Silvonei José- Rádio
Vaticano
Moradores próximos
ao Vaticano se perguntam? “O que está acontecendo no Vaticano?” “De onde vem
tanta gente”?. O motivo dessas perguntas é o fluxo de fiéis e peregrinos que nos
domingos e quartas-feiras está provocando um caos na circulação ao redor da
Cidade do Vaticano, chegando inclusive a fechar
a famosa “Via della Conciliazione” que dá acesso à Praça São Pedro.
Nesta semana o Cardeal Secretário de
Estado, Tarcisio Bertone cunhou uma frase interessante: “cada domingo, cada quarta-feira – observou – se
assemelha a um domingo de Páscoa na Praça São Pedro, é uma coisa extraordinária
e maravilhosa”. Assemelha-se porque na Páscoa sempre foi característica a
presença de milhares de fiéis que invadem a Praça e os arredores do
Vaticano.
O motivo é simples: Papa Francisco,
um homem que “veio do fim do mundo” e que está conquistando o mundo.
Mas quem são essas pessoas que
invadem Roma, principalmente a Praça São Pedro, pacificamente, para ver e ouvir
Francisco. São crianças, jovens, adultos e idosos. Todas as idades se fazem
presente nos encontros
com o Sucessor de Pedro, e todas as idades se sentem tocadas pelas palavras
deste Pastor que conhece “o cheiro de
suas ovelhas”, que como o “pároco do mundo”, sente a necessidade de tocar os
corações das pessoas e dizer-lhes que Deus é amor, é misericórdia, que os ama, e
que espera um chamado para fazer morada em seus corações. Um Papa que
também sente a necessidade de tocar fisicamente o Povo de Deus, que sedento da
Palavra que salva, vem até Roma em busca daquele algo mais, que Papa Francisco
neste momento está fornecendo.
No meio de toda a multidão alguém
chega afirmar, “parece que o Papa dirige o seu olhar só para mim”, e a emoção
que brota de vê-lo tão próximo é algo que não conseguem descrever, talvez, em
alguns casos só as lágrimas podem concretizar o que o coração sente. E nesses
encontros, que exercem uma forte atração nos fiéis, não são poucos aqueles que
se deixam transformar pelas palavras e gestos de Francisco, sobretudo os jovens
que cada vez mais se fazem presentes na Praça São
Pedro.
Junto com o que está ocorrendo no
lado de fora do Vaticano, dentro dos muros, aqueles que ajudam no dia a dia no
governo da Igreja também se interrogam sobre a real dimensão desse início de
Papado. Nos dias passados, quando Papa Francisco completou o seu primeiro mês de
Pontificado muitos voltaram analisar os seus gestos.
Para o Cardeal Kasper, “até o
momento, foram apenas sinais, mas sinais que trazem esperança. Existe uma visão
de esperança para a Igreja”. “Por outro lado, não sejamos ingênuos. O Evangelho
sempre encontrará oposição, assim, estou certo – afirmou- que logo este Papa
será alvo de ataques”. Muitos comparam esse momento de Papa
Francisco com a lua de mel,
do amor apaixonado, forte, de dedicação, que poderá no futuro acabar.
Não creio que essa leitura seja justa
e verdadeira, pois o momento vivido por Francisco não é um momento isolado e
construído nos últimos 30-40 dias, mas sim é fruto de uma vida de pastor que o
levou a todos os lugares marginais da sua arquidiocese de Buenos Aires, onde
encontrou os deserdados, os humilhados, os últimos, e através desse contato
proclamou o Evangelho da caridade, o mesmo Evangelho que hoje na belíssima Praça
São Pedro ele comunica; e comunica com gestos e palavras fortes. Desde o
primeiro momento de seu Pontificado ele pediu para todos, abaixando a cabeça, a
nossa oração. Toca agora a todos nós, rezarmos pelo nosso pastor, por esse homem
gentil e humilde, para que o Senhor o conserve, e que seu coração
jesuíta-franciscano, de missionário e humilde, continue batendo por aqueles que
não têm vez nem voz.
Temos um novo sopro do Espírito que
chega a todos os confins da terra, até o fim do
mundo.
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