Apresentamos a última parte da tradução do prólogo do livro "Calvary and the Mass" do Venerável Bispo Fulton J. Sheen
Nós estávamos lá durante a Crucifixão. O drama já foi completado no que
concerne à visão de Cristo, mas ainda não foi desfraldado para todos os
homens, de todos os lugares e em todos os tempos. Se o rolo de um
filme, por exemplo, tivesse consciência de si mesmo, ele saberia o drama
do início ao fim, mas os espectadores no cinema não saberiam até que
tivessem visto o filme se desenrolar na tela.
De maneira parecida, nosso Senhor na Cruz viu, em Sua mente eterna, o
drama todo da história, a história de cada alma, e de como, mais tarde,
ela reagiria à sua Crucifixão; mas embora Ele tenha visto tudo, nós não
poderíamos saber como reagiríamos à Cruz até que nós fôssemos
desenrolados na tela do tempo. Nós não tivemos consciência de estar
presentes no Calvário naquele dia, mas Ele estava consciente da nossa
presença. Hoje nós sabemos o papel que desempenhamos no drama do
Calvário, apesar de que vivemos e atuamos agora no drama do século
vinte.
Por isso o Calvário é atual; porque a Cruz é Crise; porque em um certo
sentido as chagas ainda estão abertas; porque a Dor ainda permanece
deificada, e porque o sangue, como estrelas cadentes, está ainda
gotejando sobre nossas almas.
Não há escapatória da Cruz nem mesmo através de sua negação,
como fizeram os fariseus; nem mesmo vendendo Cristo, como Judas fez; nem
mesmo crucificando-O como fizeram os executores. Nós todos vemos isso,
quer abraçando a cruz como salvação, quer fugindo dela até a desgraça.
Mas, como isso se tornou visível? Onde acharemos o Calvário
perpetuado? Nós acharemos o Calvário renovado, revivido, representando,
assim como nós vemos, na Missa.
O Calvário é um só com a Missa, a Missa é uma só com o Calvário, pois em ambos existe o mesmo Sacerdote e a mesma Vítima.
Imagine então o Sumo Sacerdote Cristo deixando a sacristia do céu para o
altar do Calvário. Ele já colocou a túnica da nossa natureza humana, o
manípulo do nosso sofrimento, a estola do sacerdócio, a casula da Cruz. O
Calvário é sua catedral; a rocha do Calvário é a pedra do altar; o sol
avermelhado é a lâmpada do santuário; Maria e João são os altares
laterais vivos; a Hóstia é seu Corpo; o vinho é Seu Sangue.
Ele em pé é o Sacerdote, mas prostrado é a Vítima. Sua Missa está para começar.
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