domingo, 30 de julho de 2017

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM - O REINO DO CÉU É COMO UM TESOURO ESCONDIDO

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A liturgia deste domingo convida-nos a refletir nas nossas prioridades, nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência. Sugere, especialmente, que o cristão deve construir a sua vida sobre os valores propostos por Jesus.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o protótipo do homem “sábio”, que consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores efêmeros.
No Evangelho, recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano, face a esse “tesouro” supremo que é o Reino.
A segunda leitura convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.
1ª Leitura – 1 Reis 3,5.7-12 - AMBIENTE
O grande rei David morreu por volta de 972 a.C., após um reinado longo e fecundo, ocupado a expandir as fronteiras do reino, a consolidar a união entre as tribos do norte e do sul e a conquistar a paz e a tranqüilidade para o Povo de Deus. Sucedeu-lhe no trono o filho, Salomão.
Salomão desenvolveu um trabalho meritório na estruturação do reino que o pai lhe legou. Organizou a divisão administrativa do território que herdou, dotou-o de grandes construções (das quais a mais emblemática é o Templo de Jerusalém), fortificou as cidades mais importantes, potenciou o intercâmbio cultural e comercial com os países da zona, incentivou e apoiou a cultura e as artes.
Preocupado com a constituição de uma classe política preparada para as tarefas da governação, Salomão recrutou “sábios” estrangeiros (sobretudo egípcios) para a sua corte e rodeou-se de homens que se distinguiam pelo seu “saber”, pela sua justiça e prudência. Esses “quadros”, além de aconselharem o rei, tinham também a tarefa de preparar os futuros “funcionários” para desempenharem funções no aparelho governativo montado por Salomão.
A corte de Salomão tornou-se, assim, um “viveiro” de “sabedoria”. Os “sábios” de Salomão coligiram provérbios, redigiram “máximas” de caráter sapiencial, deram “instruções” (sobre as virtudes que deviam ser cultivadas para ter êxito e para ser feliz). Nesta fase, também redigiram-se crônicas sobre os reinados anteriores e publicaram-se textos sobre as tradições dos antepassados (provavelmente, é nesta época que a “escola jahwista” dá à luz algumas das tradições que irão ocupar um lugar fundamental no Pentateuco). Não admira, portanto, que Salomão tenha ficado na memória histórica de Israel como o protótipo do rei sábio, “cuja sabedoria excedia a todos os orientais e egípcios” (1Re 4,30).
Salomão é também, historicamente, o primeiro rei que “herda” o trono. Até agora, os seus predecessores não chegaram ao trono por herança, mas receberam-no das mãos de Deus (segundo a visão “religiosa” dos catequistas bíblicos). Os teólogos de Israel vão, pois, esforçar-se por sacralizar o poder de Salomão e demonstrar que, se Salomão chegou a governar o Povo de Deus, não foi apenas por um direito hereditário (sempre contestável), mas pela vontade de Deus.
O texto que hoje nos é proposto supõe todo este enquadramento. O chamado “sonho de Gabaon” (cf. 1Re. 3,5) é uma ficção literária montada pelos teólogos deuteronomistas (esse grupo que reflete a vida e a história na linha das grandes idéias teológicas apresentadas no Livro do Deuteronômio) com uma dupla finalidade: apresentar Salomão como o escolhido de Jahwéh e justificar a sua proverbial “sabedoria”.
MENSAGEM
No Antigo Testamento, o “sonho” aparece, com alguma freqüência, como uma forma privilegiada de Deus comunicar com os homens e de lhes indicar os seus caminhos. No nosso texto, aparece-nos também um sonho: os catequistas deuteronomistas vão utilizar este recurso literário para apresentar Salomão como “o escolhido” de Deus, a quem Jahwéh comunica os seus projetos e a quem confia a condução do seu Povo.
O “sonho” de Salomão está estruturado na forma de um diálogo entre Deus e Salomão. Há, em primeiro lugar, uma interpelação de Deus (“que posso Eu dar-te?”); e há, depois, uma resposta de Salomão: consciente da grandeza da sua tarefa e das suas próprias limitações, o jovem rei pede a Deus que lhe dê um coração “sábio” para governar com justiça. A prece do rei é atendida e Deus concede a Salomão uma “sabedoria” inigualável (na continuação – que, todavia, o nosso texto de hoje já não apresenta – Deus acrescenta ainda outros três dons: a riqueza, a glória e a longa vida – cf. 1Re. 3,13-14).
Em termos religiosos, qual a mensagem que os autores deuteronomistas pretendem deixar com esta “ficção”?
