Primeira Leitura: Colossenses 1, 24-27; 2, 1-3
(verde - ofício do dia)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses - Irmãos, 24Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja. 25Dela fui constituído ministro, em virtude da missão que Deus me conferiu de anunciar em vosso favor a realização da palavra de Deus, 26mistério este que esteve escondido desde a origem às gerações (passadas), mas que agora foi manifestado aos seus santos. 27A estes quis Deus dar a conhecer a riqueza e glória deste mistério entre os gentios: Cristo em vós, esperança da glória! 1Desejo realmente que estejais informados do árduo combate que sustento por amor de vós e dos de Laodicéia, assim como de todos os que ainda não me viram pessoalmente! 2Tudo sofro para que os seus corações sejam reconfortados e que, estreitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de uma plenitude de inteligência, para conhecerem o mistério de Deus, isto é, Cristo, 3no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(61)
REFRÃO: A minha glória e salvação estão em Deus.
1. Só em Deus a minha alma tem repouso, porque dele é que me vem a salvação! Só ele é meu rochedo e salvação, a fortaleza, onde encontro segurança! -R.
2. Povo todo, esperai sempre no Senhor, e abri diante dele o coração: nosso Deus é um refúgio para nós. -R.
1. Só em Deus a minha alma tem repouso, porque dele é que me vem a salvação! Só ele é meu rochedo e salvação, a fortaleza, onde encontro segurança! -R.
2. Povo todo, esperai sempre no Senhor, e abri diante dele o coração: nosso Deus é um refúgio para nós. -R.
Evangelho: Lucas 6, 6-11
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 6Em outro dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e ensinava. Achava-se ali um homem que tinha a mão direita seca. 7Ora,
os escribas e os fariseus observavam Jesus para ver se ele curaria no
dia de sábado. Eles teriam então pretexto para acusá-lo. 8Mas
Jesus conhecia os pensamentos deles e disse ao homem que tinha a mão
seca: Levanta-te e põe-te em pé, aqui no meio. Ele se levantou e ficou
em pé. 9Disse-lhes Jesus: Pergunto-vos se no sábado é permitido fazer o bem ou o mal; salvar a vida, ou deixá-la perecer. 10E relanceando os olhos sobre todos, disse ao homem: Estende tua mão. Ele a estendeu, e foi-lhe restabelecida a mão. 11Mas eles encheram-se de furor e indagavam uns aos outros o que fariam a Jesus. - Palavra da salvação.
Homilia - Pe Bantu
Jesus
responde à acusação dos adversários recorrendo a um exemplo tirado da
Escritura (1 Samuel 21,1-6): fugindo do rei Saul, Davi e seus homens
entraram no santuário e comeram os pães oferecidos a Deus (os doze pães,
renovados a cada sábado, e que só os sacerdotes do santuário podiam
comer- veja Levítico 24,5-9). Esse precedente celebrado na própria
Escritura, diz Jesus, mostra que a lei positiva está subordinada ao bem
do homem, e que a necessidade de sobreviver está acima de qualquer lei.
É a segunda vez que Jesus se arroga um direito: o Filho do homem, que
tem poder para perdoar pecados (5,24), também é “o senhor do sábado”
(6,5). Em outras palavras, Jesus está introduzindo uma nova ordem
humano-religiosa, onde as instituições, estruturas, leis e costumes
devem estar sempre a serviço do homem, podendo ser abolidos e cair para
segundo plano em qualquer circunstância em que uma necessidade urgente o
exigir.
“Sábado” provém do hebraico “Shabath”, que significa “repouso, cessão”.
Assim, o sábado bíblico nada mais é que um dia de descanso observado a
cada sete dias. Ele na Bíblia se prende ao ritmo sagrado da semana, que
se encerra com um dia de repouso e de culto a Deus (cf. Os 2,13; 2Rs
4,23; Is 1,13; Ex 20,8; 23,12; 34,21). O sábado deveria ser observado
por diversas razões: por questões humanitárias (cf. Ex 23,12; Dt
5,12-14), por ser sinal de distinção com relação aos outros povos (cf.
