Um
livro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mais
conhecidos como “mórmons”) narra o seguinte: “Pouco depois de sua
ordenação sob as mãos de Pedro, Tiago e João, foi manifestado a Joseph
Smith de que deveria estabelecer novamente a Igreja de Jesus Cristo
sobre a Terra”[1].
Tais
como essas palavras da igreja mórmon, há outras semelhantes em centenas
de congregações criadas há não mais que 200 anos, como as Testemunhas
de Jeová, por exemplo, que afirmam que a Igreja original foi “seduzida”
pelas filosofias pagãs[2].
Mas será que a Igreja original duraria tão pouco? A verdade é que a própria Bíblia nos aponta o tempo da sua durabilidade.
Jesus disse que desejava muito que o fruto dos seus Apóstolos perdurasse (cf. João 15,16).
Mas perdurasse até quando? 280 anos, para logo depois vir Constantino
e, supostamente, manchar o Cristianismo e a obra dos Apóstolos? Ou
perdurasse através de um Livro Divino, o qual, como que por arte de
magia, se conservaria unido e intacto para, a seguir, ser descoberto
pelos protestantes do século XVI? Creio que o mais razoável é que os
frutos dos Apóstolos perdurarão até o fim do mundo. Inclusive, o próprio
Jesus prometeu estar com a Igreja até o fim do mundo (cf. Mateus
28,20). O que eu exponho neste parágrafo é o pensamento protestante:
irracional a partir de todas as perspectivas, pois sempre eliminam os
desejos de Cristo. Para muitos destes, a Igreja primitiva e santa acabou
quando o último Apóstolo morreu; para outros, terminou quando chegou
Constantino; muitos outros, inclusive, pensam que os cristãos
permaneceram escondidos e surgiram no século XVI ou, talvez, no século
XIX, como afirmam muitas igrejas com seus próprios “apóstolos”.
Nada
mais alheio à realidade! A doutrina, os frutos dos Apóstolos deve
permanecer por todas as gerações. São Paulo afirma que todas as gerações
da Igreja darão glória a Deus (Efésios 3,21). A Mãe do Senhor diz: “Doravante todas as gerações me chamarão ‘bem-aventurada'” (Lucas 1,48). Com efeito, [a Bíblia] nos garante que a Igreja perdura com adoradores de Deus geração após geração.
Logo,
vindo nós depois dos Apóstolos, se queremos ouvir a Igreja que segue os
Apóstolos, devemos averiguar o que os primeiros cristãos irão nos
contar. É irrefutável o fato de que os primeiros cristãos nos darão a
pauta para conhecermos mais, sobretudo o que os Apóstolos e o Senhor não
escreveram na Bíblia e que chamamos de “Sagrada Tradição Apostólica”:
aquilo que não está escrito na Biblia o sabemos pelo testemunho dos
cristãos anteriores a Constantino.
No
momento em que Constantino chega ao poder, já existiam Bispos que
sustentavam uma doutrina cristã católica, inclusive antes de ter sido
redigido o Edito de Milão, como por exemplo o Bispo Ósio de Córdoba, que
defendeu a doutrina católica contra os arianos, ou também Santo
Atanásio, que foi um dos principais cristãos que estiveram envolvidos
nessa grande tarefa que foi constituir um cânon das Escrituras cristãs.
Ósio
de Córdoba foi o Bispo que, com muita valentia, influenciou o imperador
Constantino para que se fizesse um pacto de paz. Recordemos que ser
cristão e estar diante de um imperador romano era quase que suicídio;
mas não foi assim com Constantino. Creio que Ósio já tinha compreendido
que Constantino não tinha sede de sangue cristão. Ósio nasceu na
Espanha, na cidade de Córdoba, durante a ocupação romana daquelas
províncias, no ano 256 d.C., motivo pelo qual também sofreu das cruéis
perseguições promovidas contra os cristãos, entre elas, uma das mais
sangrentas como foi aquela ordenada pelo imperador Diocleciano.
Esses
dois Bispos, entre outros, dão testemunho de que a Igreja Católica
vivia e era anterior aos fatos do imperador Constantino: a Igreja já
havia sido edificada antes que Constantino assinasse, inclusive, o Edito
de Milão. Já que a sucessão apostólica era um fato indiscutível, a
Igreja perduraria.
– “A única fé verdadeira e vivificante é
aquela que a Igreja distribui aos seus filhos, tendo-a recebido dos
Apóstolos pois, com efeito, o Senhor de todas as coisas confiou-lhes a
Boa Nova e, por eles, nós chegamos ao conhecimento da verdade (…) Seria
muito longo em um escrito mostrar as sucessões de todas as igrejas; por
isso, indicaremos como a maior delas e a mais conhecida de todas – a
Igreja que está em Roma, fundada por Pedro e Paulo – possui uma tradição
que provém dos Apóstolos e que chega até nós, na pregação da Fé aos
homens”[3].
—–
NOTAS
[1] “A Verdade Restaurada”, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1979, p. 31.
[2] Cf. “O Homem em Busca de Deus”, Sociedade Torre da Vigia de Tratados e Bíblias da Pensilvânia, 1990, p. 262.
[3] “Contra as Heresias”, Santo Ireneu de Lião, 180 d.C., cap. 7.
- Fonte: http://www.voxveritas.com.mx
- Tradução: Carlos Martins Nabeto
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