sexta-feira, 22 de março de 2013

RENOVAÇÃO CARISMÁTICA, POR QUE?

 


Por que precisaríamos de uma “renovação carismática” na Igreja? Qual sua utilidade eclesial? Se o tema dos carismas, do “batismo no Espírito”, da devoção renovada à pessoa do Espírito Santo são tão importantes como se diz hoje em dia, por que passamos tantos séculos sem perceber isso? Seria mesmo de inspiração divina essa “onda de matizes pentecostais” que assolou a Igreja Católica nos últimos 45 anos?

Em abril do ano passado, em Los Angeles, durante as comemorações do “Centenário de Asuza Street” – o marco inicial do pentecostalismo protestante –, os dados de um conceituado instituto de pesquisa davam conta de que os “católicos pentecostais” somamos, atualmente, cerca de 133 milhões de adeptos, no mundo. Coisa improvável de se imaginar quando, em 1961, João XXIII, na convocação do Concílio Vaticano II, orava por um “novo Pentecostes”, e pela manifestação de “prodígios” na nossa santa Igreja.(Diria mais tarde João Paulo II que “o movimento carismático católico é um dos numerosos frutos do Concílio Vaticano II que, como um novo Pentecostes, suscitou na vida da Igreja um extraordinário florescimento de agregações e movimentos, particularmente sensíveis à ação do Espírito Santo”.

Paulo VI, que em 1973 afirmara que “à cristologia e à eclesiologia do Concílio deveria seguir-se um estudo renovado e um culto renovado do Espírito Santo”, em 1974 reafirmaria: “Que necessidade  julgamos a primeira e última para nossa abençoada e dileta Igreja?... Devemos dizer, com a alma trepidante e absorta na oração, que a Igreja tem necessidade do Espírito Santo, que é seu mistério, sua vida... A Igreja tem necessidade de seu Perene Pentecostes.

O que caracteriza a Renovação Carismática dentre outros movimentos na Igreja “é a sua interpretação de que o papel do Espírito Santo não mudou na Igreja desde os primeiros séculos, e que também hoje podemos experimentar sua efusão, seu poder e seus dons como o experimentaram os cristãos das comunidades eclesiais primitivas”. (Ao que faz eco a afirmação de João Paulo II quando disse: “Entra, nos compromissos primários da preparação para o jubileu a redescoberta da presença e ação do Espírito”. 

E diria ele aos líderes da RCC no Conferência de Fiuggi,  a 30/10/1998: “A Renovação Carismática Católica tem ajudado muitos cristãos a redescobrir a presença e o poder do Espírito Santo em suas vidas, na vida da Igreja Católica e do mundo”. E disse mais: “Estou convencido de que este movimento é um sinal de ação do Espírito Santo. (...)... Estou convencido de que este movimento é um verdadeiro e importante componente na renovação total da Igreja, nesta renovação espiritual da Igreja” (aos membros do ICCRS, o Conselho Internacional da RCC, a 11/12/1979).

Também João Paulo II, que em 14 de março de 2002 havia deixado claro qual seria uma das dimensões do apostolado da Renovação Carismática Católica, quando disse: “No nosso tempo, ávido de esperança, fazei com que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Assim, ajudareis a fazer que tome forma aquela ‘cultura do Pentecostes’, a única que pode fecundar a civilização do amor e da convivência entre os povos”, na Vigília de Pentecostes de 2004 diria à toda a Igreja: “Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja como um impulso renovado de oração, santidade, comunhão e anúncio”. 

Rosto e memória de Pentecostes. Sinal de sua perenidade de sua atualidade. “Graças ao movimento carismático, tantos cristãos, homens e mulheres, jovens e adultos, tem redescoberto Pentecostes como realidade viva e presente na sua existência cotidiana”.

Uma vez que Pentecostes é uma graça constitutiva do grande mistério pascal – dado que “será o Espírito quem levará à realização plena a nova era da história da salvação”, cf. a Carta Encíclica Dominum et Vivificantem, de João Paulo II, em seu número 22 – Deus, intermitentemente entra na história humana e suscita homens, grupos, ou eventos que contribuam para colocar em evidência a importância do operar do Espírito. 

É obvio que a Renovação Carismática não detêm o monopólio da tarefa de anunciar isso ao mundo, e nem se sente a principal responsável por essa missão, mas não há como negar que, graças à ela, a devoção ao Espírito e a produção de elementos que promovem a cultura de Pentecostes andaram a largos passos nos últimos 40 anos.

Consciente de sua fragilidade – como é próprio de todo grupamento humano –, a Renovação Carismática, porém, segue segura de seu lugar no contexto eclesial, e com a sensação clara de estar cumprindo sua parte no serviço que compete a todos, na Igreja, de “incessantemente colaborar para que a fé no Espírito, ininterruptamente professada pela Igreja, seja reavivada e aprofundada na consciência do povo de Deus” (cf. DeV, 2). Pois, para nós, “renovação carismática” não é apenas um jeito “diferente”, ou “interessante”, de se viver a fé. Renovação Carismática nos é, antes de tudo, uma graça de eleição, uma estratégia de Deus para colocar em relevo a pertinência da perenidade de Pentecostes, bem como para colaborar no propósito do Espírito de revelar constantemente à Igreja aquilo que já lhe é próprio: a sua dimensão carismática!

Anima-nos, nesse apostolado, as palavras de Dom Paul Josef Cordes, proferidas em sua homilia no Retiro Internacional de Líderes, em Assis, na Itália, em setembro de 1992: “Vão, e proclamem o Evangelho! Toquem os corações para Nosso Senhor! Comuniquem o gosto de sua presença, tão próxima que é do Espírito Santo, com energia! O próprio Santo Padre não deixa pairar nenhuma dúvida sobre a esperança que deposita na Renovação Carismática. Não se deixem abater nem fiquem inseguros se certos cristãos não os compreenderem.Quereria confirmá-los com força em sua vocação, pois o mundo tem necessidade da mensagem de vocês, de conhecer sua experiência...”





In “Exortação Apostólica Humanae Salutis”
Aos líderes da RCC na Itália, 14 de abril de 1998.
Audiência Geral de 06/06/1973.
L’Osservatore Romano de 29/11/1972 e 17/10/1974
Documento sobre a Identidade da RCC entregue a João Paulo II pelos membros do  ICCRO, 1979.
Cf. Carta Apostólica Tertio Millenio Adveniente, nº 45
 JOÃO PAULO II, na Vigília de Pentecostes de 2004.
 Bispo que por 10 anos, a pedido de João Paulo II, foi o Assessor Episcopal do Conselho Internacional da RCC (o ICCRS), e que é atualmente o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, das Obras de Misericórdia.
REIS, Reinaldo Beserra dos, in “Carismas e Ministérios na Renovação Carismática Católica”; Editora Santuário, 2004, Aparecida (SP), p. 145.
 

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