OS CATÓLICOS ADORAM MARIA?
Maria é a mãe de Jesus e, por isso, merece respeito. Mas por que os católicos a tratam quase como se ela mesma fosse Deus?
A Igreja ensina que a adoração é
reservada somente a Deus. Ainda que não adorem Maria, os católicos a
honram por ser a Mãe do nosso Senhor Jesus Cristo e uma fiel serva de
Deus.
Os católicos distinguem diversos tipos de veneração, um deles específico para Nossa Senhora.
O Vaticano II pede que se incentive esta veneração concreta, mas
adverte tanto contra o exagero como contra a falta de nobreza de
espírito, ao tratar da singular dignidade da Mãe de Deus.
A
Igreja Católica distingue três tipos de veneração: "latria" (a adoração
devida só a Deus), "dulia" (a honra apropriada aos santos e anjos do
céu) e "hiperdulia" (uma honra especial dedicada à Bem-Aventurada Virgem
Maria). Entre "latria" e "dulia" não existe uma diferença de graus, mas
sim de tipos: "dulia" e "latria" são tão distantes como a criatura do
Criador.
O
Concílio Vaticano II afirmou claramente que "criatura alguma jamais
poderá ser comparada com o Verbo encarnado e Redentor" (LG 62). Esta
afirmação também é válida para a Mãe de Deus: "A Igreja não hesita em
confessar esta função subordinada de Maria" (LG 62).
Ainda
que o Concílio peça uma veneração apropriada para Maria, que seja
incentivada generosamente entre os fiéis, também adverte contra os
excessos: "Aos teólogos e pregadores da palavra de Deus, exorta-os
instantemente a evitarem com cuidado, tanto um falso exagero como uma
demasiada estreiteza na consideração da dignidade singular da Mãe de
Deus. Estudando, sob a orientação do magistério, a Sagrada Escritura, os
santos Padres e Doutores, e as liturgias das Igrejas, expliquem como
convém as funções e os privilégios da Santíssima Virgem, os quais dizem
todos respeito a Cristo, origem de toda a verdade, santidade e piedade.
Evitem com cuidado, nas palavras e atitudes, tudo o que possa induzir em
erro acerca da autêntica doutrina da Igreja os irmãos separados ou
quaisquer outros" (LG 67).
Portanto, a Igreja Católica não incentiva a adoração a Maria.
Os possíveis excessos entre os fiéis são contrários ao explícito
ensinamento da Igreja e não representam a correta prática católica.
Muitos protestantes, receosos pelos excessos da devoção mariana, tendem a
ignorar totalmente Maria.
A
Igreja Católica, por outro lado, dá continuidade à tendência das
Sagradas Escrituras no que diz respeito a honrar Nossa Senhora.
Encontramos
um exemplo em Lucas 1, 28.30: "E, entrando o anjo aonde ela estava,
disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as
mulheres. (...) Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque
achaste graça diante de Deus".
Outro
exemplo em Lucas 1, 41-45: " E aconteceu que, ao ouvir Isabel a
saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia
do Espírito Santo. E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu
entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém
isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois eis que, ao
chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de
alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se
as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas".
Cheia
do Espírito Santo, Isabel honra Maria como bendita entre as mulheres;
sente-se honrada por estar na presença de Maria, já que ela é a Mãe do
nosso Senhor Jesus. Nem o Anjo nem Isabel parecem pecar ao honrar Maria
ou diminuir a adoração devida a Deus. Ao invés disso, ambos os exemplos
demonstram que este tratamento é apropriado e não menoscaba o culto
devido a Deus.
Estas
duas passagens são a base da primeira parte da forma mais comum de
devoção mariana: a oração da Ave-Maria. A primeira frase da oração –
"Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco" – é uma simples e
antiga tradução da saudação do Anjo a Nossa Senhora. A seguinte frase –
"Bendita sois vós entres as mulheres e bendito é o fruto do vosso
ventre, Jesus" – foi tirada da saudação de Isabel a Maria.
Os católicos também seguem o exemplo de Jesus ao honrar Maria.
Em
sua obra "Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem", o
escritor do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort, destaca
que Jesus, não tendo pecado, teria obedecido o quarto mandamento –
Honrar pai e mãe – e que, dessa maneira, temos de imitar Jesus honrando
devidamente Maria.
Alguns
opinam que Lucas 11, 27-28 é um exemplo de como Jesus nega a honra
devida a Maria: "E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher
dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre
que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes
bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam". No entanto,
sabemos, por outras passagens, que o correto é oferecer um tratamento
especial a Maria. E mais: Jesus destaca que a fé de Maria é mais
importante que seu papel como Mãe, já que, na última frase da saudação
de Isabel, esta diz a Maria: " Bem-aventurada a que creu, pois hão de
cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas" (Lc 1, 45).
Aleteia
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