Minha alma anseia, até desfalecer, pelos átrios do Senhor; meu coração e minha carne exultam pelo Deus vivo! (Sl 83,3)
A liturgia nos faz refletir sobre nosso batismo e suas implicações: as águas da salvação que nos purificam da “lepra” do pecado, a fé em Deus e em seu Filho, o auxílio da comunidade no caminho da conversão. Renovemos no coração nossos compromissos batismais.
Leitura do segundo livro dos Reis – Naqueles dias, 1Naamã, general do exército do rei da Síria, era um homem muito estimado e considerado pelo seu senhor, pois foi por meio dele que o Senhor concedeu a vitória aos arameus. Mas esse homem, valente guerreiro, era leproso. 2Ora, um bando de arameus que tinha saído da Síria tinha levado cativa uma moça do país de Israel. Ela ficou ao serviço da mulher de Naamã. 3Disse ela à sua senhora: “Ah, se meu senhor se apresentasse ao profeta que reside em Samaria, sem dúvida ele o livraria da lepra de que padece!” 4Naamã foi então informar o seu senhor: “Uma moça do país de Israel disse isto e isto”. 5Disse-lhe o rei de Aram: “Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel”. Naamã partiu, levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa. 6E entregou ao rei de Israel a carta, que dizia: “Quando receberes esta carta, saberás que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o cures de sua lepra”. 7O rei de Israel, tendo lido a carta, rasgou suas vestes e disse: “Sou Deus, porventura, que possa dar a morte e a vida, para que este me mande um homem para curá-lo da lepra? Vê-se bem que ele busca pretexto contra mim”. 8Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel havia rasgado as vestes, mandou dizer-lhe: “Por que rasgaste tuas vestes? Que ele venha a mim, para que saiba que há um profeta em Israel”. 9Então Naamã chegou com seus cavalos e carros e parou à porta da casa de Eliseu. 10Eliseu mandou um mensageiro para lhe dizer: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e tua carne será curada e ficarás limpo”. 11Naamã, irritado, foi-se embora, dizendo: “Eu pensava que ele sairia para me receber e que, de pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, e que tocaria com sua mão o lugar da lepra e me curaria. 12Será que os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores do que todas as águas de Israel, para eu me banhar nelas e ficar limpo?” Deu meia-volta e partiu indignado. 13Mas seus servos aproximaram-se dele e disseram-lhe: “Senhor, se o profeta te mandasse fazer uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais agora que ele te disse: ‘Lava-te e ficarás limpo'”. 14Então ele desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado. 15Em seguida, voltou com toda a sua comitiva para junto do homem de Deus. Ao chegar, apresentou-se diante dele e disse: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel!” – Palavra do Senhor.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: / e quando verei a face de Deus?
1. Assim como a corça suspira / pelas águas correntes, / suspira igualmente minha alma / por vós, ó meu Deus! – R.
2. A minha alma tem sede de Deus / e deseja o Deus vivo. / Quando terei a alegria de ver / a face de Deus? – R.
3. Enviai vossa luz, vossa verdade: / elas serão o meu guia; / que me levem ao vosso monte santo, / até a vossa morada! – R.
4. Então irei aos altares do Senhor, / Deus da minha alegria. / Vosso louvor cantarei, ao som da harpa, / meu Senhor e meu Deus! – R.
Jesus Cristo, sois bendito, / sois o ungido de Deus Pai!
No Senhor ponho a minha esperança, / espero em sua palavra. / Pois no Senhor se encontra toda graça / e copiosa redenção (Sl 129,5.7). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Jesus, vindo a Nazaré, disse ao povo na sinagoga: 24“Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. – Palavra da salvação.
Pode o coração humano chegar a tais extremos de dureza, que culpe a luz pela própria cegueira e a queira apagar para não sair da escuridão. É o que vemos no Evangelho de hoje. Está Cristo na sinagoga de Nazaré e, como ato inaugural de seu ministério, proclama-se Messias e adverte que os de sua terra, só por essa qualidade, não hão de O reconhecer: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. E o que nota o evangelista é que todos, ainda que se admirassem destas palavras de graça (cf. Lc 4, 22), ficaram a tal ponto furiosos, que, deixando seus lugares na sinagoga, se apressaram a lançar Cristo fora da cidade e precipitá-lO do monte sobre o qual estava construída. Mas como é possível que, no espaço de poucos minutos, passem os judeus de um a outro extremo, do testemunho e admiração à indignação e homicídio? Porque se deslumbraram com a luz que viram em Cristo, mas não suportaram reconhecer que até então não a tinham visto: “Não é este o filho de José?” (Lc 4, 22). Pesou-lhes mais a dor de verem que eram cegos do que a alegria de verem os primeiros raios de Jesus. E porque lhes passara despercebida a divindade dEle, oculta em seus fulgores à sombra de uma vida de carpinteiro, por isso a não quiseram reconhecer depois nem nas palavras de graça nem nos milagres de corpo. Eis por que, ao lado dessa incredulidade tão culpável, que se recusa a crer mesmo depois de ver só por não ter visto como queria, é de admirar ainda mais a fé de S. José. Pois se havia alguém que, com alguma razão, se poderia escandalizar da divindade de Nosso Senhor, era o santo Patriarca. Com efeito, não viu ele milagres nem ouviu pregações ou profecias, e no entanto acolheu como pai o Filho unigênito e, com assombro seu e de toda a criação, se dispôs a ensinar à Sabedoria eterna os rudimentos das letras e um ofício tão humilde como o da carpintaria. Que motivo, pois, poderiam alegar os de Nazaré para rejeitaram a Jesus Cristo como Deus, se O adorou e serviu como tal aquele que viu infante o Verbo divino, pegou nos braços o Imenso, aqueceu e protegeu o Impassível, sem nenhum dos numerosíssimos sinais que Ele mesmo nos prodigalizou, como motivos certíssimos de credibilidade, para aceitarmos sua palavra: “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc 4, 18)? Que esta fé de S. José, que tanto creu sem ter nada visto, e mesmo sem ver teve os olhos mais iluminados, seja modelo para a nossa e uma razão mais para termos ao glorioso Patriarca, depois da Virgem SS., como o santo mais necessário, a devoção mais útil e a companhia mais doce que esperamos gozar no céu.
https://padrepauloricardo.org
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