A
Tradição da Igreja está repleta de confirmações sobre a intercessão dos
santos. Uma das Orações Eucarísticas reza que: “Os santos intercedem
por nós sem cessar”. Isto é confirmado plenamente pela Tradição da
Igreja, senão vejamos.
São Jerônimo (340-420), doutor da Igreja disse:
“Se os Apóstolos e mártires, enquanto
estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda
podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de
suas vitórias e triunfos. Serão menos poderosos agora que reinam com
Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens,
que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de
sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor
daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?” (Adv.
Vigil. 6).
Santo Hilário de Poitiers (310-367), bispo e doutor da Igreja:
“Aos que fizeram tudo o que tiveram ao
seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos
anjos nem a proteção dos santos”.
São Cirilo de Jerusalém (315-386): bispo de Jerusalém e doutor da Igreja, afirmava que:
“Comemoramos os que adormeceram no
Senhor antes de nós: Patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires; para
que Deus, por sua intercessão e orações, se digne receber as nossas”.
O Concílio de Trento (1545-1563) em sua 25ª Sessão, confirmou que:
“Os santos que reinam agora com Cristo,
oram a Deus pelos homens. É bom e proveitoso invocá-los suplicantemente e
recorrer às suas orações e intercessões, para que vos obtenham
benefícios de Deus, por NSJC, único Redentor e Salvador nosso. São
ímpios os que negam que se devam invocar os santos que já gozam da
eterna felicidade no céu. Os que afirmam que eles não oram pelos homens,
os que declaram que lhes pedir por cada um de nós em particular é
idolatria, repugna à palavra de Deus e se opõe à honra de Jesus Cristo,
único Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2,5)”.
Essa
intercessão, e especialmente a de Nossa Senhora – que é a mais poderosa
de todas as intercessões – não substitui a medição única de Cristo, ao
contrário, a reforça, pois, sem a medição única e indispensável de
Cristo nenhuma outra intercessão tem valor, já que todas são feitas
através de Jesus Cristo. Por isso a Igreja não teme invocar os santos e
suas preces por nós diante de Deus. Eles pedem por nós oferecendo a Deus
seus méritos e preces. É por isso também que a Igreja recomenda que os
pais ponham nomes de santos em seus filhos, a fim de que tenham desde
pequenos um patrono no céu.
Sabemos que os Papas – usando do dogma
da sua infalibilidade quando define uma sentença de fé – já canonizaram
mais de vinte mil santos, que sem cessar intercedem pelo Reino de Deus.
Mas há muitos que estão no Céu e que a Igreja não sabe seus nomes, nem
mesmo suas histórias. Muitos morreram como mártires anônimos nas
perseguições do Império Romano, do nazismo, do comunismo, na guerra
civil espanhola (1930) e na mexicana (1926). E muitos estão no Céu sem
que tenham sido canonizados oficialmente. Então, para celebrar a
santidade de todos eles a Igreja instituiu esta festa solene.
Segundo essa bela crença, a Igreja
deseja que as imagens dos santos sejam veneradas, não idolatradas. O II
Concílio de Nicéia, em 787, que condenou o iconoclasmo, heresia que
proibia as imagens, declarou solenemente a liceidade de se venerar as
sagras imagens. E nunca mais a Igreja reestudou esse assunto, porque ela
sabe que quando o Espírito Santo lhe ensina alguma verdade é para
sempre. Disse o Concílio:
“Para proferir sucintamente nossa
profissão de fé, conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou
não-escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Uma delas é a
representação pictórica das imagens, que concorda com a pregação da
história evangélica, crendo que, de verdade e não na aparência, o Verbo
de Deus se fez homem, o que é também útil e proveitoso, pois as coisas
que se iluminam mutuamente têm sem dúvida um significado recíproco”.
“Na trilha da doutrina divinamente
inspirada de nossos santos Padres e da tradição da Igreja católica, que
sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com
toda certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como as
representações da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de
mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas
santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre
paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso
Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a
puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos
e dos justos” (DS 600).
S. João Damasceno (†749), doutor da
Igreja, grande defensor das imagens no Concilio de Nicéia II, disse: “O
que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os iletrados”
(De imaginibus I 17 PG, 1248c). “A beleza e a cor das imagens estimula
minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo
dos campos estimula o meu coração para dar glória a Deus” (Cat, § 1162).
Santa Teresa de Ávila († 1582), doutora da Igreja, ao ensinar as vias da oração às suas Religiosas, dizia:
“Eis um meio que vos poderá ajudar…
Cuidai de ter uma imagem ou uma pintura de Nosso Senhor que esteja de
acordo com o vosso gosto. Não vos contenteis com trazê-las sobre o vosso
coração sem jamais a olhar, mas servi-vos da mesma para vos entreterdes
muitas vezes com Ele” (Caminho de Perfeição, cap. 43,1).
O Beato Paulo VI disse na Constituição
Apostólica sobre as Indulgências (1967), que quanto mais almas forem do
Purgatório para o Céu, “mais intercessores teremos lá, e mais depressa o
Reino de Deus chegará a nós”. Quando louvamos os santos, estamos dando
glória a Deus, pois nenhum deles chegou à santidade sem as graças de
Deus. Ele é o nosso santificador. Toda glória é dada a Deus.
Prof. Felipe Aquino
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