A
série de Stephenie Meyer “Crepúsculo” e outras histórias sobrenaturais
podem dar aos adolescentes não-religiosos informações importantes sobre
como lidar com as grandes questões da vida, afirma um pesquisador
dinamarquês.
Na Dinamarca, onde a religião não possui mais uma grande importância para a maior parte da população, os adolescentes dizem que usam a mídia para formar seus conceitos sobre questões como o bem e o mal, vida após a morte e o destino.
Line
Nybro Petersen, da Universidade de Cinema de Copenhagem e do
Departamento de Estudos Sobre Mídia tem comprovado que, para os fãs mais
fervorosos, sua dedicação à série os livros e filmes lembra as das
comunidades religiosas.
“Ser
fã de ‘Crepúsculo’ permite que os adolescentes se envolvam em muitas
experiências emocionais intensas”, disse Petersen ao site LiveScience. “Você
quase tem a sensação de que estas são emoções transcendentais, um
sentimento que é parte de algo maior que você mesmo, de uma forma
semi-religiosa”.
Os
vampiros podem parecer um ícone estranho para se ter experiências
espirituais, mas “Crepúsculo” e a saga “True Blood” são parte de um
processo preparado pelo cinema e a TV que reciclaram velhas idéias,
transformando-as em novas histórias. Os estudiosos de mídia chamam esse
processo de “midiatização”.
Por
exemplo, os símbolos religiosos como a cruz e a água benta aparecem
frequentemente na série de TV “Buffy, a caça vampiros”, sucesso na
década de 1990, mas em grande parte eles não possuíam qualquer ligação o
cristianismo. Tratavam-se simplesmente de armas contra vampiros com uma
“pitada de teologia”.
Os
vampiros passaram por uma transformação semelhante em “Crepúsculo”. Em
vez de virarem pó em contato com o sol, por exemplo, eles brilham.
Como
parte de sua tese de doutorado, Petersen pesquisou e entrevistou
adolescentes dinamarqueses que gostam de programas de TV ou de filmes
sobrenaturais, como “Sobrenatural”, “Vampire Diaries” ou “Ghost
Whisperer”, onde o fantástico se torna cotidiano. Ela descobriu que, embora muitos desses adolescentes rejeitem a religião organizada, ainda se debatem com as grandes questões da vida.
“Você
não tem uma resposta clara sobre o que acontece quando você morre,
então talvez quando lê ou assiste filmes sobre isso, aprende alguma
coisa”, explica Katja, uma “fãpira”, como são chamados os adolescentes
fãs de vampiros.
Os
fãs mais dedicados, além de ler e reler os livros ou assistir várias
vezes os mesmo episódios, passam grande parte de seu tempo falando sobre
isso na Internet, em fóruns especializados ou nas redes sociais.
Como resultado, explica Petersen, os livros e filmes ajudam
a formar grande parte da identidade dos adolescentes. A pesquisadora
disse perceber uma atmosfera positiva e de cumplicidade entre os jovens
que descobrem que possuem esse aspecto em comum.
O
aspecto semi-religioso pode ser ligeiramente diferente em países mais
religiosos, ressalta Petersen. O mais comum, segundo ele, é que esses
elementos sobrenaturais se encaixam perfeitamente com sua “visão cristã
do mundo”, que receberam dos pais.
A estudiosa dinamarquesa afirma que a questão deve ser levada a sério. “É algo que eles podem gostar muito por um breve período de tempo, mas que acabam substituindo para seguir em frente”.
Petersen
diz que muitos jovens que assistiam/liam a saga de Harry Potter,
passaram a acompanhar “Crepúsculo” ou “O Senhor dos Anéis”, e agora
mudaram para trilogia “Jogos Vorazes” ou outras histórias sobrenaturais.
Em outras palavras, os adolescentes continuam procurando histórias que
lhes ajude a entender o mundo.
Traduzido e adaptado de Live Science
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