A morte
de Jesus No nosso símbolo da fé, proclamamos que Jesus “padeceu sob Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado”. Estas afirmações possuem um denso
conteúdo e nos auxiliam a compreender o sentido de nossa redenção. A entrega
voluntária do Senhor na Cruz é ponto central do Evangelho pregado pela Igreja.
“Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (ICor 15,3). Vejamos,
agora, o que significa o mistério da sua morte. Ele morreu crucificado Se
observarmos os textos do Evangelho, vamos perceber que a causa da condenação de
Jesus foi a blasfêmia.
Ele, no entender do Sinédrio, dizia ser “Filho de Deus”
(Mt 26,65; Mc 14,64; Lc 22,71). Ora, a punição devida para um blasfemador era a
morte (Lv 24,16; Mt 26,66). Além disto, as autoridades judaicas entregaram aos
romanos, como se ele fosse um líder contra as forças imperiais (Mc 15,1; Lc
23,1-2.5). Desta forma, depois de inquirir o povo de Jerusalém sobre a
libertação de um prisioneiro (Mt 17,27; Mc 15,12), o governador Pôncio Pilatos
manda flagelar e crucificar Jesus por ter-se feito “rei dos judeus” (Mt
27,26.37; Mc 15,15.26; 23,24), satisfazendo assim a intenção do sumo sacerdote
e dos demais anciãos do povo. A entrega voluntária de Jesus À morte Apesar das
acusações e da condenação de Jesus, sua morte não se deve a um conjunto de
circunstâncias.
Em todo o tempo, o Novo Testamento nos afirma que Ele se
entregou voluntariamente na Cruz para redimir os pecados da humanidade (Jo 10,
17; Mt 20,28; 1Jo 4,10). O Messias era o Servo Sofredor que em sua morte
redentora revelava o amor divino. A consequência final e mais brutal na vida do
homem decaído era a morte. Jesus, fazendo-se homem, mesmo sem ter cometido
nenhuma transgressão, se entrega à morte para vencer o pecado e suas
consequências e participar, pela fé e pelos sacramentos, esta vitória aos seus
discípulos. Assim sendo, a causa mais profunda da morte de Jesus não pode ser
imputada aos homens que o condenaram à morte, mas a toda humanidade pela
experiência do pecado. O único sacrifício de Cristo A obra salvífica de Jesus
se desenvolve desde a encarnação até a ascensão, encontrando o seu ápice na sua
morte e ressurreição.
A sua morte, ou a Páscoa da Cruz, possui dois sentidos
básicos: ela é o sacrifício pascal e o sacrifício da nova e eterna aliança
selado uma única vez. Pelo primeiro sentido, Jesus é sacerdote, vítima e altar,
pois, na Cruz, Ele oferece a si mesmo no templo do seu corpo ao Pai (Hb
10,10.19-22). Esta entrega é o ato oposto ao de Adão e Eva. Estes queriam ser
autônomos diante de Deus, enquanto, Jesus, em sua natureza humana, subordinou
tudo à vontade divina. O segundo sentido é o pacto de amizade firmado pela
entrega de Jesus. Deus, querendo selar uma aliança eterna e definitiva com os
homens, vem ao nosso encontro em Jesus, manifestando a riqueza de seu amor, de
sua misericórdia e de sua justiça (Mt 26,28; Jo 3,16). Apesar da transgressão
do pecado, com o sacrifício de Jesus, aparece a benevolência de Deus e a
resposta fiel do homem. Doravante, todos os homens vão ser chamados a entrarem
na comunhão com o Pai, através da entrega de Cristo na Cruz (Fl 3,10.18; Cl
3,3-4).
A Vitória de Cristo A morte do Senhor na Cruz é a sua vitória sobre o
pecado, a morte e o demônio. Durante sua vida, Ele foi igual aos homens em
tudo, exceto no pecado. Sua morte é a entrega de um inocente que carregava
sobre si as consequências das transgressões da humanidade. Ela é uma morte
vicária e expiatória, na qual se visibiliza o homem sem pecado capaz de se
compadecer dos pecados dos seus irmãos. Além disto, a morte não vence Jesus,
pois Ele ressuscita! Sobre alguém que já venceu a morte que poder ela ainda
teria? O pró- prio demônio atentou Jesus a se opor ao plano do Pai. Mas, Ele se
manteve fiel e, por isso, abriu um novo caminho para os homens vencerem também
o pecado, a morte e o demônio.
A Eucaristia No dia anterior ao de sua morte,
Jesus antecipou aqueles eventos cruentos na Última Ceia. Lá, Ele instituiu o
memorial da sua entrega voluntária, sacrifical e expiatória através das
espécies do pão e do vinho, consagrando-os como seu corpo oferecido pelos
homens (Lc 22,19) e seu sangue derramado por muitos para remissão dos pecados
(Mt 26,28). Assim, a Eucaristia é o sacramento memorial da entrega de Cristo na
Cruz para a salvação da humanidade.
Para aprofundar... Para saber mais sobre o
assunto, indicamos CIC, do número 571 até 630; o Compêndio do Catecismo, da
pergunta 112 a 124; e o Youcat, da pergunta 94 até 103. Pe. Vitor Gino Finelon
Vice-Diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário