Apresentamos a terceira parte da tradução do prólogo do livro "Calvary and the Mass" do Venerável Bispo Fulton J. Sheen
O que é importante, neste ponto, é que assumamos a adequada atitude
mental diante da Missa, e nos lembremos deste importante fato, que o
Sacrifício da Cruz não é algo que aconteceu há dezenove séculos.
Ele ainda está acontecendo. Não é algo que aconteceu no passado
como a assinatura da Declaração de Independência; é um drama permanente
no qual a cortina ainda não foi abaixada. Não deixemos que se
pense que tudo já aconteceu há muito tempo, e, dessa forma, não diz mais
nada a nós a não ser como algo no passado. O Calvário pertence a todos os tempos e a todos os lugares.
É por isso que, quando Nosso Senhor subiu às alturas do Calvário, foi
oportunamente despojado de Suas vestes: Ele salvaria o mundo sem os
ornamentos de um mundo passageiro. Suas vestes pertenciam ao tempo,
porque elas O localizavam, e O fixavam como um habitante da Galileia.
Agora que Ele foi despojado delas e completamente despojado de coisas
terrestres, Ele não mais pertence à Galileia, nem a uma província
romana, mas ao mundo. Ele se tornou o pobre universal do mundo inteiro,
pertencendo não a um povo, mas a todos os homens.
Para expressar melhor a universalidade da Redenção, a cruz foi
levantada na encruzilhada da civilização, num ponto central entre as
três grandes culturas de Jerusalém, Roma e Atenas, em nome das quais Ele
foi crucificado.
A cruz foi, dessa forma, afixada como um sinal diante dos olhos
dos homens, para arrebatar o indolente, cativar o insensato e seduzir o
mundano. Foi o único fato ineludível, ao qual as culturas e as
civilizações do Seu tempo não puderam resistir. É também o único fato
ineludível do nosso tempo, ao qual não podemos resistir.
As personagens na Cruz são símbolos de todos os que crucificam. Nós estávamos lá em nossos representantes. O
que nós fazemos agora para o Cristo Místico, eles fizeram em nossos nomes para o Cristo histórico.
Se nós temos inveja dos bons, nós estávamos lá nos escribas e nos
fariseus. Se temos medo de perder alguma vantagem temporal ao abraçarmos
o Divino Amor e a Verdade, estivemos lá em Pilatos. Se confiamos nas
forças materiais e buscamos conquistar por meio do mundo ao invés do
espírito, estivemos lá em Herodes. E a história continua nos pecados
comuns do mundo. Todos eles nos tornam cegos para o fato de que Ele é
Deus. Existe, então, um tipo de certeza inevitável sobre a Crucifixão.
Os homens que são livres para pecar são também livres para crucificar.
Enquanto houver pecado no mundo a Crucifixão é uma realidade. Como o poeta colocou:
"Eu vi o filho do homem passando, Coroado com uma coroa de espinhos. 'Não estava terminado Senhor', disse eu, 'E todo o sofrimento carregado?'
"Ele voltou para mim seu olhar tremendo: 'Ainda não entendeste? Toda alma é um Calvário e todo pecado é um madeiro".
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