sábado, 19 de junho de 2010

LITURGIA DIÁRIA - SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO.

Mateus 6, 24-34
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos 24Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza. 25Portanto, eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais do que o alimento e o corpo não é mais que as vestes? 26Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas? 27Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? 28E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. 29Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles. 30Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 31Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? 32São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. 33Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. 34Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.


O mundo hoje vive uma difícil realidade de contrastes sociais e econômicos. Riqueza e pobreza cada vez mais se distanciam sem esperança de reconciliação.
Enquanto metade da população do mundo passa fome, a outra faz dieta, na verdade são 816 milhões de pessoas que passam fome, e seis milhões de crianças morrem por ano por falta de comida; Dos países em desenvolvimento, um terço deles não tem água potável e dois milhões de pessoas morrem por ano, por beberem água contaminada.
Enquanto isso, nove mil milhões de euros seriam suficientes para abastecer o mundo de água potável, e a Europa consome 11 mil milhões de euros por ano em gelados;
Seis mil milhões de euros anuais a mais chegavam para que o ensino básico abrangesse todos os cidadãos do mundo, enquanto que nos Estados Unidos se gastam anualmente oito mil milhões de euros em cosméticos;
A fortuna de três norte-americanos (Bill Gates, Paul Allen e Warren Buffet) equivale à de 600 milhões de pessoas ou de 40 nações inteiras; Na corrida armamentista, os EUA são os que mais investem, em 2007 por exemplo, foram destinados US$ 547 bilhoes de dólares, seguido pelo Reino Unido e china. O Brasil que ocupa o 12º lugar, tem uma média de R$ 15 bilhoes. São cifras que destinadas a saúde por exemplo, já teriamos solucionados muito das mazelas que tem dizimados tantas vidas ou que poderiam ter tirado milhares de crianças das ruas, casas populares para centenas de sem tetos, ou ainda, quem sabe 0,5% desse valor para evangelizaçao, propagando o amor de Deus, já pensou? tá certo, sonhei alto, mas seria muito interessante.
Bom, em fim, esses são apenas alguns contrastes para ilustrar esse cenário de desequilíbrio e responsável pela maior parte dos problemas que afligem as pessoas, as famílias e a sociedade. Eles nascem exatamente desta perversa inversão de valores em que o dinheiro ocupa o primeiro lugar. É assim que, enquanto uns morrem – física, psíquica e espiritualmente – porque possuem tudo o que querem, outros não sabem a que santo recorrer para fazer frente a necessidades que se tornam calamidades pela falta de recursos financeiros.

Foi dentro desta realidade que se inseriu a Campanha da Fraternidade de 2010, desta vez organizada e assumida não apenas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, mas pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil, formado por seis confissões religiosas: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Cristã Reformada, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Sírio-Ortodoxa do Brasil e Igreja Presbiteriana Unida.

O tema escolhido foi “Economia e Vida”, e o lema: “Não podeis servir a Deus e ao di-nheiro”. A Campanha tem como objetivo, conscientizar a sociedade sobre um dos aspectos mais importantes de sua organização, não apenas para a manutenção da ordem, da justiça e da paz, mas até mesmo para a própria sobrevivência da humanidade. Numa palavra, trata-se de colocar a economia no seu devido lugar, a serviço do verdadeiro desenvolvimento, onde a pessoa esteja no centro, e a riqueza – que é sempre fruto do trabalho de todos – tenha como finalidade o bem-comum. Quando isso não acontece, ela acaba nas mãos dos mais fortes – senão dos mais corruptos –, jogando na miséria um número cada vez maior de pessoas, de famílias, de empresas e de nações.

É diante desse cenário que vemos nossa relação com Deus e com o próximo, ser sufocada. Jesus adverte que não há como servir a dois senhores. É preciso fazer uma escolha.
Aos que possuem, se faz necessário uma melhor administração destes bens. O uso do dinheiro pode nos levar tanto para o céu, como para o inferno, tudo dependerá da forma como será administrado. Sabemos que existem aqueles que vivem num eterno consumismo, quando não tem o que comprar, eles mesmos criam necessidades. Como li de um profeta uma vez: “ são doentes que tem como clínicas, os supermercados, Shopping”.

Numa sociedade consumista como a nossa, passa-se a acumular dinheiro, e, contraditoriamente, a acumulação do dinheiro gera mais insegurança pelo receio das desvalorizações financeiras ou pela preocupação com os ladrões. Jesus nos adverte sobre a incompatibilidade entre o servir a Deus e o servir ao dinheiro. Ensina que, você amará um mais que o outro. Bom, por esse ângulo que Jesus nos mostra, fica fácil saber a quem o mundo ta amando mais. Os que aqui se enquadram, são os mesmo que buscam segurança na vida pela acumulação do dinheiro. Acreditam que o dinheiro pode trazer toda segurança da qual necessitam. Parece-nos que é um dos problemas pelo qual há impedimento do rico entrar no reino.
Se não temos ainda o necessário pelo mundo de contrastes e de desigualdades em que vivemos, Deus é suficiente. Só Deus basta. Só nele, encontramos a paz e a felicidade que tanto procuramos, como nos garante o CIC*, capitulo 27. Se ele cuida dos lírios e dos pássaros, imagine se não daria a vida do seu próprio filho por nós.




*CIC – Catecismo da Igreja Católica.

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