Leitura da Carta de São Tiago.
19Meus queridos irmãos, sabei que todo homem deve ser pronto para ouvir, mas moroso para falar e moroso para se irritar. 20Pois a cólera do homem não é capaz de realizar a justiça de Deus. 21Por
esta razão, rejeitai toda impureza e todos os excessos do mal, mas
recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz
de salvar as vossas almas.
22Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. 23Com efeito, aquele que ouve a Palavra e não a põe em prática é semelhante a uma pessoa que observa o seu rosto no espelho: 24apenas se observou, vai-se embora e logo esquece como era a sua aparência.
25Aquele, porém, que se debruça sobre a Lei da
liberdade, agora levada à perfeição, e nela persevera, não como um
ouvinte distraído, mas praticando o que ela ordena, esse será feliz
naquilo que faz. 26Se alguém julga ser religioso e não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo: a sua religião é vã. 27Com
efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta:
assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar
contaminar pelo mundo.
Responsório (Sl 14)
— Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
— Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
— É aquele que caminha sem pecado e pratica a justiça fielmente; que
pensa a verdade no seu íntimo e não solta em calúnias sua língua.
— Que em nada prejudica o seu irmão, nem cobre de insultos seu
vizinho; que não dá valor algum ao homem ímpio, mas honra os que
respeitam o Senhor.
— Não empresta o seu dinheiro com usura, nem se deixa subornar contra o inocente. Jamais vacilará quem vive assim!
Evangelho (Mc 8,22-26)
Naquele tempo, 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele.
23Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do
povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele, e perguntou:
“Estás vendo alguma coisa?”
24O homem levantou os olhos e disse: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam”. 25Então
Jesus voltou a por as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar
claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: “Não entres no povoado!”
Reflexão
Quando cristãos retornam de algum retiro ou encontro de
espiritualidade, alardeando que agora estão convertidos, é para se ficar sempre
com um pé atrás. Digo isso porque muitas vezes, o coitado mal volta do retiro e
já o engajam em alguma pastoral ou movimento dando-lhes mil e uma tarefas. O
pior é quando, por conta desse excessivo
entusiasmo, são convidados a darem testemunho na assembléia....Testemunho como
o de Pedro que um dia, cheio de entusiasmo disse a Jesus"Eu te seguirei
Senhor por onde fores, jamais deixarei de estar contigo" mas naquele mesmo
dia, que era a véspera de sua paixão, Jesus apagou o fogo de palha de Pedro,
profetizando que naquela madrugada ele iria negá-lo por três vezes, antes que o
galo cantasse. Pedro deve ter ficado indignado com essa previsão catastrófica
do Mestre, que parecia não acreditar na sua fidelidade então manifestada. É que
Jesus conhece o coração humano, sempre tão volúvel, que parece tão arrojado em
um determinado momento, mas em outro se encolhe amedrontado diante de alguma
ameaça. Jesus não reclama de Pedro ser assim, apenas lhe mostra que o caminho
do discipulado não pode ser percorrido apenas no entusiasmo, pois a jornada é
dura, espinhosa e meio complicada.
Nada contra os nossos retiros e encontros de espiritualidade que
são úteis e necessários sendo até colocados como obrigação aos ministros
ordenados e religiosos, pela Lei da Igreja. O problema é pensar que a conversão
já aconteceu, e a partir de agora vão poder vislumbrar um mundo totalmente novo
quando na verdade, o mundo é o mesmo, as pessoas são as mesmas, e as situações
também. O Novo na verdade, está dentro da pessoa...e um coração renovado renova
também o olhar que ganha a luz da FÉ.
A conversão verdadeira é toda um processo de muitas etapas nessa
experiência com Jesus Cristo, é portanto
algo dinâmico em nossa vida, pois em cada decisão tomada ou atitude assumida
diante de grandes ou pequenos acontecimentos,
vamos mostrando se estamos ou não sendo fiéis a nesse processo.
O homem cego, curado por Jesus nesse evangelho, já tinha feito uma
experiência inicial com ele, entretanto
ainda não tinha uma visão clara dos acontecimentos pois a sua visão
espiritual confundia homens com árvores que andavam. O que houve ? Jesus não
teria feito direito os gestos para realizar a cura? Claro que não, é que o ser
humano tem suas limitações e os efeitos da Graça Divina é como aquela chuvinha
fina, que sem muito alarde, vai fecundando a terra mansamente fertilizando-a.
Foi somente após mais uma experiência com Jesus que os olhos
daquele homem começaram a enxergar perfeitamente. E onde é o lugar de quem tem
uma nova visão da vida, das pessoas e dos acontecimentos? É na Comunidade que é
a casa dos que crêem. Mas sempre lembrando que a FÉ é dom de Deus e é Jesus quem abre nossos
olhos para vivermos essa realidade totalmente nova.
Pertencer a uma comunidade,
sentir-se Igreja com os demais irmãos e irmãs, não é uma decisão nossa, mas
somos Igreja e Comunidade pelo impulso permanente do Espírito Santo. Não se
trata de um simples "empurrãozinho" igual aquele que se dá para fazer
um carro pegar n o tranco, a Força do Espírito é uma dinâmica em nossa Vida de
Fé.
Mas é um processo lento que começa em nosso Batismo e termina com a nossa morte, quando então, totalmente convertidos, Jesus nos mandará para nossa casa definitiva onde teremos a visão Beatífica de Deus. Que não se abata sobre nós o desânimo, se de vez em quando em nossa Vida de Fé, confundirmos árvores com homens....Nossas deficiências e limitações fazem parte desse processo!
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