sábado, 23 de fevereiro de 2013

NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO, AS TRÊS CABANAS


Jesus havia subido ao monte Tabor com Pedro, Tiago e João. Minutos depois, e tomados de grande espanto, presenciam a transfiguração de Jesus e o aparecimento de Moisés e Elias. Transfigurar significa: mudar de figura : “ Suas vestes tornaram-se brancas como a neve, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear” Mc 9,3. Vale enfatizar que a face de Jesus não transfigurou, sua aparência física, mas suas vestes. Essa experiência acontece após Pedro reconhecer, diante dos onze discípulos, que Jesus era o Cristo, Filho de Deus Mc 8,29.

Essa passagem tem gerado muitas interpretações errôneas a apoiar doutrinas sobre reencarnação e manifestação dos mortos. A Escritura, contudo, não se contradiz. Toda ela condena doutrinas que apoiam  invocação de mortos  e  necromancia. A presença de Elias e Moisés na transfiguração significa que Jesus estava apoiado pela Lei (Moisés) e pelos profetas representado por Elias que fora arrebatado em vida,  não provando a morte II Rs 2,1-11. “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim revogar, vim para cumprir” Mt 5:17. 
As três cabanas


 A reação de Pedro, ao vivenciar aquela fantástica revelação foi imediata:

“ Tomando a Palavra disse: Mestre, é bom que estejamos aqui, e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” Mc 9,5

Imagino que Pedro queria agradar, edificar um memorial como testemunho do mover sobrenatural de Deus onde a  glória fosse permanente, as cabanas, seriam capazes de abrigar Elias,  Moisés e servir de morada para Jesus. Se a ideia de Pedro tivesse sido aceita, logo, logo, o monte Tabor se tornaria lugar de peregrinação, idolatria.  Esse episódio, tem certa semelhança com a transfiguração de Moisés no monte Sinai. Enquanto Deus revelava as leis para Moisés, os Israelitas, impacientes pela demora, fabricam um bezerro de ouro para adorá-lo.

Cada vez que tentamos resumir a glória e o mover de Deus a lugares e objetos, pecamos. Deus é tão grandioso e inesgotável que não cabe em fabricações humanas, nem se delimita a  territórios. A glória do Senhor enche toda a terra Is 6:3 e céu . É claro que Ele se revela a porções de povos e lugares " a glória do Senhor encheu o santuário” Ex 40, 34 . No Antigo Testamento vemos a glória do Senhor habitar na arca da aliança Ex 25, mas os dois querubins de ouro que encobriam a arca, anunciavam ser ela uma representação do santuário de Deus. Na hierarquia angelical, querubins são “contemplação de Deus”.
Assim, no Antigo Testamento, através da arca da aliança, vemos o anúncio do Cristo revelado. O que os antigos contemplaram, a Nova Aliança viu com os próprios olhos , se tornando ela mesma a arca, o templo a abrigar o Espírito Santo de Deus: “Nosso corpo é o templo do Espírito que habita em vós” I Cor 6,19

A atitude de Pedro, remonta a uma igreja parada, voltada para o próprio umbigo. Interessada em movimentos extraordinários e palavras de homens. As três cabanas no monte Tabor são o retrato do farasianismo  e das falsas doutrinas assentadas sob marcos emocionais ou mesmo diabólicos.

Deus responde a Pedro

“Não Pedro, não é nada disso, esquece essa história de morar no Tabor e  estender as cortinas das cabanas para Elias, Moisés e Jesus. Este é meu Filho amado a Ele ouvi. Mc 9,7 Pedro, tudo que você tem que fazer, é ouvir Jesus, tudo bem? Sim, congregar é necessário, olhe para o monte, lá estão Tiago e João. Onde estiverem dois ou mais reunidos em meu nome, ai Estarei. Mt 18,20.

Se estamos vivendo “experiências sobrenaturais” diariamente, algo está muito errado. Se o lugar que frequentamos se parece com “as três cabanas no monte Tabor”, é hora de mudança de direção, de ouvir Jesus. 
Evangelho é poder e onde tem poder tem milagres, mas milagres sem transformação de vida, arrependimento, não conduz ao reino de Deus, a salvação eterna.

Jesus disse: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome, e em Teu nome não expulsamos demônios, não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vos que praticais a iniquidade” Mt 7,22,23. Logo após dizer essas palavras, Ele prossegue com a parábola da casa na Rocha e da casa na areia enfatizando que o firmamento seguro está reservado aos que O ouvem.
Que nossos ouvidos e corações estejam atentos as Palavras de Jesus de forma a criar em nós um espírito submisso, reto e inabalável diante das tentações e provações do mundo.

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