Deus não muda; o ser humano é que muda.
Deus é imutável? Sim. Vejamos alguns textos bíblicos:
– “Eu sou aquele que sou” (Ex 3,14).
– “Recebi ordem de abençoar; ele abençoou: nada posso mudar” (Nm 23, 20).
– “Mas os planos do Senhor permanecem para sempre, os propósitos do seu coração são para todas as gerações” (Sal 33,11).
– “Porque eu sou o Senhor e não mudo; e vós, ó filhos de Jacó, não sois ainda um povo extinto” (M 3,6).
– “Tu os envolvas como uma capa, e serão mudados. Tu, ao contrário, és sempre o mesmo e os teus anos não acabarão” (Hb 1, 12).
Deus é imutável, mas é preciso entender em que consiste essa
imutabilidade ou inalterabilidade. Quando dizemos que Deus não muda, não
estamos falando de sentimentos humanos, menos ainda de indiferença a
respeito do que acontece com o ser humano, mas que Deus eternamente será
o mesmo, ontem, hoje e sempre (Hb 13, 8).
“”Deus não é homem para mentir, nem alguém para se arrepender. Alguma
vez prometeu sem cumprir? Por acaso falou e não executou?” (Nm 23, 19)
Em Deus não há nenhuma mudança, transformação, variação ou algo assim. Deus é imutável em sua essência, em seus atributos e em seus propósitos.
Ele, sendo três vezes santo, não pode se desviar do que é mal nem ser a causa da escuridão, porque “”Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém.” A Bíblia é clara: Deus não muda sua forma de ser, de pensar, nem vontade ou natureza.
Ele, sendo três vezes santo, não pode se desviar do que é mal nem ser a causa da escuridão, porque “”Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém.” A Bíblia é clara: Deus não muda sua forma de ser, de pensar, nem vontade ou natureza.
Por que Deus é imutável
É impossível que Deus mude, pois, se mudasse, deixaria de ser Deus.
Deus é imutável por vários motivos, especialmente porque este atributo
está relacionado a outros.
Vejamos somente quatro relações:
1 – A imutabilidade divina está relacionada à sua onisciência.
Quando alguma pessoa, de um jeito ou de outro, muda sua maneira de
agir, sua forma de pensar ou sua maneira de ser, geralmente é por três
motivos: porque aprendeu algo, porque não chegou alguma nova informação
ou porque alguma circunstância a fez mudar. Essas variáveis exigem das
pessoa alguma atitude ou ação diferente. Como Deus é onisciente, ele não
pode “aprender” coisas novas que o façam mudar ou modificar sua
essência.
2 – A imutabilidade de Deus está ligada à sua perfeição.
Se algo muda forçosamente, algumas coisas mudam para o bem (se o que
chega estava faltando) e outras para o mal (caso se perca o que era
necessário). Mas, como Deus é perfeito, Ele não precisa de nada novo e
não tem nada que possa perder. Ao contrário não seria Deus. Portanto,
Ele não pode mudar em nenhum desse sentido.
3 – A imutabilidade de Deus também está vinculada à sua eternidade.
Se algo muda, o tempo muda. E a mudança acontece em uma ordem
cronológica: há um antes das mudanças e um depois delas. As mudanças
acontecem ao longo do tempo, coisa que não é possível para Deus, que é
eterno e existe fora dos limites do tempo.
4 – A imutabilidade de Deus também está relacionada com sua impassibilidade,
mas é preciso entender esse atributo. Humanamente falando, a
impassibilidade é a capacidade que alguém tem de impedir que um estímulo
ou uma impressão externa altere seu estado de ânimo.
Uma pessoa impassível não se altera, se perturba ou mostra emoção
diante de algo que produziria turbulência ou desencadearia sentimentos. A
impassibilidade tem, por uma interpretação errônea, uma conotação
negativa, pois está relacionada com a indiferença ou a insensibilidade.
Em Deus, a impassibilidade não significa indiferença ou desinteresse.
Também não quer dizer que ele seja inerte, inativo ou estático como uma
pedra.
Deus não muda; é o ser humano que muda. O ser humano será sempre
mutável. Nossas decisões, propósitos e ações dependem das
circunstâncias; nosso caráter é indelével e nossas emoções
transformam-se constantemente.
Deus é imutável, não muda nem seus atributos, seus propósitos e
promessas. Ou seja: Deus nunca deixará de ser quem é. Se Deus é
imutável, sempre será o mesmo. Em relação ao ser humano, Deus sempre será, entre outras coisas, imparcial, justo e misericordioso.
Se o homem permanecer em pecado, Deus aplicará sua justiça; mas, se o
homem se converter pelo arrependimento, Ele aplicará sua misericórdia.
Em consequência da imutabilidade, Deus é como uma faca de dois gumes:
assim como sua misericórdia pode causar confiança, igualmente sua
justiça pode infundir inquietude ou temor. Por quê? Porque, se Deus é
justo e prometeu exercer sua justiça “castigando” o malvado por causa de
seu pecado, então Deus cumprirá o prometido e não haverá outras
oportunidades no dia do juízo.
E, ao contrário, se Deus prometeu perdoar aquele que depositar toda a
sua confiança nele, então Ele o fará, e a vida eterna poderá ser uma
certeza.
Agora, se Deus é puro espírito, como bem disse Jesus, por que
encontramos textos em que são atribuídos sentimentos humanos a Deus?
Exemplo: “O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o
coração ferido de íntima dor” (Gn 6, 6).
Aqui, como sempre, é necessário entender o tipo de linguagem que é
usada para não distorcer o que os autores da Bíblia quiseram transmitir.
Quando a Sagrada Escritura diz que Deus “arrependeu-se” ou “teve o
coração ferido”, não significa que Deus quis anular sua criação por ira
ou que seu “arrependimento” seja igual ao arrependimento humano.
Deus não é um ser humano para se arrepender. Quando a Bíblia usa
esses termos para falar de Deus, o que comunica, segundo os exemplos, é
que o pecado do homem desagrada a Deus e que ele não concorda com o
pecado. Assim, considerando o contexto, pode-se entender melhor o que um
determinado texto bíblico quer transmitir.
A Bíblia nos apresenta Deus com elementos que nos são familiares para
compreendermos, dentro de nossas limitações, quem realmente é Deus.
Tudo o que podemos “falar” sobre Ele é mera tentativa de aproximação
da realidade de Deus, realidade que nos excede e que nunca poderemos
colocar em nossa inteligência, pois nossa linguagem e nossos esquemas
mentais são limitados.
Pe. Henry Vargas Holguín
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