Francisco pediu que os bispos não busquem promoções ou se preocupem com a carreira, e que não sejam ‘bispos de aeroportos’, sempre viajando
O Papa Francisco recordou hoje aos bispos
sua tarefa de cuidar das dimensões espiritual e humana dos sacerdotes.
Ele enfatizou que o tempo dedicado aos padres “nunca é tempo
desperdiçado”.
Francisco recebeu no final da manhã desta quinta-feira, na Sala Clementina, no Vaticano, os 120 participantes do Encontro para novos bispos promovido pela Congregação para os Bispos e pela Congregação para as Igrejas Orientais.
“Entre as primeiras tarefas que vocês têm está o cuidado espiritual do presbitério,
mas não se esqueçam das necessidades humanas de cada sacerdote,
especialmente nos momentos mais delicados e importantes de seus
ministérios e de suas vidas. Nunca é tempo desperdiçado o tempo passado
com os sacerdotes! Recebam-nos quando solicitarem; não
deixem sem resposta um telefonema; estar sempre próximo, em contato
constante com eles”, disse.
Em seu discurso, o Papa apontou três qualidades que um bispo deve ter no cuidado dos fiéis: acolher com magnanimidade, caminhar com o rebanho, permanecer com o rebanho.
“Que seu coração seja tão grande a ponto de ser capaz de acolher
todos os homens e mulheres que você encontrar ao longo de seus dias e
que você vai encontrar quando visitar suas paróquias e comunidades. Já
agora se perguntem: aqueles que baterão à porta da minha casa, como irão
encontrá-la? Se a encontrem aberta, - continuou o Santo Padre - através
de sua bondade, da sua disponibilidade, experimentarão a paternidade de
Deus e entenderão como a Igreja é uma boa mãe, que sempre acolhe e
ama.”
Sobre caminhar
com o rebanho, o Papa indicou: “acolher todos para caminhar com todos. O
bispo está em caminho ‘com’ e ‘no’ seu rebanho. Isto significa caminhar
com os próprios fiéis e com todos aqueles que se dirigirão a vocês, partilhando
com eles alegrias e esperanças, dificuldades e sofrimentos, como irmãos
e amigos, mas, mais ainda como pais, que são capazes de escutar,
compreender, ajudar, orientar. O caminhar juntos requer amor, e o nosso é
um serviço de amor, amoris officium dizia Santo Agostinho”.
A terceira indicação é permanecer
com o rebanho. “Refiro-me à estabilidade, que tem dois aspectos
específicos: ‘permanecer’ na diocese, e permanecer ‘nesta’ diocese, sem
buscar mudanças ou promoções. Não se pode conhecer realmente como
pastores o próprio rebanho, caminhar à sua frente, no seu meio e atrás
dele, cuidá-lo com o ensinamento, com a administração dos Sacramentos e
com o testemunho de vida, se não se permanece na diocese”.
“A nossa é uma época em que se pode viajar,
se deslocar de um ponto a outro com facilidade, um tempo em que as
relações são velozes, a época da internet. Mas a antiga lei da
residência não passou de moda! É necessária para um bom governo
pastoral. Permanecer. Evitem o escândalo de serem
‘Bispos de aeroportos’! Sejam Pastores acolhedores, que caminham com o
seu povo, com afeto, com misericórdia, com docilidade de tratamento e
firmeza paterna, com humildade e discrição, capazes de olhar também aos
seus limites e de ter uma dose de bom humor. E permaneçam com seus
rebanhos!”.
(Com informações da Rádio Vaticano)
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