terça-feira, 15 de junho de 2010

SÁBADO OU DOMINGO???

QUAL O DIA DO SENHOR, SÁBADO OU DOMINGO?
No livro do crismando, Testemunhas do Reino, 8ª edição – Nucap, (núcleo de catequese paulinas), Pág. 15, traz uma referência sobre o Domingo como sendo o dia do Senhor. Diz: “ Domingo” vem da palavra latina Dominus, que quer dizer “Senhor”. E conclui: Portanto, é o dia do Senhor.

Mas, ao ler tal referência no segundo encontro da Crisma, realizado no último dia 13 de junho, fomos levados a um questionamento. E quanto ao que o Senhor nosso Deus, disse a Moisés? "“Trabalharás durante seis dias e farás todas as tuas obras. O sétimo dia, porém, é o sábado do Senhor, teu Deus. Não farás nenhum trabalho” (Ex 20,8-10). Diante dessa citação, fica claro o sábado como sendo o dia próprio para adoração, o dia do Senhor. E, ainda sabendo que Jesus além de grande cumpridor da Lei, nos ensina que ele não veio para abolir a lei, mas para trazê-la ao seu cumprimento, (MT 5,17), bem como, nenhuma vírgula será tirada da lei, como aceitar o Domingo como sendo o dia do Senhor e porque a Igreja Católica sem nenhuma base bíblica fez essa mudança? Sim, sem nenhuma base Bíblica, porque do Gênesis ao Apocalipse não se encontra citação alguma que faça tal menção a essa mudança.

Se eu fosse um protestante, teria aqui alguns bons artifícios para no mínimo implantar a dúvida naquelas cabeças menos preparadas. Mas, poderia também ser aquele “falso católico” xarope, pseudo-intelectual que usa certas passagens para questionar sua própria Igreja. Em fim, como somos bons católicos, graças a Deus, vamos então entender qual dia é realmente o dia do Senhor.
“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado; de modo que o Filho do Homem é senhor até do sábado” (Marcos 2, 27).

“Portanto, ninguém vos julgue por questões de comida e de bebida, ou a respeito de festas anuais ou de sábados, que são apenas sombra de coisas que haviam de vir, mas a realidade é o Corpo de Cristo” (Colossenses 2, 16).

Com base nestas duas citações, nós temos duas verdades sobre o sábado. Primeiro que ele não é intocável, pois existe uma pessoa superior a ele e outra coisa que também se faz superior. A pessoa é Jesus, e a coisa, é a vida. Jesus diz que ele é Senhor do Sábado e atesta que a vida está acima de toda e qualquer lei. A lei que realmente tem validade para Deus, é a da vida. Ou seja, se os discípulos comiam sem lavar as mãos, comiam porque estavam com fome, assim como fez Davi e seus homens em dia de sábado, quando comeram os pães da proposição. Para concluir, Jesus ainda dar um exemplo do animal que está com sede. Tudo isso para mostrar que o sábado foi feito para o homem e não em contrário.

Alguns adventistas procuram impugnar esse trecho de S. Paulo argumentando que “sábados” se refere aos ‘descansos’, como a Páscoa, Pentecostes, etc. Todavia, o “Sábado”, dia de guarda, fazia parte dos “sábados”. O apóstolo apenas reforça o que foi ensinado por Nosso Senhor Jesus Cristo, tornando sem efeito o argumento adventista.

A ordem de observar o sábado era rigorosamente cumprida pelos Judeus. Aliás, foi no sábado que eles saíram do Egito rumo à Terra prometida.
O primeiro dia da semana judaica, posterior ao sábado, quando Cristo ressuscitou, tornou-se o dia de culto dos cristãos ou o dia do Senhor. No ano de 57/58, por exemplo, em Trôade, na Ásia Menor, os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana, conforme At 20, 7, para celebrar a Eucaristia. Em 1Cor 16, 2, S. Paulo recomenda aos fiéis a coleta em favor dos pobres no primeiro dia da semana – o que supõe uma assembléia religiosa realizada naquele dia. Só lembrando que alguns irmãozinhos protestantes utilizam essa passagem, para dizer que eles trabalhavam no domingo, portanto, não era dia do Senhor coisa alguma.

O Domingo é o dia dedicado à glorificação do Senhor vitorioso sobre a morte, e tomou adequadamente o nome de “Kyriaké heméra”, dia do Senhor (ou, propriamente, dia imperial), como se depreende de Ap 1, 10: “Fui arrebatado em espírito no dia do Senhor”. O grego “Kyriaké heméra” deu em latim “Dominica dies”, donde, em português, dominga ou domingo.
Pode-se crer que a celebração do domingo tenha tido origem na própria Igreja-mãe de Jerusalém, pois os apóstolos estavam reunidos no 50o. dia (Pentecostes), que era domingo, quando receberam o Espírito Santo (At 2, 1-3). Este quis se comunicar não num sábado, como Cristo também não quis ressuscitar num sábado, mas no dia seguinte, domingo. O dia da ’santificação’ de sua Igreja foi o domingo e não o sábado.

