Já convivi com pessoas depressivas e pude notar as terríveis dores emocionais que assolaram a alma delas. Quem sofre de depressão traz consigo uma cruz tão pesada que, na maioria dos casos, não encontra forças para carregá-la sozinha.
Por isso, julgo necessário, como ajuda terapêutica para a cura da
depressão, a presença de pessoas amigas na vida do depressivo, afim de
que estes entendam que não estão fadados a carregar por toda vida aquela
terrível dor.
Depressão
vem e precisa ir embora, e quanto mais rápido, melhor. Não há mortal
que esteja isento de enfrentar este beco escuro das estradas da vida. E
quem está passando por essa experiência precisa entender que não é pior
do que as pessoas que não a enfrentam. No território da emoção, somos
todos eternos aprendizes. Se não gerenciarmos nossos pensamentos,
perderemos o controle de nossa razão. E a doença aparecerá.
Os médicos dizem que a depressão é a
doença do século. Concordo. Num mundo recheado de entretenimento,
experimentamos um vazio existencial imenso. É um paradoxo: quanto mais
coisas são inventadas para facilitar nossa vida, mais impotentes nos
tornamos. A depressão é o mal do século, porque o homem desaprendeu a
olhar para dentro de si e reservar momentos para ouvir seu coração.
Vivemos tão sobrecarregados com o mundo exterior que o nosso mundo
interior é esquecido.
Sempre sugiro aos depressivos que não se
sintam envergonhados de sua condição. Esconder nossas feridas é a pior
maneira de sará-las. Quando temos a coragem de dialogar com os outros
sobre aquilo que nos assombra, com o tempo entendemos que nossos
fantasmas estão mais na nossa mente do que no mundo. Enfim, aprendemos
que ser feliz é usar os momentos de dor para crescer.
Para sair da depressão, o depressivo tem
um compromisso de verdade consigo e com as pessoas que o cercam.
Sabendo que é portador da doença, precisa urgentemente trazê-la para a
zona da dúvida (por que estou sentindo isto? Quando começou? Tenho
razões para estar assim? Se as tenho, porque as tenho?) e, em seguida,
para a zona da determinação (eu quero e posso ficar curado!). A medicina
já entendeu que o querer do paciente é a mais importante atitude para o
processo de cura.
Resumindo: para sair da depressão, três atitudes são essenciais:
1ª → reservar momentos a sós para “conversar” com seus medos interiores;2ª → ir ao encontro das outras pessoas e apreciar as maravilhas da natureza;
3ª → usar a arte da crítica para questionar os porquês da sua dor.
Hoje, convivendo com as pessoas que
conseguiram sair da depressão, sinto muito orgulho de cada uma delas.
Digo sempre que são outras pessoas: mais maduras, mais seguras de si e
prontas para enfrentar qualquer dificuldade que a vida lhes apresentar.
Não se tornaram super-heróis, mas homens e mulheres de carne e osso que
entenderam que podem muito mais do que sua consciência julgava
determinar.
Paulo Franklin
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