Vós, que tendes sede, vinde às águas; vós, que não tendes com que pagar, vinde e bebei com alegria (Is 55,1).
Deus proporciona ao povo prosperidade de ordem espiritual. Sua graça será derramada, de modo abundante, na pessoa de Jesus Cristo, encarnado para nossa salvação. Acolhamos o Senhor, que nos visita continuamente, repleto de copiosas bênçãos.
Leitura da profecia de Ezequiel – Naqueles dias, 1o anjo fez-me voltar até a entrada do templo e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção leste, porque o templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do templo, a sul do altar. 2Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte e fez-me dar uma volta por fora, até a porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. 3Quando o homem saiu na direção leste, tendo uma corda de medir na mão, mediu quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me aos tornozelos. 4Mediu outros quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me aos joelhos. 5Mediu mais quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me à cintura. Mediu mais quinhentos metros, e era um rio que eu não podia atravessar. Porque as águas haviam crescido tanto, que se tornaram um rio impossível de atravessar, a não ser a nado. 6Ele me disse: “Viste, filho do homem?” Depois, fez-me caminhar de volta pela margem do rio. 7Voltando, eu vi junto à margem muitas árvores, de um e de outro lado do rio. 8Então ele me disse: “Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis. 9Aonde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida aonde chegar o rio. 12Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio”. – Palavra do Senhor.
Conosco está o Senhor do universo! / O nosso refúgio é o Deus de Jacó.
1. O Senhor para nós é refúgio e vigor, / sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; / assim não tememos se a terra estremece, / se os montes desabam, caindo nos mares. – R.
2. Os braços de um rio vêm trazer alegria / à cidade de Deus, à morada do Altíssimo. / Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! / Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la. – R.
3. Conosco está o Senhor do universo! / O nosso refúgio é o Deus de Jacó! / Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus / e a obra estupenda que fez no universo. – R.
Glória a vós, Senhor Jesus, / primogênito dentre os mortos!
Criai em mim um coração que seja puro, / dai-me de novo a alegria de ser salvo! (Sl 50,12.14) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – 1Houve uma festa dos judeus, e Jesus foi a Jerusalém. 2Existe em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Betesda em hebraico. 3Muitos doentes ficavam ali deitados: cegos, coxos e paralíticos. 4De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina, e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse. 5Aí se encontrava um homem que estava doente havia trinta e oito anos. 6Jesus viu o homem deitado e, sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: “Queres ficar curado?” 7O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. 8Jesus disse: “Levanta-te, pega a tua cama e anda”. 9No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou a sua cama e começou a andar. Ora, esse dia era um sábado. 10Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “É sábado! Não te é permitido carregar tua cama”. 11Ele respondeu-lhes: “Aquele que me curou disse: ‘Pega tua cama e anda'”. 12Então lhe perguntaram: “Quem é que te disse: ‘Pega tua cama e anda’?” 13O homem que tinha sido curado não sabia quem fora, pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava naquele lugar. 14Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. 15Então o homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado. – Palavra da salvação.
O Evangelho da Missa nos mostra Jesus curando um paralítico que jazia junto do famoso tanque de Betesda, cujas águas, agitadas de tempos em tempos por um anjo, tinham por isso um poder curativo. O Senhor subira a Jerusalém para a celebração de uma festa dos judeus — crê-se, comumente, tratar-se da Páscoa — e, lá chegando, viu deitado perto de um dos alpendres que cingiam o reservatório um homem enfermo havia trinta e oito anos. O que nos causa certo espanto nesta cena é o fato de Cristo, diferentemente do seu proceder habitual, tomar Ele mesmo a iniciativa de curar aquele pobre doente. "Vendo-o deitado", escreve São João, "e sabendo que havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe: 'Queres ficar curado?'" Não lhe exigiu antes, como costumava fazer, um ato de fé. É o próprio Senhor quem se adianta ao doente, sem nem sequer provar-lhe a fé e a confiança. O que suscita ainda mais espanto é que, apesar de o paralítico não dizer que desejava ser curado, o Senhor simplesmente lhe ordena: "Levanta-te, toma o teu leito e anda."
Jesus parece como que eleger aquele donte. Entra na sua vida. Enriquece-o de uma graça extraordinária. E o paralítico sequer sabia quem é que o havia curado, "pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava naquele lugar". Assim age Deus, sumamente livre em sua onipotência, ao longo da história da Igreja, escolhendo quem lhe apraz, distribuindo suas graças como bem entende. Assim elegera São Paulo, de blasfemo, perseguidor e injurioso (cf. 1Tm 1, 13) a maior dos pregoeiros da Boa-nova; assim elegera São Francisco e Santo Inácio de Loyola; assim reveste de uma eleição especial aqueles que, aos nossos olhos, não dão sinais nem de conversão nem das obras que o Senhor deseja realizar por meio deles. Pois é Ele o Senhor da história, é Ele quem decide de que modo se hão de cumprir os seus majestosos desígnios.
Esse episódio da paralítico nos deve, pois, inspirar duas coisas. Primeiro, temos sempre de agradecer a Deus pelas grandes e maravilhosas vocações dadas para o bem e incremento do seu Corpo Místico, do qual nós, como membros singelos, temos a alegria e o privilégio de fazer parte. Louvemos a Deus nos seus santos, nos seus doutores, nos seus heróis! Sejam eles, eleitos do Altíssimo, modelos de amor e serviço à Igreja. Reconheçamos, por fim, que a nossa própria conversão nada é senão iniciativa de Deus. A nossa fé, o nosso Batismo, a graça de sermos católicos... — que é que merecemos disso tudo? Não foi Deus que, sem pedir a nossa permissão, entrou em nossas vidas e nos chamou para si? Não foi Ele quem, curando-nos sem o sabermos, veio tantas vezes dizer-nos: "Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior"? Agora que conhecemos quem nos curou, tomemos o nosso leito e o amemos de volta! Amemo-lo com um amor ardente, sem tibieza, com um amor de quem, enfim, descobriu Jesus!
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