Se ela não tinha pecado, poderia ter sofrido essas dores que são consequentes do pecado original?
As
dores de parto são uma consequência do pecado original (cf. Gênesis
3,16). Para os católicos, Maria não teve esse pecado; logo, não teve
dores de parto (cf. Is 66,7).
No livro do Apocalipse, entretanto, há um capítulo que, para os
católicos, se refere a Maria, e, nele, o autor São João cita “dores de
parto”:
“Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher vestida do sol, a lua debaixo dos pés e, na cabeça, uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz (…) Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do Seu trono” (Apocalipse 12,1-5).
Que dores seriam essas que precederam o parto de Jesus?
Para interpretar esta passagem, deve-se considerar um sentido
alegórico de “dores de parto”. No Novo Testamento, São Paulo utiliza o
termo “dores de parto” (do grego ὠδίνουσα-ōdinousa) como metáfora para o
sofrimento espiritual ou para o sofrimento em geral (cf. Gl 4,19; Rm
8,22). Todos sabemos que, para Maria, dar à luz a Jesus envolveu grande
abnegação e sacrifício espiritual, e João resume essas angústias de
forma alegórica, mediante a imagem das “dores de parto”. No século VI,
Ecumênio, um dos primeiros a comentar completamente o livro do
Apocalipse, explica:
“E assim, de acordo com as regras da linguagem figurativa, ele chama esse desânimo e tristeza de ‘gritar’ e ‘angústia’. Isso não é incomum. Mesmo ao bem-aventurado Moisés, quando conversava espiritualmente com Deus e perdeu o coração ao ver Israel no deserto cercado pelo mar e pelo inimigo, Deus disse: ‘Por que choras para mim?’ (Êxodo 14,15). Também aqui, a conturbação da Virgem na mente e no coração é chamada de ‘gritar’” (Ecumênio, Comentário ao Apocalipse, 6,19,8).
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Via iCatolica.com
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