Talvez
um tema da Nova Era (New age) que goza de popularidade no mundo atual é
a reencarnação, uma crença que inclusive alguns católicos aceitam
apesar de ser incompatível com a fé cristã.
Uma pesquisa recente realizada pelo prestigioso ‘Pew Center’ revelou
que, por exemplo, 29% dos cristãos nos Estados Unidos aceitam a
reencarnação como algo verdadeiro. No caso dos católicos, 36% admitem
esta crença.
Onde surge a crença na ressurreição?
Embora a crença na ressurreição comece quando o Senhor Jesus
ressuscitou no terceiro dia depois da sua morte, já havia alguma ideia a
respeito disso entre alguns judeus e fariseus.
“Os fariseus acreditavam em anjos e almas espirituais e, geralmente,
na ressurreição dos mortos”, disse à CNA – agência em inglês do Grupo
ACI– o diácono Joel Barstad, professor de Teologia no Seminário Saint
John Vianney, em Denver (Estados Unidos).
“A ressurreição de Jesus entre os mortos confirmou essa crença, mas também lhe deu uma base sólida e profunda”, acrescentou.
A doutrina cristã sobre a ressurreição se encontra no Catecismo da Igreja Católica, do número 988 ao 1001.
O número 989 assinala: “Nós cremos e esperamos firmemente que, tal
como Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre,
assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo
ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia. Tal como a d’Ele,
também a nossa ressurreição será obra da Santíssima Trindade”.
“A palavra ‘carne’ designa o homem na sua condição de fraqueza e
mortalidade. ‘Ressurreição da carne’ significa que, depois da morte, não
haverá somente a vida da alma imortal, mas também os nossos ‘corpos
mortais’ (Rm 8, 11) retomarão a vida”, diz o número 990.
“Crer na ressurreição dos mortos foi, desde o princípio, um elemento
essencial da fé cristã. ‘A ressurreição dos mortos é a fé dos cristãos: é
por crer nela que somos cristãos’”, assinala o número 991.
“A salvação é a unidade com Cristo, porque Cristo traz o Reino de
Deus e esse Reino se realiza na ressurreição”, disse à CNA Michael Root,
professor de Teologia sistemática da Universidade Católica da América.
Joel Barstad afirmou que “um cristão é um indivíduo que realmente
quer ser alguém agora e depois da morte até o fim do mundo, mas para que
isso seja possível, vou precisar do meu corpo ressuscitado e os outros
precisarão dos seus”, explicou.
Por que os cristãos devem rejeitar a reencarnação?
Segundo Root, as duas razões principais para rejeitar a crença na
reencarnação são: que ela se opõe à forma como Cristo oferece a salvação
e porque é contra a natureza da pessoa humana.
Root explicou que a reencarnação “contradiz a imagem da salvação do
Novo Testamento, onde a nossa participação na ressurreição de Cristo é
efetivamente do que se trata a salvação” e “nos dá uma imagem muito
diferente do que é ser humano: um ente incorpóreo que não está
relacionado a nenhum tempo específico”.
“O cristianismo leva muito a sério que somos seres com um corpo e
qualquer noção de reencarnação considera que o ser só tem um tipo de
ligação acidental com qualquer corpo específico, porque a partir dessa
perspectiva a pessoa passa de um corpo para outro e outro e outro; e o
fato de não ter um corpo específico acaba na ideia de que a pessoa não
sabe quem ela é”, destacou Root.
O documento do Vaticano sobre a Nova Era intitulado “Jesus Cristo
portador da água da vida” diz que “a unidade cósmica e a reencarnação
são incompatíveis com a crença cristã de que a pessoa humana é um ser
único, que vive uma vida só sobre a qual é totalmente responsável: este
modo de entender a pessoa coloca em questão tanto a responsabilidade
quanto a liberdade pessoal”.
Barstad também assinalou que a crença na reencarnação não é algo
positivo, nem para os budistas e hindus, que veem como algo de que se
deve fugir.
“Não conheço uma doutrina sólida sobre a reencarnação (…) que
considere a reencarnação de uma alma como algo bom; embora de repente
alguns hindus ou estoicos a reconheçam como uma necessidade cósmica
benigna; mas certamente a aspiração mais profunda” de alguns que
acreditam nisso “seja dissolver completamente o nexo das relações
temporais e corporais; ou seja, dissolver a relação com o corpo, de modo
que não seja possível outra reencarnação para uma alma. A meta da alma é
então se converter permanentemente em ninguém”, destacou Barstad.
Esperança da ressurreição
Enquanto os cristãos podem experimentar o sofrimento na vida, também
podem viver a esperança de que “são amados por Cristo que, através de
sua própria morte humana e divina, e ressurreição, pode levá-los até o
fim e remodelá-los, fazendo algo lindo a partir de uma confusão”,
explicou Barstad.
Além disso, os cristãos esperam a ressurreição dos outros, seus
amigos e entes queridos, “para viver em um novo céu e uma nova terra”.
“Por tudo isso evangelizamos, por isso nos arrependemos dos nossos
erros e perdoamos aqueles que nos fazem algum mal. Por isso rezamos
pelos mortos e os santos que já tem a visão beatífica de Deus também
rezam por nós”.
Os santos, concluiu o especialista, “ainda estão envolvidos com o
mundo e esperam conosco a revelação final de Cristo que dará a todos a
ressurreição”.
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