Antes de mais, o nosso texto deixa claro que, em Israel, o rei é o “instrumento de Deus”, o intermediário entre Deus e o seu Povo. É através da pessoa do rei que Deus governa, que intervém na vida do seu Povo e o conduz pela história.
Depois, o texto mostra que Salomão não concebeu o seu papel como um privilégio pessoal que podia ser usado em benefício próprio, mas sim como um ministério que lhe foi confiado por Deus. Salomão tinha consciência de que a autoridade é um serviço que deve ser exercido com “sabedoria” e que o objetivo final desse serviço é a realização do bem comum.
Finalmente (e é talvez o aspecto mais significativo para o tema da liturgia deste domingo), os autores deuteronomistas sublinham a “qualidade” da resposta de Salomão: ele não pede riqueza nem glória, mas pede as aptidões necessárias e a capacidade para cumprir bem a missão que Deus lhe confiou. Salomão aparece aqui como o modelo do homem que sabe escolher as coisas importantes e que não se deixa distrair por valores efêmeros.
Dizer que a súplica de Salomão “agradou ao Senhor” (v. 10) é propor aos israelitas que optem pelos valores eternos, duradouros e essenciais.
ATUALIZAÇÃO
• Algumas pessoas e grupos com um peso significativo na opinião pública procuram vender a idéia de que a realização plena do indivíduo está num conjunto de valores que decidem quem pertence à elite dos vencedores, dos que estão na moda, dos que têm êxito… Em muitos casos, esses valores propostos são realidades efêmeras, materiais, secundárias, relativas. Quase sempre, por detrás da proposição de certos valores, estão interesses particulares e egoístas, a tentativa de vender determinada ideologia ou a preocupação em tornar o mercado dependente dos produtos comerciais de determinada marca… O “sábio”, contudo, é aquele que está consciente destes mecanismos, que sabe ver com olhar crítico os valores que a moda propõe, que sabe discernir o verdadeiro do falso, que distingue o que apenas tem um brilho doirado daquilo que, na essência, é um tesouro que importa conservar. O “sábio” é aquele que consegue perceber o que efetivamente o realiza e lhe permite levar a cabo, dentro da comunidade, a missão que lhe foi confiada. Como é que eu me situo face a isto? O que me seduz e que eu abraço é o imediato, o brilhante, o sedutor, ainda que efêmero, ou é o que é exigente e radical mas que me permite conquistar uma felicidade duradoura e concretizar o meu papel no mundo, na empresa, na família ou na minha comunidade cristã?
• A figura de Salomão interpela também todos aqueles que detêm responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos religiosos). Convida-os a uma verdadeira atitude de serviço: o seu objetivo não deve nunca ser a realização dos próprios esquemas pessoais, mas sim o benefício de toda a comunidade, a concretização do bem comum.
2ª leitura: Rm. 8,28-30 - AMBIENTE
O texto que nos é proposto como segunda leitura continua a reflexão de Paulo sobre o projeto de salvação que Deus tem para oferecer aos homens.
Já vimos nos domingos anteriores que, na perspectiva de Paulo, todo o homem que chega a este mundo mergulha num contexto de pecado que o marca e condiciona (cf. Rm. 1,18-3,20); no entanto, Deus, na sua bondade, oferece gratuitamente ao homem pecador a sua graça e dá-lhe a possibilidade de chegar à salvação (cf. Rm. 3,21-4,25); e é em Jesus Cristo que esse dom de Deus se comunica ao homem (cf. Rm. 5,1-7,25). É o Espírito Santo que permite ao homem acolher esse dom e viver na fidelidade à graça que Deus oferece (cf. Rm. 8,1-39).
Depois de assegurar aos cristãos de Roma (e, através deles, aos cristãos de todas as épocas e lugares) que o Espírito “vem em auxílio da nossa fraqueza” e “intercede por nós” (cf. Rm. 8,26-27), Paulo relembra – no texto que nos é proposto como segunda leitura – que Deus tem um projeto de amor que se traduz no oferecimento da salvação ao homem.
MENSAGEM
Esse projeto não é um acontecimento casual, mas algo que, desde sempre, está previsto nos planos de Deus.
Aos que aderem a esse projeto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo e do pecado e fá-los, com Jesus, chegar à vida nova e plena (justificação).
Neste contexto, Paulo fala “daqueles” que Deus “conheceu” de antemão, que “predestinou” para viverem à imagem de Jesus, que “chamou”, que “justificou” e que “glorificou”. No entanto, estes versículos não devem ser entendidos no sentido de que a salvação que Deus oferece se destine apenas a um grupo de predestinados, que Deus escolheu de entre os homens de acordo com critérios que nos escapam… A teologia paulina é clara a este respeito: o projeto salvador de Deus está aberto a todos aqueles que querem acolhe-l’O. O que Paulo sublinha aqui é que se trata de um dom gratuito de Deus e que esse dom está previsto desde toda a eternidade.
