quinta-feira, 7 de março de 2013

UM RODAPÉ INESPERADO.

 
 
Como se não bastasse a angústia que o ineditismo da renúncia do Papa Emérito Bento XVI, provocou no coração dos Fiéis, abriu-se um link novo. Parece ter sido feito para desconversar o assunto em pauta, e abrir uma nova discussão. Alguém se lembrou de “enriquecer” o noticiário, levantando a pergunta: se o Papa pode abandonar o seu ministério petrino, por que os casais não podem romper sua aliança conjugal? O interessante é que a imprensa mundial, em toda a parte, repetiu a questão como uma grande charada, supostamente irrespondível. O questionamento dá ocasião para todos chegarem mais próximos ao verdadeiro significado de aliança e distinguir os personagens que entram em um e em outro caso.

Antes de tudo, o suposto de que os casais não podem se separar, não é de todo procedente. Pois a morte separa qualquer casal. E mesmo antes disso, pode haver legítimas separações quando existe um vício de origem, tais como erro de pessoa, ocultamento de defeitos gravíssimos, a descoberta de problemas psíquicos insanáveis...Ninguém vai dizer que uma mulher que é humilhada pelo marido, diariamente, tenha obrigação de ficar unida a um homem desses. O que a Igreja advoga, e nisso ela é fiel aos ensinamentos do Senhor, é que aqueles casais que estão legitimamente casados, que procurem superar seus problemas de maneira a acreditar na graça divina, e não apelem  para a separação. Agora o Papa recebeu apenas um ministério.
 
 Ele não é casado com a Igreja. Quem é casado com a Igreja, e tem com ela uma aliança eterna, é Jesus nosso Salvador. “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25). Portanto, nenhum Ministro de Jesus tem união nupcial com a Igreja, o que é exclusivo do Salvador. Seus representantes tem para com a Igreja apenas uma união mística, espiritual. Ademais, Bento XVI, ao renunciar não se separou da Igreja. Ele continua um amigo fidelíssimo dela. Ele até renunciou por amor, por não querer se tornar um homem pesado para os demais. Pelo cansaço que a idade lhe impôs, quer servir a comunidade de outro modo. O rodapé jamais deverá fazer parte do texto principal. Que a conversa volte ao essencial.
 
 
 
 

Fonte: Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Local:Uberaba (MG)

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