A
fé tem a ver com a noite. A luz só se vê à noite, como as estrelas. As
estrelas brilham no céu noturno. A luz da fé brilha na noite. A fé é um
lugar sem certezas.
A fé é um lugar de abertura. A fé é uma forma de
hospitalidade radical.
Para mim, as
grandes imagens bíblicas da fé são as da luta de Jaco com o anjo
(quando ele, no amanhecer ainda escuro, ao atravessar um riacho, luta
com o próprio Deus sem saber que está a lutar com Deus; mas essa imagem
do combate noturno, agônico, um bocado imperceptível mas que nos fere e
deixa depois no nosso corpo a ferida, é a imagem mais prodigiosa do que é
a fé no Antigo Testamento) e a do percurso que as mulheres fazem de
manhãzinha, com o dia ainda muito escuro, a caminho de um sepulcro que
encontram vazio.
A fé tem
necessariamente esse lado noturno de indagação e de expectativa.
A fé é
uma expectativa.
E é nesse sentido a imagem do salto no escuro.
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