"Puritas cordis"
[pureza de coração] significa muito mais do que perfeição moral ou
mesmo ascética. É o fim de um longo processo espiritual de transformação
no qual a alma, perfeita na caridade, desapegada de toda criatura,
livre de todos movimentos das paixões desordenadas, é capaz de viver
mergulhada em Deus, sendo penetrada, de quando em vez, por intuições
vivas de Sua ação, intuições que sondam as profundezas dos mistérios
divinos, que ‘entendem’ Deus em uma íntima e secreta experiência, não só
de quem Ele é, como do que está fazendo no mundo. A pessoa pura de
coração não só conhece a Deus, Ser Absoluto, Ato puro, mas o reconhece
como Pai das Luzes, Pai das Misericórdias, que tanto amou o mundo que
lhe deu Seu Filho Unigênito para o remir. Essa pessoa O conhece não
apenas pela fé, pela especulação teológica, mas por uma íntima e
incomunicável experiência.”
Bread in the Wilderness, de Thomas Merton
(New Directions Publishing Corp. New York), 1953 p. 20-21
No Brasil: O Pão no Deserto, (Ed. Vozes, Petrópolis), 1963, p. 33
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