ATUALIZAÇÃO
• Em todas as cartas de Paulo transparece o espanto que o apóstolo sente diante do amor de Deus pelo homem. Este tema está, contudo, especialmente presente na Carta aos Romanos. O nosso texto convida-nos a dar conta – outra vez – desse fato extraordinário que é o amor de Deus (amor que o homem não merece, mas que Deus, com ternura, insiste em oferecer, de forma gratuita e incondicional), traduzido num projeto de salvação preparado desde sempre, e que leva Deus a enviar ao mundo o seu próprio Filho para conduzir todos os homens e mulheres a uma nova condição. Numa época marcada por uma certa indiferença face a Deus, este texto convida-nos a tomar consciência de que Deus nos ama, vem continuamente ao nosso encontro, aponta-nos o caminho da vida plena e verdadeira, desafia-nos à identificação com Jesus, convida-nos a integrar a sua família. Nós, os crentes, somos convidados a conduzir a nossa vida à luz desta realidade; e somos convocados a testemunhar, com palavras, com ações, com a vida, no meio dos irmãos que dia a dia percorrem conosco o caminho da vida, o amor e o projeto de salvação que Deus tem.
• Diante da oferta de Deus, somos livres de fazer as nossas opções – opções que Deus respeita de forma absoluta. No entanto, a vida plena está no acolhimento desse “valor mais alto” que é o seguimento de Jesus e a identificação com Ele. É esse o “valor mais alto”, o “tesouro” pelo qual eu optei de forma decidida no dia do meu batismo? Tenho sido, na caminhada da vida, coerente com essa escolha?
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Evangelho: Mt. 13,44-52 - AMBIENTE
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos, 13 44 "O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo.
45 O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas.
46 Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.
47 O Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie.
48 Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.
49 Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos
50 e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.
51 Compreendestes tudo isto?" "Sim, Senhor", responderam eles.
52 "Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas".
Palavra da Salvação.
Concluímos, neste domingo, a leitura do capítulo dedicado às “parábolas do Reino” (cf. Mt. 13). Nele, recorrendo a imagens e comparações simples, sugestivas e questionantes (“parábolas”), Jesus apresenta esse mundo novo de liberdade e de vida nova que Ele veio propor aos homens e ao qual Ele chamava Reino de Deus.
Concretamente, o nosso texto apresenta-nos três parábolas que são exclusivas de Mateus (nenhuma delas aparece nos outros três evangelhos considerados canônicos. No entanto, as três aparecem num texto não canônico – o Evangelho de Tomé – embora aí apresentem notáveis variantes em relação à versão mateana): a parábola do tesouro, a parábola da pérola e a parábola da rede e dos peixes.
Para enquadrarmos melhor a mensagem aqui proposta por Mateus, devemos ter em conta a realidade da comunidade a quem o Evangelho se destina… Estamos no final do primeiro século (anos oitenta). Passaram-se mais de trinta anos após a morte de Jesus. O entusiasmo inicial deu lugar à monotonia, à falta de empenho, a uma vivência “morna”, pouco exigente e pouco comprometida. No horizonte próximo das comunidades cristãs perfilam-se tempos difíceis de perseguição e de hostilidade e os cristãos parecem pouco preparados para enfrentar as dificuldades. Mateus sente que é preciso renovar o compromisso cristão e chamar a atenção dos crentes para o Reino, para as suas exigências e para os seus valores. As parábolas do Reino que hoje nos são propostas devem ser lidas neste contexto.
MENSAGEM
O texto do Evangelho deste domingo pode ser dividido em três partes. Em cada uma delas, há aspectos e questões que convém pôr em relevo e ter em conta.
Na primeira parte, temos duas parábolas – a parábola do tesouro escondido no campo e a parábola da pérola preciosa (vs. 44-46). Ambas desenvolvem o mesmo tema e apresentam ensinamentos semelhantes.
A questão principal abordada nesta primeira parte é a da descoberta do valor e da importância do Reino. Quer a parábola do tesouro escondido, quer a parábola da pérola preciosa, sugerem que o Reino proposto por Jesus (esse mundo de paz, de amor, de fraternidade, de serviço, de reconciliação que Jesus veio anunciar e oferecer) é um “tesouro” precioso, que os seguidores de Jesus devem abraçar, antes de qualquer outro valor ou proposta. Os cristãos são, antes de mais, aqueles que encontraram algo de único, de fundamental, de decisivo: o Reino. Ora, quando alguém encontra um “tesouro” como esse, deve elegê-lo como a riqueza mais preciosa, o fim último da própria existência, o valor fundamental pelo qual se renuncia a tudo o resto e pelo qual se está disposto a pagar qualquer preço. Provavelmente, Mateus está sugerindo a esses cristãos a quem o seu Evangelho se destina (adormecidos numa fé morna, inconseqüente, pouco exigente) que é preciso redescobrir e optar decisivamente por esse valor mais alto, que deve dar sentido às suas vidas – o Reino. O cristão é confrontado, a par e passo, com muitos valores e opções; mas deve aperceber-se de que o Reino é o valor mais importante.
