segunda-feira, 6 de julho de 2020

O Sangue do Senhor.

O poder do Sangue de Cristo

Foi pelo Seu preciosíssimo Sangue derramado na cruz redentora que cada um de nós, batizados, foi salvo da morte eterna e da corrupção do pecado. Que mistério insondável! Mas não há como fugirmos dele para conseguirmos a graça da salvação. Infelizmente pouco se fala sobre este “mistério da fé” em nossas igrejas e reuniões; e, no entanto, sem ele toda a nossa fé se esvazia.

O mistério do Sangue do Senhor, derramado por você e por mim, é o mistério insondável do infinito amor de Deus por nós. O próprio Senhor no-lo revelou quando disse a Nicodemos: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Ninguém será autenticamente cristão enquanto não perceber esse amor de Deus e não responder a ele com grande fidelidade. Dizia São João da Cruz que “amor só com amor se paga”.

A oblação do Sangue vertido na cruz por Jesus, vítima de expiação por nossos pecados, é a prova da vida do Senhor oferecida por nós.
São Paulo disse: “Cristo adquiriu-nos com Seu Sangue uma redenção eterna” (citação livre de Hb 9,11-12); destruiu pela sua morte “aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio” (Hb 2,14b); “entregou-se por nós, para nos remir de toda iniqüidade e purificou para Si um povo” (citação livre de Tt 2,14). O apóstolo não se cansou de repetir esta verdade essencial e central de sua pregação: “Ele nos arrancou do poder das trevas e nos introduziu no reino de seu Filho muito amado” (Cl 1,13); “[Ele] me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20c).
Enquanto não sentirmos profundamente esta verdade – “Ele me amou e se entregou por mim” -, nossa vida cristã não poderá chegar à perfeição querida por Deus. É a contemplação desse amor por mim e desse sangue derramado por mim que produz em nós toda a propulsão da vida espiritual. Nenhum santo chegou à santidade sem a profunda contemplação e adoração da cruz e do Crucificado. Todos, sem exceção, encontraram aí toda a razão e a força da sua caminhada.

É o Sangue de Cristo que salva!
“Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36b).
Ele próprio deixava claro que o mundo não seria salvo por Seus milagres, mas por Sua morte. É um mistério que devemos aceitar com grande amor  e reverência. Dizia aos discípulos: “É necessário que o Filho do Homem padeça muito, seja rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas e seja morto, mas ressuscitará depois de três dias” (citação livre de Mc 8,31). E, quando Pedro O repreendeu, Ele lhe disse: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8,33b).

Cristo nasceu para morrer! Sabia disso, e nada podia impedi-lO de derramar Seu Sangue por nós. Na ceia, Ele declarou: “Isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados” (Mt 26,28).
É esse Sangue que salva e purifica cada um de nós. Já que ele foi derramado por nós, temos de invocá-lo constantemente para nos livrar de todos os males do corpo e da alma.
O apóstolo São João, segundo o Apocalipse, viu aquela grande multidão, e lhe foi dito: “Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14b). Só o Sangue bendito desse Cordeiro imaculado pode nos purificar de todo o mal. Ainda não nos apropriamos devidamente desta grande graça: o Sangue do Senhor derramado por nós. Ainda não aprendemos a invocá-lo nas horas de tribulação, de dor, de angústia…

É preciso fazermos como os santos faziam: invocar este Sangue redentor e deixá-lo lavar a alma e a consciência, para podermos viver segundo a justiça de Deus.
“Por este Sangue”, disse São Paulo, “Jesus entrou no céu para agora apresentar-se a nosso favor ante a face de Deus” (citação livre de Hb 9,24); e, cheio de esperança, afirmou: “temos ampla confiança de poder entrar no santuário eterno, em virtude do sangue de Jesus” (Hb 10,19). Por isso: “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno” (Hb 4,16).
Precisamos olhar constantemente para a cruz do Gólgota e implorar que o Sangue sacrossanto do Cordeiro nos liberte de todo o mal e nos dê a Sua vida.


Prof. Felipe Aquino

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