quarta-feira, 22 de março de 2023

4ª Semana da Quaresma - Um Deus que não descansa.

 Evangelho do Dia: Jesus se justifica (Jo, 5, 17-30) – Oratório São Luiz –  120 Anos

A vós, Senhor, minha oração dirijo, no tempo em que me ouvis; respondei-me, ó Deus, com a largueza de vossa misericórdia e com a verdade de vossa salvação (Sl 68,14).

Com amor superior ao próprio amor materno, Deus “consola seu povo e se compadece dos pobres”. Essa aliança se realiza na pessoa de Jesus, julgador do mundo e doador da vida. Recorramos ao Senhor, certos de que “ele está perto de todo aquele que o invoca lealmente”.

Primeira Leitura: Isaías 49,8-15

Leitura do livro do profeta Isaías8Isto diz o Senhor: “Eu atendo teus pedidos com favores e te ajudo na obra de salvação; preservei-te para seres elo de aliança entre os povos, para restaurar a terra, para distribuir a herança dispersa; 9para dizer aos que estão presos: ‘Saí!’ e aos que estão nas trevas: ‘Mostrai-vos’. E todos se alimentam pelas estradas e até nas colinas estéreis se abastecem; 10não sentem fome nem sede, não os castiga nem o calor nem o sol, porque o seu protetor toma conta deles e os conduz às fontes de água. 11Farei de todos os montes uma estrada e os meus caminhos serão nivelados. 12Eis que estão vindo de longe, uns chegam do norte e do lado do mar, e outros, da terra de Sinim. 13Louvai, ó céus, alegra-te, terra; montanhas, fazei ressoar o louvor, porque o Senhor consola o seu povo e se compadece dos pobres. 14Disse Sião: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!’ 15Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 144(145)

Misericórdia e piedade é o Senhor.

1. Misericórdia e piedade é o Senhor, / ele é amor, é paciência, é compaixão. / O Senhor é muito bom para com todos, / sua ternura abraça toda criatura. – R.

2. O Senhor é amor fiel em sua palavra, / é santidade em toda obra que ele faz. / Ele sustenta todo aquele que vacila / e levanta todo aquele que tombou. – R.

3. É justo o Senhor em seus caminhos, / é santo em toda obra que ele faz. / Ele está perto da pessoa que o invoca, / de todo aquele que o invoca lealmente. – R.

Evangelho: João 5,17-30

Jesus Cristo, sois bendito, / sois o ungido de Deus Pai!

Eu sou a ressurreição, eu sou a vida; / quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11,25s). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 17Jesus respondeu aos judeus: “Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho”. 18Então, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque, além de violar o sábado, chamava Deus o seu Pai, fazendo-se, assim, igual a Deus. 19Tomando a palavra, Jesus disse aos judeus: “Em verdade, em verdade vos digo, o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz também. 20O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. 21Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. 22De fato, o Pai não julga ninguém, mas ele deu ao Filho o poder de julgar, 23para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho também não honra o Pai, que o enviou. 24Em verdade, em verdade vos digo, quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna. Não será condenado, pois já passou da morte para a vida. 25Em verdade, em verdade, eu vos digo, está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. 26Porque, assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. 28Não fiqueis admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho e sairão: 29aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação. 30Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto, e meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”. – Palavra da salvação.

Reflexão
Depois de curar o paralítico da piscina de Betezatá, Jesus se envolve hoje numa polêmica com os judeus a respeito do trabalho e do descanso sabático. Ele, então, diz: “Meu Pai continua a trabalhar até agora”. Na verdade, se formos ao original grego, veremos que o Senhor não usa o verbo “trabalhar”, mas uma expressão que se poderia traduzir como “realizar uma obra”. Trata-se de um detalhe importante. Mesmo em língua portuguesa, a palavra “trabalho” carrega uma conotação um pouco negativa; dá a ideia de esforço, de sofrimento, de desgaste, como se nota em expressões como “trabalho de parto”. “Realizar uma obra”, ao contrário, possui um tom mais positivo, de operação livre e expansiva. É nesse sentido que o Pai, assim como o Filho, está sempre a operar, a agir. Isso mostra que Deus não é um ocioso, que depois de ter dado corda ao mundo refugiou-se nas nuvens, numa espécie de doce e eterno “não fazer nada”. Não, Deus está longe de ser ocioso: Ele não só continua a conservar o mundo, mas a intervir, de um modo íntimo e pessoal, em nossas vidas. Essa intervenção, porém, não se reduz aos milagres, que são a manifestação mais visível e externa da ação divina; ela consiste, antes de tudo, nas obras de amor que Ele realiza em nossas almas. Jesus mesmo alude a essa atuação silenciosa ao dizer: “Também o Filho dá vida a quem quer”, ou seja, infunde a vida da graça em paralíticos como o de ontem, figura do homem antes do Batismo, incapaz de praticar obras de amor. Mas para que vejamos e vivamos essa operação divina em nós precisamos de fé, de vida de oração, de um empenho constante por corresponder aos toques suaves do Ressuscitado em nossos corações. Que Maria SS. interceda a nosso favor e nos conceda, pois, a graça de crescermos na fé e perseverarmos na oração.
 

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