quinta-feira, 16 de março de 2023

3ª Semana da Quaresma - O verdadeiro inimigo.

Evangelho do Dia: Quem não está comigo, está contra mim (Lc 11,15-26) –  Oratório São Luiz – 120 Anos

Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor: quando, em qualquer aflição, clamarem por mim, eu os ouvirei e serei seu Deus para sempre.

Ao longo da história da salvação, Deus nunca deixou faltar sua palavra ao povo; este, porém, nem sempre o acolheu, até a ponto de recusar o bem como se fosse um mal. De nossa parte, deixemo-nos embalar pelo incentivo do salmista: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz”.

Primeira Leitura: Jeremias 7,23-28

Leitura do livro do profeta Jeremias – Assim fala o Senhor: 23“Dei esta ordem ao povo, dizendo: Ouvi a minha voz, assim serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo; e segui adiante por todo o caminho que eu vos indicar para serdes felizes. 24Mas eles não ouviram e não prestaram atenção; ao contrário, seguindo as más inclinações do coração, andaram para trás e não para a frente, 25desde o dia em que seus pais saíram do Egito até o dia de hoje. A todos enviei meus servos, os profetas, e enviei-os cada dia, começando bem cedo; 26mas não ouviram e não prestaram atenção, ao contrário: obstinaram-se no erro, procedendo ainda pior que seus pais. 27Se falares todas essas coisas, eles não te escutarão e, se os chamares, não te darão resposta. 28Dirás, então: ‘Esta é a nação que não escutou a voz do Senhor, seu Deus, e não aceitou correção. Sua fé morreu, foi arrancada de sua boca'”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 94(95)

Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor: / Não fecheis os vossos corações.

1. Vinde, exultemos de alegria no Senhor, / aclamemos o rochedo que nos salva! / Ao seu encontro caminhemos com louvores, / e com cantos de alegria o celebremos! – R.

2. Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, / e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! / Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor, † e nós somos o seu povo e seu rebanho, / as ovelhas que conduz com sua mão. – R.

3. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: / “Não fecheis os corações como em Meriba, / como em Massa, no deserto, aquele dia † em que outrora vossos pais me provocaram, / apesar de terem visto as minhas obras”. – R.

Evangelho: Lucas 11,14-23

Jesus Cristo, sois bendito, / sois o ungido de Deus Pai!

Voltai ao Senhor, vosso Deus; / ele é bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 14Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. 15Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. 16Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu. 17Mas, conhecendo seus pensamentos, Jesus disse-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra. 18Ora, se até satanás está dividido contra si mesmo, como poderá sobreviver o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19Se é por meio de Belzebu que eu expulso demônios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. 20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus. 21Quando um homem forte e bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros. 22Mas, quando chega um homem mais forte do que ele, vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava e reparte o que roubou. 23Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo dispersa”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Jesus expulsa hoje um demônio que era mudo. Dentre as multidões que, admiradas, assistiam aos milagres do Mestre, alguns criam; outros duvidavam; muitos ainda, a fim de o tentarem, pediam-lhe um sinal do céu. O Evangelho deste dia nos coloca, assim, diante de um drama vivido por inúmeros homens e mulheres, sobretudo nestes tempos conturbados: a dificuldade de crer na bondade de Deus. Se bem considerado, este é um problema que se vem arrastando desde as origens do gênero humano. O Senhor criara Adão e Eva à sua imagem e semelhança; colocara-os num paraíso de delícias, cumulando-os de tudo quanto basta a uma vida boa e feliz; proibira-lhes, decerto, uma só coisa: que comessem da árvore "que está no meio do jardim" (Gn 3, 3). E no entanto, logo às primeiras investidas da serpente, puseram os nossos primeiros pais tudo a perder. Pareceu-lhes melhor dar ouvidos a Satanás, que só buscava daná-los, do que a Deus, de cujas mãos receberam todo o bem e toda a graça que possuíam.

Creram, com efeito, que era o Senhor o verdadeiro inimigo, e não a serpente embusteira, cuja língua bífida ia destilando no coração de Eva as mais blasfemas dúvidas a respeito das intenções do Altíssimo: "Oh, não!", disse o pai da mentira com estúpida teatralidade, "vós não morrereis! Mas Deus sabe que, no dia em que dele [do fruto proibido] comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal" (Gn 3, 4s). Como, afinal, pôde a primeira mulher descrer dAquele que, com toda familiaridade, descia à hora da brisa da tarde para passear no jardim e estar junto de sua nova família (cf. Gn 3, 8)? Como pôde suspeitar de quem lhe dera o ser e a vida para apegar-se, aliciada, às promessas absurdas do "mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha formado" (Gn 3, 1)? E como podemos nós, ainda hoje, duvidar dAquele que, amando-nos até o fim, deu por nós a própria vida?

Façamos nesta semana um pausado exame de consciência. Como anda a minha relação com Deus? Tenho-o tratado como a um amigo próximo e querido, ou, pelo contrário, o encaro como um "déspota desmancha-prazeres"? Obedeço ao Senhor e guardo a sua palavra por uma vontade sincera e verdadeira de o amar e agradar? Sou-lhe fiel por mero comodismo, ou por um desejo ardente de, qual filho obediente a um Pai tão amável, ser feliz com Ele na glória dos Céus? Paremos alguns minutos nos próximos dias e reflitamos sobre como nos temos relacionado com Aquele que, dando-nos a todo instante graças e bens incalculáveis, quer fazer-nos eternamente bem-aventurados. Peçamos, pois, o auxílio da Virgem Maria, Mãe do bom conselho. Ela, cuja fé foi sempre puríssima, certamente nos ajudará a confiar mais em Deus e a desconfiar mais de nós mesmo e dos nossos únicos e verdadeiros inimigos: o mundo, o diabo e a carne.

 

https://padrepauloricardo.org

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