quinta-feira, 7 de outubro de 2010

LITURGIA DIÁRIA - EIS A SERVA DO SENHOR


Lucas 1, 26-38

26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. 28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. 29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 33e o seu reino não terá fim. 34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? 35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, 37porque a Deus nenhuma coisa é impossível. 38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela. - Palavra da salvação.

Antes de pronunciar essas palavras Maria se chamara «a escrava do Senhor». Esta é a definição que Maria tem de si mesmo. No mesmo evangelho chamam-na os homens de Maria, Deus a conhece com o nome de cheia de graça e, finalmente, o nome que ela escolhe para si: escrava do Senhor.
A situação constituinte da vocação é oferta por Deus, mas ao mesmo tempo tem que se transformar em escolha pessoal, íntima, refletida. Quando alguém elege a disponibilidade para o serviço do Senhor tem que saber-se escravo, isto é, entrar no grupo dos anawins do Antigo Testamento, pertencer somente ao Senhor e d’Ele receber tudo. Quem deseja colocar-se a serviço de Deus tem que deixar que Deus o experimente: prepara o teu coração para a prova, sofre as demoras de Deus (cf. Eclo 2). O escravo não tem vontade própria, não escolhe trabalho, não pode ir atrás de seus gostos. Simplesmente deixa fazer. Por isso mesmo se vê a coerência do sentido que Maria tem de sua vocação quando, ao abandonar-se em escravidão ao plano misterioso de Deus, diz «faça-se em mim segundo a tua palavra». Maria, a serva do Senhor, aceita plenamente a sua Palavra, cooperando ativamente e de modo imediato à obra de Deus que o anjo anunciava. Dá um sim livre e consciente à concepção humana do Filho de Deus e vive, desse modo, aquele abandono grandioso que a fé pede.
Nela se cumpre fisicamente a Palavra de Deus. Torna-se, de agora em diante, portadora da Boa-Nova da salvação que Deus havia escondido no seu coração e que, agora, chegada a plenitude dos tempos, revelava através da humilde serva do Senhor.
Acolher a Palavra no coração e na vida: eis a grande lição que aprendemos do chamado de Maria. Gerou durante toda a sua vida a Palavra no seu coração e, por graça e eleição divinas, tornou-se sua Mãe.
Não é essa também a nossa missão? Não nos diz Jesus que temos que tornar-nos seus parentes quando diz que mãe e irmãos seus são aqueles que fazem a vontade do Pai que está nos céus? (cf. Mc 3,34). Desse modo, todo aquele que se torna imitador de Maria, buscando em tudo a vontade de Deus, conseqüentemente possui uma proximidade muito grande de Jesus. A tal ponto isso é verdade que Jesus os identifica como parentes muito próximos: mãe e irmãos seus. Jesus se compreende como aquele que faz em tudo a vontade do Pai: esse é o seu maior desejo (cf. Hb 10,7).
Assim, aprendemos com a Virgem Maria que a realização daquele que recebeu um chamado não tem nada a ver com compensações egoístas, mas é um verdadeiro lançar-se integralmente na busca da realização do querer divino. Pode-se dizer que é um verdadeiro e próprio casamento, uma aliança para realizar a Palavra divina que é-nos enviada para que Deus, através da nossa humilde colaboração, realize o seu desejo de salvação.

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