1 Introdução
“Olha
por ti e pela instrução dos outros. E persevera nestas coisas. Se isto
fizeres, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem” (1 Tim 4,16).
A formação é uma
grande necessidade em nossos tempos. Tempos marcados pela pluralidade e
diversidade de opções, caminhos, visões e onde os valores são relativos.
Tempo em que a mídia quer desvalorizar a Igreja Católica e seus
ensinamentos.
A falta de compreensão
dos objetivos da formação tem causado desvios que aparecem no serviço e
principalmente nos momentos de crise.
O documento de
Aparecida no nº 226c diz: “Junto a uma forte experiência religiosa e uma
destacada convivência comunitária, nossos fiéis precisam aprofundar o
conhecimento da Palavra de Deus e os conteúdos da fé, visto que esta é a
única maneira de amadurecer sua experiência religiosa. Neste caminho,
acentuadamente vivencial e comunitário, a formação doutrinal não se
experimenta como conhecimento teórico e frio, mas como ferramenta
fundamental e necessária no crescimento espiritual, pessoal e
comunitário” (Grifo dos autores deste texto).
O mesmo documento, no
número 276, nos ensina que qualquer que seja a função que desenvolvemos
na Igreja, para sermos fiéis à vocação a qual fomos chamados, requer uma
clara e decidida opção pela formação.
A formação cristã é um
processo que potencializa as qualidades do formando e o capacita para o
serviço, é um processo contínuo de crescimento buscando levar todos a
uma vida de santidade.
2.1 A formação na RCC
A Renovação
Carismática Católica - RCC como movimento eclesial também é chamada à
formação. É necessário transmitir o que temos aprendido na RCC.
Somos chamados a
ensinar a sã doutrina da fé e a identidade da RCC, pois a formação é
garantia da vida e do vigor do movimento; a guardiã dos carismas.
Os coordenadores dos
Grupos de Oração devem ser os primeiros a buscarem a formação para que
possam responder com qualidade à missão que foram chamados.
Tem sido grande o
número de reclamações dos coordenadores de ministérios sobre a posição
adotada por muitos coordenadores, que além de não participarem das
formações, não transmitem para os demais a programação de formação da
RCC.
João Paulo II falando à
liderança da RCC em 07 de maio de 1981 disse: “O papel do chefe
consiste, principalmente, em dar exemplo de oração na própria vida. Com
esperança fundada e solicitude cuidadosa, toca ao chefe
assegurar que o multiforme patrimônio da vida de oração na Igreja seja
conhecido e aplicado por aqueles que procuram renovação espiritual,
meditação sobre a Palavra de Deus, uma vez que a ignorância da escritura
é ignorância de Cristo (...) Deveis estar interessados em proporcionar
comida sólida para a alimentação espiritual, partindo o pão da
verdadeira doutrina (...) sejais ainda mais profundamente formados no
ensinamento da Igreja.”
A Renovação
Carismática foi chamada a existir pelo Espírito Santo para provocar e
fazer a graça de um Pentecostes pessoal e contínuo com todas as suas
maravilhosas consequências.
O Grupo de Oração, por
sua vez, deve ser o lugar apropriado, ideal, para que esta graça
renovadora da vida cristã aconteça, desabroche, cresça e se torne
fecunda.
Cada Grupo de Oração
deve ter um coordenador que, junto com o núcleo de serviço, num trabalho
conjunto, é responsável por ele. O coordenador deve ser um instrumento
consciente de sua função, ser dócil, uma pessoa de intimidade com Deus,
ungido, sábio, criativo, de intensa vida de oração e aberto à
necessidade de constante formação.
A qualidade do Grupo
de oração está ligada diretamente à atuação do coordenador. O grupo tem a
cara do coordenador. O grupo reflete como um espelho a sabedoria e a
criatividade do coordenador. Coordenadores de vida de oração apática,
não conscientes de suas funções e não bem formados não conseguem cumprir
satisfatoriamente a missão de fazer acontecer e amadurecer a vida
cristã no Espírito.
O caminhar sem formação compreende:
· Caminho que vai por si mesmo;
· Caminha sem disciplina, sem ascese, tudo se justifica;
· Não se prende a fórmulas, referências ou modelos;
· Leva a uma superficialidade e a satisfação própria;
· Há uma procura exagerada de experiências místicas;
· Cria uma prática fundamentalista, intimista, egoísta, iluminista;
· Prejudica o convívio comunitário, social, não sai de si mesmo;
· Não consegue acolher o diferente, não sai de si mesmo.
A caminhada espiritual com formação tem as seguintes características:
· Leva em consideração o carisma e a missão de cada um;
· Acolhe o diferente, complemento;
· Leva em consideração a missão e a identidade do Movimento;
· Considera o cristão e sua vocação em todos os aspectos;
· Zela pela disciplina;
· Aprofunda a própria vocação, purificando-a;
· Leva ao entrar em si mesmo para responder aos desafios do mundo;
· Leva a uma maior intimidade com Deus.
