A presença da Igreja no mundo foi a forma querida por Deus para conter o avanço do inferno na Terra.
A parusia, dia em que se aguarda a segunda vinda de Jesus à Terra,
marca o fim do tempo para o príncipe deste mundo. É a época da história
na qual Cristo faz a colheita do trigo, lançando ao fogo as sementes do
joio. Deus une-se à humanidade por meio de Seu Corpo Místico, que habita
na Igreja Católica[1], “coluna e sustentáculo da verdade” (Cf. Tm 3,
15). Neste dia, céus e terras serão testemunhas da glória do Senhor,
entoando cânticos de louvor e adoração até os confins do universo.
Porém, antes que isso aconteça, o homem deve passar ainda pelo tempo da
economia sacramental, cuja fonte não se encontra em outro lugar, senão
na Igreja [2]. É dela que podemos haurir as graças necessárias para uma
vida conforme os planos de Deus.
Cristo age em nossa história – perdoando pecados e expulsando demônios – por meio de Sua Esposa.
Naturalmente, como nos dias do ministério público de Jesus, a ação de
“perdoar e exorcizar”, ao mesmo tempo em que motiva os homens a crer,
também impele os “incrédulos” a grasnar contra a Palavra de Deus. Com
efeito, do mesmo modo que a multidão se reuniu para suplicar a Cristo
que “deixasse aquela região” (Cfr. Mt 8, 34) também nos dias de hoje há
quem se reúna para pedir o banimento da Igreja.
Para algumas mentes incautas – e outras não tão incautas assim –, a
existência de uma instituição fiel à promessa de Cristo significa o
“atraso” da sociedade, um resquício de épocas passadas, das quais
deveríamos nos envergonhar. Isso explica o porquê de muitos rasgarem as
vestes todas as vezes em que alguma pessoa ousa repetir o que está no
Magistério da Igreja, sobretudo em questões controversas, não importando
se o que se disse é verdade ou mentira. Para todos os efeitos, o que
vem da boca de um católico – no linguajar mundano – é sempre “medieval”
ou “obscurantista”. Quando a Organização das Nações Unidas, por exemplo,
aproveita-se da chaga da pedofilia para exigir do Papa que ele mude a
posição católica quanto ao aborto e ao homossexualismo, ela não está a
pregar a defesa das crianças. Muito pelo contrário, seu intuito é
precisamente a destruição de tudo o que lembre a presença de Deus, posto
que a família – formada necessariamente por um homem, uma mulher e a
prole – é o reflexo da Santíssima Trindade.
Que isto fique claro: para os arautos do pecado, a existência da Igreja é uma profecia insuportável!
Todavia, a Igreja não é o carrinho de doces da esquina nem o povo é o
bicho de estimação, para receber somente afagos e carícias na cabeça.
Salus animarum suprema Lex – a salvação das almas é a lei suprema da Igreja, dizem os santos padres.
Sendo a mãe dos filhos de Deus, é seu dever avivar a consciência dos
homens, para que, cientes da necessidade de uma vida santa, vivam
conforme as máximas do Evangelho. Quando muitos querem fazer desta vida
uma eterna quaresma sem páscoa, faz-se imperioso que os cristãos
anunciem a alegria da Boa-Nova, mostrando aos homens deste século que
nenhum avanço técnico ou descoberta científica é capaz de trazer a
felicidade eterna, tal qual a que nos é ofertada por Deus em Seu Filho
Jesus. A alegria, conta-nos G.K. Chesterton, sempre foi a marca
registrada do cristão, porque se vive na certeza de um Deus íntimo e
pessoal, que se revela a si mesmo e torna “conhecido o mistério de sua
vontade, pelo qual os homens, por intermédio de Cristo, Verbo feito
carne, no Espírito Santo, têm acesso ao Pai e se tornam participantes da
natureza divina”[3].
A presença da Igreja no mundo, portanto, foi a forma querida por Deus
para conter o avanço do inferno na Terra. E é por isso que, quer se
queira quer não, ela continuará a “perdoar e exorcizar” as almas dos
filhos de Adão.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências:
- Dominus Iesus, n. 16
- Padre Paulo Ricardo, A Economia Sacramental, Catecismo da Igreja Católica, aula 1
- Catecismo da Igreja Católica, n. 35
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