Agora, um outro problema. Qual é o sétimo dia? A palavra ’sábado’ não exprime o dia determinado da semana, mas, em hebraico, quer dizer: cessação, repouso (shabath). Quando deve ser este dia de repouso? Deus nunca determinou. O que ele quer é que, após seis dias, o sétimo lhe seja consagrado. Vamos observando como a base Bíblica para a Igreja está indiretamente inserida em seus textos.
Outro argumento de alguns estudiosos: na semana judaica, a contagem dos dias começa na primeira-feira e não na segunda-feira, sendo o sétimo dia a nossa sexta-feira e o sábado, o nosso domingo.

Mas, ainda que fosse o sábado o sétimo dia, a Igreja teria o poder de alterá-lo, não sendo ele, como demonstrado, superior ao “Corpo Místico de Cristo” (Colossenses 2, 16). O próprio Deus encarnado concedeu este poder à sua Igreja: “Tudo o que ligares na terra, será ligado no Céu e tudo o que desligares na terra, será desligado no Céu”. São palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo aos seus discípulos.

Examinemos agora um pouco a história: desde o século II, há depoimentos que atestam a celebração do domingo tal como foi instituída pelos apóstolos, conscientes do significado da ressurreição de Cristo. Assim Santo Inácio de Antioquia (+110, aproximadamente) escrevia aos Magnésios: “Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas, chegaram à nova esperança, não observando mais o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, dia em que nossa vida se levantou mediante Cristo e sua morte” (9, 1)

O Catecismo dos Apóstolos, chamado de ‘Didaqué’, escrito no primeiro século de nossa era, também prescreve, em seu artigo XIV: “Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro.”
Em meados do século II, encontra-se o famoso depoimento de S. Justino, escrito entre 153 e 155: “No dia dito do sol, todos aqueles dos nossos que habitam as cidades ou os campos, se reúnam num mesmo lugar. Lêem-se as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas… Quando a oração está terminada, são trazidos e vinho e água… Nós nos reunimos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia, aquele em que Deus transformou as trevas e a matéria para criar o mundo, e também porque Jesus Cristo Salvador, ressuscitou dos mortos nesse dia mesmo” (I Apologia 67, 3. 7).

Nessa passagem, S. Justino atesta a celebração da Eucaristia no domingo. Chama-o “dia do sol” porque se dirige a pagãos; faz questão, porém, de lembrar que tal designação é de origem alheia, não cristã: “no dia dito do sol”.
O fato do Imperador Constantino ter preceituado, em 321, certo repouso “no venerável dia do sol” não quer dizer que ele tenha introduzido a observância do dia do Senhor entre os Cristãos; esta, como vimos, data da época dos apóstolos, tendo sido apenas patrocinada por Constantino, desde que se tornou cristão.
Segue abaixo mais aprofundamento, retirado do site do Professor Felipe Aquino:
No Novo Testamento recorda agora a Páscoa de Jesus e sua Ressurreição no domingo; por isso, a Igreja, desde os Apóstolos guarda o domingo como o dia do Senhor (Dominus).
Jesus ressuscitou dentre os mortos “no primeiro dia da semana” (Mc 16,2). Este “primeiro dia”, o dia da Ressurreição de Cristo, lembra a primeira criação. Enquanto “oitavo dia”, que segue ao sábado, significa a nova criação inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Para os cristãos, ele se tomou o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor (”dies dominica “), o “domingo”. São Justino já no século II dizia: “Reunimo-nos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia (após o sábado dos judeus, mas também o primeiro dia) em que Deus extraindo a matéria das trevas, criou o mundo e, nesse mesmo dia Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dentre os mortos.”

O Catecismo da Igreja afirma que “Aos domingos e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa”. “Satisfaz ao preceito de participar da missa quem assiste à missa celebrada segundo o rito católico no próprio dia de festa ou à tarde do dia anterior. (Cat. §2180)
“Por isso os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença, cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado grave.” (§2181)

As necessidades familiares ou uma grande utilidade social são motivos legítimos para dispensa do preceito do repouso dominical. Neste caso a pessoa deve participar da Missa outro dia.
O domingo deve ser dedicado às boas obras; à evangelização, catequese, à caridade, aos serviços aos doentes e idosos. É o dia de se visitar os parentes, descansar; fazer uma reflexão, silêncio, meditação. Quem precisa trabalhar no domingo, então deve buscar o repouso e a oração em outro dia. E os patrões têm a obrigação de facilitar aos empregados ao menos participar da santa Missa no domingo.

NOS PRÓXIMOS DIAS, OUTRA SITUAÇÃO TAMBÉM INTERESSANTE: POR QUE A IGREJA CATÓLICA REALIZA O BATISMO EM CRIANÇAS?

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