domingo, 5 de março de 2023

2º Domingo da Quaresma - A glória futura que nos espera.

 Fraternidade O Caminho Campo Mourão - Evangelho (Mateus 17,1-9) Proclamação  do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus. Naquele tempo, 17 1 seis dias  depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu

Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face. É vossa face, Senhor, que eu procuro, não desvieis de mim o vosso rosto! (Sl 26,8s)

Somos convidados a subir a montanha com Jesus e, em sua presença luminosa, fortalecer nosso compromisso de doação da vida. A transfiguração nos revela a multidão de rostos desfigurados e carentes de cuidado e nos aponta o caminho para a realização das promessas de Deus. Esta liturgia nos alcance a graça de vermos e fazermos brilhar no mundo a boa-nova do Evangelho.

Primeira Leitura: Gênesis 12,1-4

Leitura do livro do Gênesis1Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: “Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai e vai para a terra que eu te vou mostrar. 2Farei de ti um grande povo e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção. 3Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!” 4E Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 32(33)

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, / venha a vossa salvação!

1. Pois reta é a palavra do Senhor, / e tudo o que ele faz merece fé. / Deus ama o direito e a justiça, / transborda em toda a terra a sua graça. – R.

2. Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem / e que confiam, esperando em seu amor, / para da morte libertar as suas vidas / e alimentá-los quando é tempo de penúria. – R.

3. No Senhor nós esperamos confiantes, / porque ele é nosso auxílio e proteção! / Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, / da mesma forma que em vós nós esperamos! – R.

Segunda Leitura: 2 Timóteo 1,8-10

Leitura da segunda carta de São Paulo a Timóteo – Caríssimo, 8sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. 9Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus desde toda a eternidade. 10Essa graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Mateus 17,1-9

Louvor a vós, ó Cristo, rei da eterna glória.

Numa nuvem resplendente, fez-se ouvir a voz do Pai: / Eis meu Filho muito amado, escutai-o, todos vós (Lc 9,35). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 1Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. 2E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3Nisso apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. 4Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 5Pedro ainda estava falando quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” 6Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”. 8Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém essa visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”. – Palavra da salvação.

Reflexão

A razão de o Evangelho da Transfiguração do Senhor constar, todos os anos, no itinerário litúrgico quaresmal, depreende-se do contexto em que se deu esse episódio da vida de Cristo: é exatamente antes de subir a Jerusalém para ser crucificado que Ele toma consigo três dos Apóstolos e dá-lhes a conhecer um pouco de sua glória, como se quisesse consolar com essa visão os discípulos, antes que vivenciassem o difícil drama do Calvário. "Saboreando por alguns instantes, por pia providência, o gozo definitivo", comenta nesta linha São Beda, o Venerável, "os discípulos haveriam de suportar com mais fortaleza as adversidades" (S. Th. III, q. 45, a. 1). Isso é verdadeiro também para nós, que passamos pela Quaresma, tempo forte de oração e penitência. Contemplando Jesus glorioso, torna-se-nos muito mais fácil mortificar a própria carne agora e assistir, na Páscoa que se aproxima, à morte na carne do Filho de Deus. Se hoje nos cobrimos de cinzas e vestimos de sacos, é porque um dia também nós, a exemplo de Cristo transfigurado no Tabor, teremos brilhante o rosto como o sol e brancas as roupas como a luz.

Em nossos dias, no entanto, muito pouco se fala do Céu. A consequência trágica disso é que, sem olharmos para a glória futura que nos espera, as cruzes desta vida parecem absurdas e, pouco a pouco, vão se tornando até mesmo esmagadoras. Para muitos, então, sedentos de algo que lhes conforte e anestesie das dores inevitáveis desta existência, é tentadora a ilusão de esquecer-se definitivamente das verdades eternas e transcendentes para apegar-se às mentiras deste mundo, às sensações banais de nossa carne de morte. Deus, eterno, é abandonado e trocado então por um casamento — que finda com a morte —, por um bom trabalho — que finda com uma crise, com a velhice ou com a invalidez — ou pelo culto idolátrico ao próprio corpo — que, no fim, se transformará em um punhado de cinzas. Em suma, nossos contemporâneos não querem o Céu, o qual se alcança após muitos sofrimentos (cf. At 14, 21); o que querem é armar tendas no Tabor — isto é, nesta vida terrenal —, alimentando a imagem de uma vida fácil e sem sofrimentos.

Acontece que, infelizmente, "não sofrer" não é opção nenhuma. Aqui, neste mundo, somos todos herdeiros de Adão e Eva: sofrem igualmente justos e injustos; sofrem casados, sofrem solteiros e sofrem celibatários; sofrem crianças, adultos e anciãos; sofrem homens e mulheres; sofrem, enfim, sem exceção, todos os seres humanos. A escolha que precisa ser feita é se queremos a cruz com Cristo ou sem Ele; se queremos passar pelas dores desta vida ancorados na esperança cristã ou entregues ao desespero dos mundanos.

Pedro, João e Tiago escolheram o caminho de Jesus — cada um a seu modo e com a sua particularidade. Justamente por isso, ensina São João Crisóstomo, foram os três elegidos pelo Senhor como testemunhas de sua transfiguração: "Pedro, que sobressaiu pelo amor a Cristo e pelo poder que lhe foi conferido; João, pelo privilégio do amor com que era amado por Cristo e por causa da virgindade, e pela prerrogativa do ensinamento de seu evangelho; e Tiago, pela prerrogativa do martírio" (S. Th. III, q. 45, a. 3, ad 4). Ao tomar consigo esses discípulos, no entanto, quem Nosso Senhor deseja realmente chamar, para testemunhar a sua glória, somos eu e você: porque somos prediletos dEle, como foi São João; porque precisamos amá-lO, como O amou São Pedro; e porque precisamos pagar o preço desse amor, como pagou com seu sangue o apóstolo Tiago. Intercedam eles por nós, junto ao Cristo, para que sejamos dignos de suas promessas. Amém.

 

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