
completar a reflexão, além do humanismo integral, que respeite a
cultura original, e da responsabilidade solidária,considero fundamental
para enfrentar o presente: o diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo.
O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, porque todos somos o
povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um
país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas
riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura
juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura
familiar e cultura da mídia. É
impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa
contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de
ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses
constituídos. Será
fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, que
desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da
democracia.Favorável
à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado
que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e
valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões mais concretas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário