Diante da decisão do Papa Bento XVI de renunciar a partir do dia 28 de fevereiro
o importante é, sem dúvida, que se reflita sobre o legado que o sucessor de
bem-aventurado João Paulo II deixa para a História. Além de seu acendrado amor à
Igreja, com sua invejável cultura, Ele soube sabiamente interpretar o Vaticano
II apresentando orientações condizentes a este contexto pós-moderno. Bento XVI é
um dos maiores intelectuais do mundo contemporâneo e se tornou um dos mais
notáveis pontífices da História da Igreja, um Pastor de almas dedicado, a
exemplo de São Paulo, fazendo-se tudo para todos para a todos salvar.
Ele
ofereceu à Igreja e ao mundo uma extraordinária lição de um estilo pastoral o
qual revelou um serviço eclesial que patenteou um Pontífice inteiramente atento
a todas as necessidades dos homens e mulheres de todas as nações, raças e
crenças. Tal foi sempre sua postura em suas alocuções, nas suas viagens
apostólicas na Itália e em outros paises, nos livros que publicou e, sobretudo,
nas suas três monumentais encíclicas: “Deus é amor”; “Spes Salvi “ sobre
Esperança cristã e “Caridade na Verdade”. Ele soube recolher a herança deixada
pelo seus predecessores e, com seu modo de ser doce e reservado, com suas
palavras moderadas e profundas, com seus gestos medidos, mas incisivos fez um
trabalho apostólico de uma relevância tal que superará todas as declarações
tendenciosas daqueles que querem uma Igreja desestruturada e que pregam uma
teologia libertária, bem longe da verdadeira libertação preconizada na Bíblia.
Ele sempre soube escutar a palavra e a vontade divinas, se deixou guiar
continuamente pelas luzes do Espírito Santo. Por isto ele foi um profeta que
sempre falou de Deus com uma fidelidade, com um destemor dos grandes personagens
bíblicos. Com coragem apontou sempre os erros do mundo hodierno, criticou a
violência que pretende ter uma justificação religiosa, execrando sem cessar o
relativismo e o hedonismo. Procurou corrigir os desvios éticos com prudência,
mas com inflexibilidade. No centro de seu pensamento nunca deixou de estar
presente a questão da relação entre a fé e razão, entre a religião e a renúncia
à violentação da liberdade religiosa. Não houve neste pontificado uma involução
como certos comentaristas apressados estão propalando, nem ele foi um mero
pontífice de transição, mas, isto sim, foi um papa de progressão, que
impulsionou um movimento histórico ou marcha para diante da grei de Cristo,
resguardando com firmeza os princípios que fundamentam uma fé esclarecida,
baseada no amor de Deus pelo homem e que encontra na cruz do Redentor e na sua
ressurreição sua máxima expressão.
É que para Bento XVI a fé nunca foi uma
questão a ser solucionada, mas um dom que deve ser redescoberto dia a dia,
trazendo alegria e a plenitude da paz. As especulações sobre as causas da
renúncia do Papa são fruto de interpretações fantasiosas.
Na sua declaração o
Papa foi claro: “No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por
questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São
Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do
espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim
que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério
que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena
liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São
Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo
que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede
de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal
compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice”. É um papa que
deixará marcas positivas na história. Cabe agora aos fiéis rezarem para que os
Cardeais, iluminados pelo Espírito Santo, escolham o novo Papa que prosseguirá
impulsionando a Evangelização no mundo como o fez com galhardia e muito talento
Bento XVI. Até lá haverá o abuso indevido dos termos conservador, progressista e
quejandos, rotulando aquele que supostamente será o 265o sucessor de Pedro
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
O LEGADO DO PAPA BENTO XVI.
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