Ez 20,12.30; Ex 31,13-17), por ser um dia que não poderia ser profanado
pelo trabalho (Ez 22,8) e por ser legislação sacerdotal, já que Deus
teria descansado no 7º dia (cf. Gn 1,1-2.4a; Ex 30,8-11; 31,17). O
sábado era um dia festivo (cf. Os 2,13; Is 1,13), no qual não podia
haver compras, vendas ou trabalhos no campo (cf. Am 8,5; Ex 34,21). Era
também proibido acender fogo (Ex 35,3), recolher lenha (Nm 15,32) e
preparar alimentos (Ex 16,23). Até mesmo a guarda do palácio era
reduzida (2Rs 11,5-9)… Os fiéis iam ao santuário (Is 1,12s), após uma
convocação santa (Lv 23,3), ofereciam sacrifícios (Nm 28,9-10) e
renovavam o pão da proposição (Lv 24,8; 1Cr 9,32) ou simplesmente
aguardavam a visita de um profeta (2Rs 4,23). Após o exílio babilônico, a
observância do sábado foi radicalizada: Neemias agiu com energia para
garanti-lo (Ne 13,15-22), as viagens foram proibidas (Is 58,13) assim
como o transporte de cargas (Jr 17,19-27). Na época macabéia, a
observância era tão cega que muitos se deixaram matar sem oferecer
resistência (1Mc 2,37-38; 2Mc 6,11-12; 15,1-2). Finalmente, na época de
Jesus, os fariseus elaboraram verdadeira “casuística” quanto ao sábado:
39 tipos de trabalho eram proibidos (entre eles colher espigas [Mt
12,2], carregar fardos [Jo 5,10], etc). Os médicos somente podiam
atender os doentes em perigo iminente de morte (motivo pelo qual se
opuseram a Jesus, que curava aos sábados - cf. Mt 12,9-13; Mc 3,1-5; Lc
6,6-10; 13,10-17; 14,1-6; Jo 5,1-16; 9,14-16)… os essênios chegaram ao
absurdo de proibirem a defecação no sábado!
Já no Novo Testamento, os discípulos observaram o sábado para pregar o
evangelho nas sinagogas (At 13,14; 16,13; 17,2; 18,4) logo se deram
conta que a Nova Lei havia superado a Antiga. São Paulo sempre lutou
contra a infiltração de idéias judaizantes, sobretudo quando escreve
“que ninguém vos critique por questões de alimentos ou bebidas ou de
festas, luas novas e sábados. Tudo isto não é mais do que a sombra do
que devia vir. A realidade é Cristo.” (Cl 2,16-17; v.tb. 2Cor 5,17). Os
cristãos, então, passaram a realizar seus cultos no dia seguinte ao
sábado, isto é, no domingo, dia em que o Senhor Jesus ressuscitou (aliás
“domingo” vem de “domini dies”, isto é, “Dia do Senhor”). Diversas são
as provas bíblicas da observância do domingo: Jo 20,22-23.26; At 2,2; At
20,7-16; 1Cor 16,1-2; Ap 1,10. Repare-se bem que esse era o dia em que
os cristãos se reuniam! Dessa forma, a perspectiva cristã sempre
enxergou o antigo sábado dos judeus como uma figura, da mesma forma que
outras instituições do AT.
Pelo repouso do sábado os israelitas comemoravam o repouso (figurado)
de Deus após haver criado o mundo e o homem. Ora, com a ressurreição de
Cristo, a primeira criação tornou-se prenúncio e figura da segunda
criação ou da nova criação do gênero humano que se deu quando Cristo
venceu a morte e apareceu como novo Adão. Era justo, portanto, ou mesmo
necessário, que os cristãos passassem a observar, como Dia do Senhor ou
como sétimo dia e dia de repouso (sábado), o dia da ressurreição de
Cristo. A própria carta aos Hebreus acentua a índole figurativa do
sábado, afirmando que o repouso do sétimo dia era apenas uma imagem do
verdadeiro repouso que fluiremos na presença de Deus (cf. Hb 4,3-11). E
você cristão católico, ainda tem dúvida do porque deves observar os
domingos e festas de guarda?
Finalmente Cristo se autodeclarou como “Senhor do Sábado”; Jesus
ressuscitou num domingo; o Espírito Santo veio sobre a Igreja num
domingo; os apóstolos se reuniam aos domingos; os cristãos antes do
Período Constantiniano (séc. IV) se reuniam aos domingos; os cristão
pós-Constantinianos também se reuniam aos domingos; todos os cristãos
atuais (católicos, ortodoxos e protestantes - com exceção dos
adventistas e batistas do 7º dia) ainda observam o domingo… Como duvidar
que o domingo não foi instituído divinamente? Temos todos os
testemunhos que precisávamos: Bíblia, Tradição e Magistério; temos a
palavra final: Domingo é o Dia do Senhor!
Faço minhas as palavras do Pe. Arthur Betti: “Vale mais um domingo, dia
em que Cristo ressuscitou, do que todos os sábados sem ressurreição,
sem a verdadeira libertação”! Que a vitória de Cristo sobre o sábado e a
morte seja também a minha e a tua sobre o pecado e consequentemente
sobre a morte para que com Cristo ressuscitemos eternamente!
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