EM QUE MOMENTO A PESSOA PERDE A ALMA?
A história da mulher que encontrou uma caverna cheia de tesouros e uma reflexão sobre a salvação eterna.
Nosso novo colaborador, o Pe. Henry Vargas Holguín, responde à
pergunta que nos chegou pelo Facebook: "Em que momento a pessoa perde a alma?"
Esta pergunta pode ter dois sentidos: não sei se o leitor pergunta pela perda ou morte da alma, da vida espiritual, ou se pergunta pelo momento da morte corporal ou biológica.
No caso da morte corporal ou biológica, o que se verifica é somente o cessar da atividade cerebral (fundamento da alma racional), causada muitas vezes pela interrupção do funcionamento dos órgãos vitais.
Em que momento exato isso acontece? Como verificar os sinais? A morte
biológica é uma dissolução. E o momento de tal dissolução não é
diretamente perceptível; então, a questão é identificar os sinais.
A constatação e interpretação destes sinais não compete à fé nem à
moral, mas sim à ciência médica. Corresponde ao médico dar uma definição
clara e precisa da morte e do momento em que ela ocorreu.
De qualquer maneira, a fé cristã afirma a persistência, para além da morte,
do princípio espiritual do ser humano. A fé alimenta no cristão a
esperança de "reencontrar" sua integridade pessoal (espírito, alma, corpo) transfigurada e definitivamente possuída em Cristo (cf. 1 Cor 15, 22).
No caso da morte da alma, uma coisa é certa: a única maneira pela qual se pode perder a alma é o distanciamento pleno e definitivo de Deus devido ao pecado grave ou mortal, o que se conhece como morte espiritual ou, o que é a mesma coisa, a perda da vida de Deus em nós, a perda da graça santificante.
Jesus disse: "Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca da sua vida?" (Mc 8, 36-37). Com estas palavras, o Senhor nos adverte sobre o objetivo central da nossa existência: a salvação.
O mundo e os bens materiais nunca são um fim último para o homem, nem
sequer o bem temporal – que os cristãos têm a obrigação de buscar.
"O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal
como o próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a
privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não
for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a
exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis." (Catecismo da Igreja Católica, 1861)
Recordemos que "Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva" (Ez 18, 23).
Existe um conto interessante a propósito disso: uma mulher pobre, com
seu filho pequeno no colo, passava na frente de uma caverna quando
escutou uma voz misteriosa que lhe dizia lá de dentro: "Entre e pegue
tudo o que você quiser, mas não se esqueça do principal. Depois que você
sair, a porta se fechará para sempre. Portanto, aproveite a
oportunidade, mas não se esqueça do mais importante".
A mulher
entrou toda trêmula na caverna e lá encontrou muito ouro e pedras
preciosas. Então, fascinada pelas joias, colocou seu filho no chão por
um instante e começou a pegar, ansiosamente, tudo o que coube no seu
avental.
De repente, a voz falou outra vez: "Restam-lhe apenas
cinco minutos". A mulher, apressada, continuou pegando tudo o que
podia. Finalmente, carregada de ouro e pedras preciosas, correu e chegou
à entrada da caverna, quando a porta já estava se fechando. E então a
porta se fechou.
Nesse momento, a mulher se lembrou de que seu
filho havia ficado dentro da caverna. Mas a porta já estava fechada
para sempre! A alegria da riqueza desapareceu imediatamente, e a
angústia e o desespero a fizeram chorar amargamente.
Temos alguns anos para viver neste mundo e quase sempre deixamos de lado o principal! O que é essencial nesta vida? Deus, sua vida de graça, seus valores morais e espirituais, a família, os filhos, a harmonia com Deus e com o próximo.
É triste ver que muitos arriscam sua salvação
eterna e sua própria felicidade aqui na terra por coisas que não têm
valor algum. De que adianta viver somente para satisfazer todas as
ambições humanas? De que adianta ter tudo e esquecer de Deus, se tudo
vai acabar, se tudo vai afundar e pode levar à perda de Deus para
sempre?
Enquanto peregrinamos nesta vida, temos a esperança de recuperar a vida de Deus em nós. Cada um sabe se perdeu ou não sua vida ou alma espiritual. Se a perdeu, sabe também quando isso aconteceu. Mas é Deus, no juízo final, quem confirmará isso.
Recordemos que a vida passa rápido demais e a morte biológica chega de surpresa, inesperadamente. Quando a porta desta vida se fechar para nós, não adiantará nada lamentar-se. Pensemos nisso por um momento e não desperdicemos este convite de Deus.
Pe. Henry Vargas Holguín
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