Como vencer esse estado de espírito onde parece que Deus está longe e que nos falta a fé?
Às
vezes podemos passar por algum período de aridez espiritual, isto é,
não temos vontade de rezar, torna-se difícil assistir a santa Missa, a
reza do Terço fica pesada, etc. Até mesmo a sagrada Comunhão se torna um
sacrifício diante das dúvidas que podem atingir a nossa alma. Parece
que o céu sumiu…
Como vencer esse estado de espírito onde parece que Deus está longe e que nos falta a fé?
Primeiro
é preciso verificar se esta situação não é tibieza, isto é, causada por
nossa culpa em não perseverar no cuidado da vida espiritual, e,
sobretudo, verificar se não há pecados graves em nossa alma, que possam
estar afugentando dela a graça de Deus.
Se não houver pecados na
alma, então, é preciso antes de tudo, calma, paciência e perseverança
nos exercícios espirituais: oração, vida sacramental, caridade,
penitência, etc. Mesmo sem vontade ou sem gosto, continuar sem jamais
parar, os exercícios espirituais.
Deus às vezes permite essas provações para que aprendamos a “buscar mais o Deus das consolações do que as consolações de Deus”, como disse um santo. São João da Cruz, místico que tanto experimentou o que chamou de “noite escura da fé”, disse que “o progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber.”
Muitas
vezes nos deleitamos nas orações gostosas, cheias de fervor sensível,
como crianças quando comem doces. Mas quando vêm a luta, deixamos a
oração.
Vejamos o que diz o Apóstolo:
“Filho
meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando
repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo
aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s). Estais sendo provados
para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o
filho a quem seu pai não corrige?… Mas se permanecêsseis sem a correção
que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos… Aliás,
temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos
com respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de
nossas almas, o qual nos dará a vida? Os primeiros nos educaram para
pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao passo que este o faz
para nosso bem, para nos comunicar sua santidade”. (Hb 12,5-10) .
Deus
nos quer santos, e é também algumas vezes pela provação e pela aridez
espiritual que Ele arranca as ervas daninhas do jardim de nossas almas.
Coragem alma querida de Deus! Jesus disse que Ele é a videira
verdadeira, e Seu Pai o bom agricultor que podará todo ramo bom que der
fruto, para que produza mais fruto (cf. Jo 15,1-2).
Não podemos
querer apenas o açúcar do pão, e renegar o pão do sacrifício. Às vezes a
meditação é difícil, a oração é penosa, distraída, surgem as noites e
as trevas… Nesta hora é preciso silêncio, abandono, paciência. O Esposo
há de voltar logo… Em breve vai raiar a aurora e os fantasmas vão sumir.
Quanto
mais a noite fica escura, mais perto nos aproximamos da aurora. Deus
sabe o que estamos passando, louvado seja o seu santo Nome! É hora de
abandono em suas mãos paternas.
No meio das trevas alguns sentem o
coração como se fosse de gelo, não sentem mais amor a Jesus, perdem a
piedade, se sentem condenados. Que desoladora confusão espiritual!
Nestas
horas a única saída é fechar os olhos e dar as mãos a Jesus para ser
guiado por Ele na fé; confiança e abandono irmão, só Ele sabe o caminho
para sair deste matagal fechado e escuro.
Deus
nos prepara para a contemplação pelas provas passivas, ensinam os
santos. Ele as produz e a alma apenas tem que aceitar. É o duro caminho
dos que querem a perfeição. Ele está purificando a alma; o Cirurgião
Celeste está nos operando a alma.
São
João da Cruz fala da famosa “noite dos sentidos” cheia de aridez e de
provação, um verdadeiro martírio para a alma. Segundo o santo doutor, é
Jesus que chama a alma a caminhar com Ele no deserto, mesmo queimando os
pés e sendo queimado pelo sol, para se santificar.
Calma alma
querida de Deus, Ele faz isso porque te ama muito. O fogo bom não é
aquele “fogo de palha”, alto e bonito, mas rápido, que logo se apaga;
mas é o fogo baixo que pega na lenha grossa e permanece por muito tempo.
O fogo de palha é só para começar…
É isso que está acontecendo;
não se assuste; não se preocupe porque o gosto de rezar sumiu e se
tornou um agora um sacrifício penoso… Fé não é sentimento e muito menos
sentimentalismo; fé é adesão, com a mente, a Deus, às suas verdades e
às suas determinações. Não se preocupe de estar ou não “sentindo” fé ou
devoção; apenas viva-a; vá a Missa, ao grupo de oração, ao Terço, com ou
sem vontade, com ou sem gosto, com ou sem sentir. Assim, temos mais
méritos ainda diante de Deus.
Nesta situação talvez você precise de um diretor espiritual, especialmente na Confissão, para uma boa orientação.
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