A
Santíssima Virgem Maria, por haver ensinado tantas coisas a Jesus, igualmente é
nossa mestra na medida em que converte em nosso modelo de espiritualidade, cujo
ponto alto está na irrestrita fé no Senhor, seu Deus. Maria ensinou ao Filho
uma porção de coisas. Com ela o Mestre aprendeu a falar, a dar os primeiros
passos e a conhecer o nome das coisas e dos objetos, assim como a diferenciar o
dia da noite, o frio do calor. Como criança, Jesus aprendeu com sua mãe o valor
dos pequenos gestos da vida humana. Não sendo rica nem culta, Maria
transmitiu-lhe a riqueza do amor e o entendimento dos espíritos povoados de
Deus, no mistério das realidades da vida simples, calcada na segurança do amor
sem fim.
Maria
é a mãe do Jesus histórico e do Cristo da fé. Pela graça e amor do Pai ela se
tornou a mãe do Messias, nosso Salvador. Nela não se encontra apenas o advento
de Deus no mundo, mas também uma irradiação de sua presença amorosa e
transformadora. Quando o cristão deseja compreender bem o mistério de sua
espiritualidade e de sua fé, ele experimenta o dever, a urgência de considerar
e refletir sobre a pessoa e o lugar de Maria no projeto de Deus e na vida da
Igreja.
A
Igreja de Jesus tem três pilares: Carismática, Petrina e Mariológica.
A
pessoa de Maria, como a nova Eva, é mencionada nas Sagradas Escrituras, do
Gênesis ao Apocalipse. Por isso o próprio Senhor dará um sinal: uma virgem
conceberá e dará à luz um filho e o chamará pelo nome de Emanuel (Is 7,14).
Com
Maria Jesus conheceu o nome das pessoas, dos parentes e dos pequenos animais
domésticos. Nesse particular, ressalte-se que Maria foi mãe, mestra e guia de
Jesus-menino.
Hoje
se nota que o nosso mundo está repleto de egoísmo, excesso de personalismo,
onde muitas mulheres renunciam ou postergam a maternidade a planos irrelevantes
ou subalternos, em nome do prazer, da estética, da profissão, de uma pretensa
liberdade, de ideais duvidosos de um falso espaço ou de uma enganosa
realização.
Ah,
que lição Maria nos dá! Ela é a mulher simples que se despe de seus ideais
humanos, mergulha no escuro da fé, doando-se ao seu Deus, esvaziando-se de si
mesma para ser preenchida pela riqueza do Espírito Santo. Tal doação
credencia-a ao titulo de medianeira de todas as graças.
São
abundantes as referências dos clássicos. De um lado, vemos São Boaventura
ensinando que a vontade de Deus é que recebamos todas as graças por intermédio
de Maria. De outro, São Luis Maria Grignion de Monfort nos fala, abaixo, dos
méritos e das virtudes de Jesus que adornam a espiritualidade de Maria, e pela
mãe são transmitidos a nós: Deus Filho comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu
por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis. Jesus
a fez tesoureira de tudo que seu Pai lhe deu em herança; é por ela que ele
aplica seus méritos aos membros do corpo místico, que comunica suas virtudes, e
distribui suas graças; ela é o canal misterioso, o aqueduto pelo qual passam
abundantes e docemente suas misericórdias (In: Tratado da verdadeira devoção à
Santíssima Virgem. Ed. Vozes, 1987.) .
Existem
muitas mulheres como Maria! Há pessoas que a tudo renunciam, sacrificando-se
pelo amor de seus filhos (e às vezes até de filhos alheios) e de sua família,
elegendo-os como prioridade de suas vidas, deixando de lado as ilusórias
promessas do mundo, as irreais sensações de estabilidade e tranquilidade, para
se dedicarem ao amor, para escutarem o filho balbuciar seu nome, afagarem seu
rosto com suas mãozinhas, chamando-as de mamãe, e iniciando com elas o processo
de aprendizado pela vida.
Com seu amor de mãe, Maria cuida dos irmãos de seu
Filho, que ainda peregrinam e se debatem
entre os perigos e as angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz. Por
isso, a Santíssima Virgem é invocada na Igreja com os títulos de Advogada,
Auxiliadora, Amparo e Medianeira.
A
grande lição de vida que Maria nos dá é sua fé em seu Senhor; é sua
disponibilidade em estar a serviço, a capacidade de se colocar à disposição de
um projeto que ela mesma não sabia como era, mas suficientemente claro para ser
abraçado pela fé, afinal, vindo do seu Senhor, só podia ser coisa boa. É
incrível a humildade de Maria, reconhecendo-se pequena antes os intrincados
caminhos de Deus.
O
silêncio de Maria é revelador, povoado de mensagens, não de acomodação nem de
resignação, é pleno de confiança e entrega, certa que Deus sempre faz o melhor
por seus filhos, mesmo que estes não possam perceber, de imediato, esses
benefícios.
A
grande fé que se derrama do coração de Maria é a tônica que ajudou a edificar
aquele lar em Nazaré, onde o amor e a esperança brotavam em torrentes, cujo
exemplo vara os séculos e nos conduz, hoje, à sua imitação.
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