2.2 Formação do Coordenador
A
formação do coordenador tem por finalidade levá-lo a caminhar segundo o
Espírito de Deus, no seguimento de Jesus, e tomar consciência de sua
missão na Igreja, no Grupo de Oração e no mundo, vivendo
carismaticamente na busca do crescimento à estatura de Cristo.
A formação cristã apresentada a seguir resume-se basicamente em dois aspectos: espiritual e doutrinário.
2.3 Formação espiritual
A
formação espiritual acontece através da oração, da fuga ao pecado, de
fazer a vontade de Deus e conduzidos pelo Espírito Santo.
2.3.1 Oração
O Senhor
Jesus rezou e nos mandou "rezar sempre, sem jamais esmorecer" (Lc
18,1). Os místicos e os pregadores cristãos sempre insistiram na
importância da oração.
O coordenador precisa
ter intimidade consigo mesmo e com Deus. Para conhecer a vontade de Deus
precisa-se ter intimidade com Jesus. Faz-se necessário estreitar os
laços de amizade com Ele, investir no conhecimento mútuo e aperfeiçoar o
amor recíproco. Passar à condição de amigo, pois Ele mesmo nos diz: “já
não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor.
Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo que quanto ouvi de
meu Pai" (Jo 15,15).
Nos momentos de
intimidade, de oração falaremos com Jesus da nossa gratidão, exporemos
ao Senhor as nossas próprias misérias e necessidades, pediremos perdão e
suplicaremos auxílio. Devemos deixar a nossa alma ir ao encontro com
Deus sem reservas, totalmente despojados do orgulho, na certeza de "se
busca a alma a Deus, muito mais a busca o seu amado" (São João da Cruz).
Da oração também faz
parte a dimensão do louvor e do agradecimento. Nesse momento devemos
bendizer a Deus, exaltando-o pelas maravilhas que tem feito em nós e no
nosso meio. É tempo de contemplar a glória de Deus.
A oração de louvor é
ainda uma oração libertadora, que descerra as portas do céu e arrebenta
os grilhões que nos afligem. “O louvor é despertado pela contemplação da
bondade, da verdade, da beleza, da perfeição de Deus" Sigamos o
conselho de Santo Agostinho: “Louva e bendiz ao Senhor todos e em cada
um de teus dias para que quando venha esse dia sem fim possas passar de
um louvor a outro sem esforço”.
Na oração muitas vezes travamos uma luta, um combate espiritual (cf. Rm 15,30) que deve ser vencido na perseverança e no amor.
Usar os carismas durante a oração: oração em línguas, profecia, discernimento, palavra de ciência etc....
2.3.2 Pecado
Devemos
ter consciência da nossa natureza pecadora, pois “se dizemos que não
temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se
reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está), fiel e justo para nos
perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade” (1 Jo
1,8-9).
O pior inimigo do
coordenador é o pecado. Uma situação de pecado permanente é capaz de
desprestigiar seu ministério. "Tudo me é permitido, mas nem tudo me
convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa
alguma" (1 Cor 6,12). O pecado nos impede de correr. Quando temos um
pecado permanente, ficamos como que caminhando com muito peso, como se
tivéssemos uma pedra no sapato.
E necessário evitar o
pecado com todas as forças. Estar atento para não cair nas ciladas do
inimigo e se deixar aprisionar. "Todos os atletas se impelem a si muitas
privações; e o fazem para alcançarem uma coroa corruptível. Nós o
fazemos por uma coroa incorruptível. Assim, eu corro, mas não sem rumo
certo. Dou golpes, mas não no ar. Ao contrário, castigo o meu corpo e o
mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de
eu ter pregado aos outros" (1 Cor 9,25).
Lembrai das palavras
de São Pedro "sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda
ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar.
Resisti-lhe fortes na fé" (1 Pe 5,8-9a).
2.3.3 Viver na vontade de Deus
O que
Jesus deseja, o que O satisfaz é unicamente cumprir a vontade do Pai que
é o seu alimento assim como nos relata São João: "... entretanto, os
discípulos lhe pediam: Mestre come. Mas ele lhes disse: Tenho um
alimento para comer, que vós não conheceis. Os discípulos perguntavam
uns aos outros: Alguém lhe teria trazido de comer? Disse-lhes Jesus: Meu
alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra"
(Jo 4, 32-34).
2.3.4 Conduzidos pelo Espírito
Quando o
coordenador se deixa guiar pelo Espírito, orienta-se perfeitamente para
Deus. O Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza (cf. Rom 8,26), nos
dá força e coragem para sermos testemunhas fiéis (cf. At. 1,8), nos
liberta e nos dá a vida nova (cf. Rom 8,14-16), nos ensina (cf. Jo
14,26).
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