Na segunda parte, Mateus apresenta o Reino na imagem de uma rede que, lançada ao mar, apanha diversos tipos de peixes (vs. 47-50). Na versão apresentada por Mateus, a parábola apresenta um ensinamento semelhante ao da parábola do trigo e do joio (sobre a qual meditamos no passado domingo): o Reino não é um condomínio fechado, onde só há gente escolhida e santa, mas é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador; por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e para fazer as suas escolhas (no Evangelho de Tomé, a versão é diferente: conta a história de um pescador “sábio” que pesca vários peixes, mas fica só com o maior e lança os outros ao mar. Aí, portanto, a parábola da rede e dos peixes apresenta uma mensagem que vai na linha das parábolas do tesouro descoberto no campo e da pérola preciosa. Alguns autores pensam que a versão apresentada no Evangelho de Tomé constitui a versão primitiva da parábola da rede e dos peixes).
A referência que Mateus faz (mais uma vez) ao juízo final é uma forma de exortar os irmãos da sua comunidade no sentido de escolherem decididamente o Reino e porem em prática as propostas de Jesus.
Na terceira parte do Evangelho que nos é proposto, Mateus apresenta um breve diálogo entre Jesus e os discípulos (vs. 51-52).
Neste diálogo temos uma espécie de conclusão de todo o capítulo. Mateus sugere que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que “compreende”. Ora, “compreender”, na teologia mateana, significa “prestar atenção” e comprometer-se com o ensinamento proposto. Os cristãos são, pois, convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a comprometerem-se com os seus valores. A referência ao “escriba” que “tira do seu tesouro coisas novas e velhas” pode referir-se aos judeus, conhecedores profundos do Antigo Testamento (o “velho”), convidados agora a refletirem essas velhas promessas à luz das propostas de Jesus (o “novo”). É nessa dialética sempre exigente e questionante que o verdadeiro discípulo encontra o caminho para o Reino; e, depois de encontrar esse caminho, deve comprometer-se com ele de forma decisiva, exigente, empenhada.
ATUALIZAÇÃO
• A primeira e mais importante questão abordada neste texto é a das nossas prioridades. Para Mateus, não há qualquer dúvida: ser cristão é ter como prioridade, como objetivo mais importante, como valor fundamental, o Reino. O cristão vive no meio do mundo e é todos os dias desafiado pelos esquemas e valores do mundo; mas não pode deixar que a procura dos bens seja o objetivo número um da sua vida, pois o Reino é partilha. O cristão está permanentemente mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o Reino é serviço. O cristão é todos os dias convencido de que o êxito profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar e para deixar a sua marca na história; mas ele não pode deixar-se seduzir por esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e na simplicidade. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a auto-suficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade… O que é que comanda a minha vida? Quais são os valores pelos quais eu sou capaz de deixar tudo? Que significado têm as propostas de Jesus na minha escala de valores?
• A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite meias tintas, tibiezas, hesitações, jogos duplos. Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho. A minha opção pelo Reino é uma opção radical, sincera, que não pactua com desvios, com compromissos a “meio gás”, com hipocrisias e incoerências?
• Porque é que os cristãos apresentam, tantas vezes, um ar amargurado, sofredor, desolado? Quando a tristeza nos tolda a vista e nos impede de sorrir, quando apresentamos semblantes carrancudos e preocupados, quando deixamos transparecer em gestos e em palavras a agitação e o desassossego, quando olhamos para o mundo com os óculos do pessimismo e do desespero, quando só nos deixamos impressionar pelo mal que acontece à nossa volta, já teremos descoberto esse valor fundamental – o Reino – que é paz, esperança, serenidade, alegria, harmonia?
• Mais uma vez o Evangelho convida-nos a admirar (e a absorver) os métodos de Deus, que não tem pressa nenhuma em condenar e destruir, mas dá tempo ao homem – todo o tempo do mundo – para amadurecer as suas opções e fazer as suas opções. Sabemos respeitar, com esta tolerância e liberdade, o ritmo de crescimento e de amadurecimento dos irmãos que nos rodeiam?
 
 
 
 
 
 
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho


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